Renault descarta Lodgy e perua do Logan no Brasil
O fim da station wagon Renault Grand Tour, no ano passado, não provocou a comoção que merecia. Bom carro, feito sobre plataforma confiável, mas superada (do sedã Mégane, também falecido), terminou sua carreira no Brasil oferecendo estilo ainda atual, um pacote interessante de equipamentos e um preço razoável -- e vendendo até bem. Mas a marca francesa tem outros planos para o Brasil, traçados sobre plataforma mais versátil, modesta e barata, matriz de Logan, Sandero e Duster. Como, então, substituir a perua do Mégane num país de Dacia?
A resposta óbvia teria sido dada neste Salão de Genebra, onde foi apresentada a renovada station baseada no Logan, sedã que é o pai de todos os filhotes da fabricante romena Dacia. A subsidiária da Renault é marca low cost autônoma na Europa, mas no Brasil ganha o emblema da francesa.
Com quiase 4,5 metros e porta-malas capaz de levar mais de 1.500 litros de bagagem com rebatimento do banco traseiro, a perua Logan MCV (sigla em inglês para "veículo de máxima capacidade") tem porte semelhante ao da extinta Grand Tour. Como a plataforma é a mesma dos demais carros fabricados no Brasil, a probabilidade de ela ser feita em nosso país parece alta. Mas UOL Carros apurou uma história diferente.
Nos bastidores da Renault, a informação é de que neste ano não haverá nenhum lançamento de modelo inédito no Brasil -- não contam aqui, claro, séries especiais e renovações dos produtos já existentes.
Na verdade, o lançamento de uma station no Brasil não estaria no radar nem para os próximos dois anos. "Não há demanda para justificar isso", disse nossa fonte. Que, aliás, cuidou de espantar de vez a especulação de que a minivan Lodgy, também da Dacia e oferecida na Europa com cinco ou sete lugares, tenha chances de ser produzida e vendida no Brasil: "Não vem, de jeito nenhum". Os órfãos da Scénic, pelo jeito, continuarão órfãos (caso os haja).
TEM DE VENDER BEM
A questão é essencialmente matemática. A Renault investe em modelos de volume relativamente alto. Não existem "carros de imagem" em sua gama: mesmo o Fluence, que jamais engrenou nas vendas, deveria estar brigando pelo pódio entre os sedãs médios -- o que significaria, pelo menos, 4.000 unidades por mês.
Até o final de fevereiro, e segundo dados da Fenabrave (associação dos concessionários), apenas o Sandero exibia desempenho compatível com a proposta da Renault, e ainda assim num frágil 13º lugar geral entre automóveis e utilitários leves.
A assessoria da fabricante afirma que tal desempenho está abaixo do normal, e se deve unicamente ao fechamento da linha de produção durante oito semanas para uma reforma geral na fábrica de Santo José dos Pinhais (PR) (a unidade voltou a operar em fevereiro). Nesse contexto, lançar uma perua seria um gasto de energia tremendo, e para chegar a quê? Pouco mais de mil unidades emplacadas por mês, como vendia a Grand Tour em seus bons meses de 2012?
É pouco. Melhor investir na reforma da gama atual, iniciada por um tapa na cara do Clio e que deve continuar com as novas gerações de Logan e Sandero. Estas estrearam no Salão de Paris 2012 e, inicialmente previstas para chegar a nosso país em 2014, podem ser adiantadas para conter a sangria de vendas e o voraz apetite da Hyundai pelo 5º lugar no ranking das montadoras. A principal dúvida que resta é o que será (ou seria) feito no Brasil do SUV compacto Captur, baseado no Clio IV e mais sofisticado que o Duster.
O jornalista viajou a Genebra convite da Fiat
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