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Chineses evoluem, mas ainda clonam carros dos outros

Hawtai Boliger é um SUV que imita a geração anterior do Cayenne; até o "S" da versão esportiva está lá - Divulgação
Hawtai Boliger é um SUV que imita a geração anterior do Cayenne; até o "S" da versão esportiva está lá Imagem: Divulgação

André Deliberato

Do UOL, em Xangai (China)

26/04/2013 16h23

A indústria automotiva chinesa vai aos poucos deixando de ser uma piada, mas ainda há muitos modelos que são cópias descaradas de outros de marcas ocidentais. Uma boa olhada nos estandes do Salão de Xangai comprova isso. Qual a razão?

Alguns chineses defendem a tese de que o ato de copiar significa "homenagear" algo bom que já existe -- isso não acontece só com carros, mas com vários tipos de produtos, como tênis, camisas, bolsas etc. Outros se fazem de desentendidos e simplesmente negam que a semelhança entre os modelos seja proposital. Isso, apesar de alguns clones já terem sido alvos de processos (como o Lifan 320, cópia descarada do Mini Cooper). 

Já representantes locais das fabricantes de veículos preferem dizer algo parecido com a máxima "Em time que está ganhando não se mexe". Traduzindo para a linguagem dos automóveis, isso significa: "Por que vou investir em design automotivo se posso imitar carros que já fazem sucesso?" É o bom e velho "Nada se cria, tudo se copia", de Chacrinha, transplantado do mundo da TV para os carros...

Vale lembrar também que a indústria automotiva chinesa não tem tradição. Algumas das montadoras mais importantes passaram por transição industrial no final do século passado ou mesmo no começo deste -- dezenas de décadas depois das empresas ocidentais. Geely e BYD são exemplos: a primeira fabricava geladeiras, a segunda, baterias. 

O número de carros-clone chega a confundir os jornalistas estrangeiros que cobrem o Salão de Xangai. Muitos são modelos chineses, voltados ao mercado local, que usam nome de carro alemão (geralmente misturando letras e números) e frente de coreano ou americano. Mas é natural que, à medida que amadureçam, as montadoras passem a investir também em estilo. JAC e Chery, por exemplo, terceirizam esse trabalho para estúdios europeus.

QUEM?
Xangai também mostra uma pujança de fabricantes locais praticamente desconhecidas fora da China. Você já ouviu falar de Baojun, Emgrand, Englon, SouEast, Zinoro e Zotye, por exemplo?

Então: Baojun é uma marca de baixo custo exclusiva da China, nascida de uma aliança entre a SAIC e a General Motors. Ela produz apenas um sedã, o 630, desde 2010. Emgrand é uma submarca da poderosa Geely (dona da Volvo) que faz dois sedãs médios e um SUV desde 2009. A Englon é outro filhote da Geely.

SouEast é uma empresa que nasceu de uma fusão entre China Motor Corporation, Fujian Motor Industry e Mitsubishi, e que fabrica pequenos ônibus e modelos da japonesa para a China. Zotye é uma empresa autônoma fundada em 2005 que fabrica alguns veículos específicos para o mercado local, entre eles um hatch idêntico à primeira geração do Fiat Palio e um SUV que é a cara do Suzuki Vitara/Chevrolet Tracker.

Todas essas marcas não têm planos de operar fora da China. Ao menos por enquanto.

UOL Carros visita o Salão de Xangai a convite da Chery