Kia mira sucesso do EcoSport com Niro e fala em melhorar qualidade
"Casa" lotada, anfitrião preparado, só faltava a entrada triunfal do convidado especial, que teimou em pisar na bola. Ou, no caso, não se movimentar. Assim foi a apresentação do conceito de SUV compacto Kia Niro no Salão de Frankfurt 2013. A pouco mais de um quilômetro de distância do escritório alemão da marca coreana, o estande cheio de jornalistas, convidados, executivos europeus e asiáticos ficou silencioso quando o designer-estrela e presidente da empresa, Peter Schreyer, teve de chamar a entrada do modelo por mais de uma vez.
Falha técnica ou humana, fato é que o suvinho teve de ser empurrado até sua plataforma giratória, um passo não muito auspicioso para uma montadora que promete entregar quase 2,8 milhões de carros este ano em todo o planeta e quer, até 2016, ter participação significativa num dos segmentos que mais promete crescer nos mercados desenvolvidos: o de utilitários esportivos compactos, modelos urbanos que flertam com a aventura e custam relativamente pouco. Nada mais é que a descoberta pelo europeu de um segmento bastante conhecido do brasileiro, onde EcoSport e Duster são reis.
De toda forma, a participação da Kia neste nicho não está garantida. Além de conceitual, o protótipo Niro é um estudo e servirá de "clínica" no salão: a reação do público a suas formas será avaliada pela montadora. Se for muito positiva, o SUV compacto ganha sinal verde para viver.
Schreyer, de toda forma, se mostrou confiante: "Acho que criamos um ícone para o futuro e podemos fazer sucesso, sim, no segmento B [de compactos]", afirmou a UOL Carros.
COMO ELE É
Montado sobre a plataforma do Kia Rio, um compacto similar ao New Fiesta, o Niro tem medidas bem próximas às do EcoSport são 4,18 metros de comprimento por 1,55 m de altura e 2,59 m de entre-eixos. Graças às rodas colocadas bem nos extremos da carroceria, herança da escola alemã, o Niro é mais espaçoso que o modelo da Ford, embora seja menor e mais baixo.
É complicado analisar seu estilo, porém: a cabine do conceito é espartana em termos de ocupação, mas a qualidade de materiais é superior mesmo na comparação com o luxuoso Mercedes GLA, outro modelo compacto mostrado nesta feira automotiva e que promete chegar em breve ao Brasil.
A motorização é interessante, com ou sem ressalvas. O conceito é híbrido: tem um motor elétrico de 45 cavalos no eixo traseiro que serve de booster para o motor principal, a gasolina, de 1,6 litro, turbo e injeção direta que move o eixo dianteiro com auxílio do câmbio automatizado de dupla embreagem. Somados, entregam 160 cavalos de potência. No mundo real, basta este motor a combustão para termos consumo baixo e desempenho de sobra.
Quer dizer, se tudo funcionar.
DERRAPADA
Peter Schreyer (à esquerda), designer-chefe e presidente da Kia Motors, dá sorriso amarelo ao lado de Tae Hyun Oh, vice-presidente. Niro teve falha durante apresentam em Frankfurt; ainda assim, executivo foi confiante: "Criamos um ícone para o futuro".
REFORÇO NA ESTRUTURA
A Kia sabe que seu grande desafio do momento é aumentar a qualidade de seus modelos, uma vez que a marca é reconhecida em todo mundo pela ousadia visual e pelo portfólio bastante recheado.
Após enfrentar abalos na confiabilidade na Europa e Estados Unidos, por escândalos de fraudes em testes de emissões e também falhas de segurança nos últimos meses, a marca tenta melhorar sua avaliação por parte do consumidor aumentando o período de garantia total para sete anos.
"Crescemos tão rápido e com tanta força que acabamos ficando grande demais para nossa base", admitiu Michael Choo, diretor de comunicação da marca, que também conversou com UOL Carros. "Precisamos nos reestruturar mantendo a qualidade para seguirmos crescendo contra competidores que também se reforçaram", afirmou.
DE OLHO NO BRIC
Com a casa arrumada e novos produtos, será a vez de manter a força nos países desenvolvidos, mas também de ganhar participação nos mercados emergentes. Choo confirma que a Kia tem planos ambiciosos para China, onde vai entregar duas fábricas em 2014, Índia, Rússia e, claro, Brasil.
Questionado sobre a chegada de uma versão de produção do Niro no Brasil ou até mesmo sobre sua fabricação em uma unidade local no futuro, o executivo admitiu que a ideia de ter uma fábrica no Brasil -- estratégia garantida judicialmente pelo STF brasileiro -- é mais do que interessante. Mas se manteve cauteloso: "A decisão acabou de sair, estamos contentes, mas os planos ainda precisam ser amadurecidos, o mercado brasileiro tem suas nuances, e vai além da simples preferência por modelos compactos", concluiu.
Viagem a convite da Anfavea
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