Fiat Strada Adventure abraça perfil urbano com 3ª porta
UOL Carros já havia analisado a linha 2014 da picapinha Strada -- e sua "inovadora" terceira porta -- com a configuração Working, primeiro nível dentro da gama, versão a receber o grosso das novidades e também a principal opção do comprador habitual de picapes, o frotista. Seria injusto, porém, não falar um pouco da Strada Adventure, espécie de porta-bandeiras da família.
Desde o lançamento em 2001, esta é a versão escolhida para apresentar as novidades da linha Strada: diferencial blocante (Locker) em 2008; a cabine dupla em 2009; e o câmbio automatizado (Dualogic) em 2011, transformado em Dualogic Plus em 2012. Desta vez, a estreia da terceira porta, apenas na configuração cabine dupla foi racionalizada e pulverizada: Working, Trekking e Adventure podem ter o acesso faciltado ao banco traseiro.
Ainda assim, cabe à mais cara e fantasiada das três aparecer na propaganda -- que é chata, muito chata, mas cola no ouvido -- e ficar famosa.
Não viu, nem ouviu? Sorte sua
Não vem desta temporada a paródia ao hit "María", do ex-menudo Ricky Martín, usada pela Fiat como tema da Strada. Mas desta vez o jingle está ainda mais chato e "chicletinho". E UOL Carros sabe do que fala: tivemos de ver e ouvir este comercial três vezes durante a apresentação do novo modelo, feita na Bahia, em outubro.
Não satisfeita, a Fiat ainda fez uma "pegadinha" ao enviar a Strada Adventure de teste com um CD no slot recheado: três repetições da música em sequência... depois dessa, a paciência ficou pequena a ponto de caber no porta-luvas.
Propagandas ruins à parte, a criatividade dos engenheiros da Fiat pode até ser criticada em rodinhas de bar, mas funciona. A Strada estraçalha a concorrência em vendas com uma premissa bem interessante: nenhum dos diferentes pacotes pode vender muito individualmente, mas sempre haverá algo que o comprador procura e, no fim das contas, o que importa é não perder venda.
Como já deixamos claro, a terceira porta facilita o acesso sem resolver a questão do espaço apertado no banco traseiro da cabine dupla, seja na versão Working, seja agora na Adventure. Mas esta não é a questão: se alguém precisar levar algum passageiro extra durante algum tempo, além de carga suficiente para ocupar uma caçamba, fará sua escolha pelo modelo da Fiat, não pela Volkswagen Saveiro ou pela Chevrolet Montana.
De toda forma, duas coisas ficam claro ao olhar para a nova Adventure e comparar com a Working: o excesso de plástico também cansou, como o hitzinho do comercial. E a onda aventureira pode estar perdendo força. Basta verificar a estratégia de pacotes. Se antes o bloqueio eletrônico do diferencial Locker nomeava uma versão, assim como o câmbio automatizado Dualogic, agora ambos perderam em importância e são apenas itens opcionais -- o primeiro custa R$ 1.562, e o último, R$ 2.650.
O mesmo pode ser dito dos adereços... "off-road". Estribos e excessos de luzes estão no pacote principal, mas tudo o que importa faz parte de kits: de "conveniência" (a ponto do nome ser este mesmo, em inglês, sendo que o Convenience 2 dotou a picape testada de capota marítima, rádio multifunções com Bluetooth para celular, retrovisor elétrico e volante com couro e teclas operacionais) ou de tecnologia (o High Tech custa R$ 735 e inclui sensores crepuscular e de chuva, além do retrovisor interno anti-ofuscante). Repare que nenhum pacote adiciona características "mateiras", pelo contrário: por R$ 200 extras é possível trocar os pneus mistos das rodas aro 16 por compostos de uso apenas urbano -- e saiba que foi calçada assim que a picapinha chegou à nossa redação.
É fato, passou o tempo em que se acreditava na históriazinha de encarar bem uma trilha de leve com este tipo de veículo - a Strada com Locker mal encara um barrancozinho úmido, você sabe, seria preciso apelar à marcha ré, mais forte, e olhe lá. Mas pode dar muito bem conta de levar a turma, junto com a bagunça toda, para um churrasco em outro condomínio. Só não queira manobrar na vaga apertada, sobretudo de ré: se a Fiat espichou e elevou a caçamba por um lado, por outro acabou esquecendo de ampliar o retrovisor (acreditamos até que a peça possa ter encolhido) e o resultado é que fica impossível enxergar o que se passa atrás da picape, que também não tem sensor de ré.
De toda forma, ela é uma boa opção de multifuncionalidade em ambiente urbano. Se você, claro, não se preocupar com o consumo de 6 km/l de etanol, nem com o preço um tanto salgado, que começa em R$ 54.360, sobe R$ 1.045 se quiser uma cor metálica como a fotografada (cinza Tellurium) e vai a absurdos R$ 64.848 com todos os itens opcionais. A conta inclui o Dualogic Plus e seus trancos sem fim -- sim, ele foi reprogramado, não, nada mudou em seu funcionamento ruim, a ponto de manobristas profissionais sofrerem para tirarem do lugar --, mas no fim recomendamos: prefira o câmbio manual.
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