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Mercedes-Benz CLA, R$ 150.500, é belo e será melhor com preço menor

Eugênio Augusto Brito

Do UOL, em Itatiba (SP)

23/01/2014 14h05

A Mercedes-Benz do Brasil apresentou finalmente na quarta-feira (22) seu mais novo carro para o país, o sedã-cupê médio-compacto CLA, terceiro integrante de sua menor família -- antes vieram o hatch Classe A e o monovolume Classe B. Com alta demanda global, sobretudo nos Estados Unidos, e uma única fábrica (em Kecskemet, Hungria) para abastecer a todos, a empresa decidiu trazer um lote menor neste começo de ciclo a preço maior, como forma de satisfazer a quem gosta de ter a novidade, sem criar filas: o preço é de R$ 150.500 (já com o IPI maior de janeiro) pela série chamada First Edition (primeira edição), mas paga quem quer.

Repare que o preço é maior que o anunciado inicialmente pela própria Mercedes. As primeiras unidades vendidas no Brasil, no comecinho de janeiro, tinham valor oficial de R$ 147.500, ainda que algumas lojas praticassem ágio, segundo UOL Carros apurou. A nova etiqueta se deve, segundo a empresa, ao repasse do IPI, que mudou a conta em 2% (a conta correta chega a R$ 150.450, com pequeno arredondamento).

Por dentro do CLA

  • Murilo Góes/UOL

    Interior do CLA é típico da geração compacta da marca: não espere por muito espaço nos bancos dianteiros; atrás, dois passageiros viajam bem por conta do bom entre-eixos de 2,69 metros, tomando cuidado para não bater a cabeça ao entrar.

    O revestimento é muito bem executado, mas não chega a ser um primor como se percebe a partir do Classe E -- e como será no novo Classe C.

    O ambiente é "clean" por conta da retirada das alavancas de câmbio e freio do console central -- ambas estão escondidas em pontos atrás e abaixo do volante. Segue complicado usar o Command Online, com seus comandos confusos -- e muito leitores de UOL Carros já disseram não gostar da tela "flutuante".

    Esta edição First Edition tem bons itens de tecnologia e aparência no pacote, mas os bancos tem a parte interna de tecido (que lembra o xadrez do Golf GTI que não vem ao Brasil), os ajustes são todos manuais e não há sensor de estacionamento ou câmera de ré -- a Mercedes explica que estes dois itens só chegam no pacote oficial junto com o auxiliar de estacionamento automático e que isso deixaria o preço ainda mais salgado, mas que é possível negociar um kit acessório na concessionária (só com o sensor) por R$ 500.

EFEITO PLAYSTATION
Por que pagar mais antes, por um carro mais fraco, ainda que bem equipado? É o efeito "PlayStation 4", o videogame de R$ 4 mil: a fabricante tem, não pode esconder (por razões óbvias de mercado) e vende mais caro apenas para aplacar a sede do consumidor ávido por novidades.

Com o CLA na praça, porém, a Mercedes afirma ter expectativa de entregar 1.400 unidades até o final do ano. Nem todas, porém, serão da First Edition. A marca não revela detalhes, mas afirma que terá, em algum momento:

- configurações com o mesmo motor, mas menor nível de equipamentos.
- e configurações com motor mais forte e tão reforçadas quanto em equipamentos. UOL Carros dá como certa a chegada, a tempo médio, das configurações A250 (com motor 2.0 turbo e 211 cv) e da esportiva A 45 AMG (o mesmo 2.0 turbo reforçado para gerar 360 cv).

Acredite: seja com menor nível de equipamentos ou outra solução, o preço tende a cair no futuro. Quem gostou, mas não precisar ou não quiser comprar agora, poderá fazer um negócio melhor em alguns meses. 

PRIMEIRA LEVA
Por este valor atual, leva-se o carro mais bonito e aerodinâmico da marca e um pacote de itens que podem ser oferecidos apenas como opcional num futuro próximo, segundo a Mercedes.

Assim, o CLA 200 First Edition brasileiro entrega: faróis com LEDs e facho bi-xenônio, grade dianteira diamante na cor preta, rodas de 18 polegadas, saída dupla de escape integrada a spoiler (tudo cromado), moldura de painel "silver wave" (imitação de metal com visual ondulado, mas textura de plástico), ar-condicionado de zona única, analógico e sem qualquer regulagem automática, acabamento interno escuro, sistema multimídia Command Online com tela de sete polegadas, teto solar panorâmico, controle de cruzeiro e pacotes de luzes interno com 17 pontos, entre outros.

Na segurança, sete airbags e freios com praticamente todas as letras do alfabeto: controles ABS (antitravamento), EBD (distribuição eletrônica), ASR (tração no momento da aceleração), ETS (divisão de tração pelas rodas), BAS (reforço emergencial de frenagem), HSA (assistência de frenagem em rampas), priming (prontidão dos freios com leve pressão sobre o pedal), drying (secagem automática dos discos em dias de chuva) e hold (freio automático, após carga sobre o pedal) e attention assist (medição de fadiga do motorista).

O motor, porém, é o mais fraco a ser disponibilizado ao Brasil (na Europa, há opções menores): 1,6 litro a gasolina, com turbo, injeção direta de combustível, 156 cavalos de potência e 25,5 kgfm de torque. Já conhecido do Classe A, Classe B e do Classe C mais barato, o propulsor também chega acoplado à caixa automatizada de dupla embreagem e sete marchas.

AUDI OFUSCA MERCEDES COM A3 SEDAN

  • Divulgação

    A Audi do Brasil usou uma bela estratégia para eclipsar a rival Mercedes-Benz e seu CLA ao trazer as primeiras unidades de seu sedã médio-compacto A3 Sedan não com preço mais alto, como praxe no Brasil, mas com preço menor. Os primeiros compradores do A3 Sedan pagarão R$ 116.400 -- valor garantido pela marca até o dia 28 de fevereiro.

    A briga será boa e o vencedor é sempre o consumidor antenado.

QUASE PERUA

  • Divulgação

    Qual será o último integrante da família compacta? "Tivemos o multifuncional Classe B; depois um hatch clássico com o novo Classe A; um sedã com perfil de cupê e tocada esportiva, herdeiro de formas do CLS, que é o CLA e, por fim, um modelo mais urbano, mas de porte, o GLA", enumerou Carsten Oder, vice-presidente mundial para marketing de produtos da Mercedes, em entrevista a UOL Carros durante o Salão de Detroit.

    "Fica fácil saber o que falta na equação: um veículo que ofereça mais espaço para a família, que tenha um bom porta-malas e que não perca essa característica jovem, esportiva", afirmou.

    Alguns tipos de veículos cabem nesta definição e você pode citar qualquer um... exceto perua. "Eu não usaria o termo perua [station wagon]. Soa antiquado, um carro com porta-malas grande, mas que não oferece mais conforto para a família necessariamente, nem tem um aspecto jovial", renegou o executivo. "Os ingleses adoram o termo Shooting Brake e o usamos com o CLS".

    Faz sentido, ainda que seja puro marketing: se o CLA é um mini-CLS, uma nova variação será um mini-Shooting Brake. Mas, cá entre nós, pode chamar de perua. (EAB)

PRIMEIRAS IMPRESSÕES
Ainda que derivado do Classe A, o CLA tem pouco a ver com o hatch externamente, sendo mais inspirado no cupê de quatro portas CLS. Classudo e ao mesmo tempo arrojado, chama atenção e torce pescoços facilmente por onde passa. A frente usa o estilo aeronáutico (estrela e friso metálico se assemelham a uma hélice, típico dos pacotes mais esportivos da marca) e grade do tipo diamante; o conjunto óptico é mais alongado e recortado que o do hatch; no capô, há quatro vincos herdados dos sedãs com preparação da AMG (neles, é para abrigar os grandes motores, neste, estilo) e outros três na lateral, para conferir alguma robustez e reforçar a aerodinâmica (junto a outras alterações de carroceria, como o assolho totalmente coberto) -- o coeficiente é 0,23, o melhor de todos os carros da Mercedes.

Em movimento, este menor arrasto significa que o motorista perceberá menos ruídos causados pela turbulência. Além disso, o CLA se movimenta mais fácil por "bater" menos contra o ar: a 120 km/h em pista plana, experimente tirar o pé do acelerador e marque o tempo necessário até que o carro perca velocidade e, depois, até que você tenha de voltar a acelerar. O longo intervalo é sinal de que você pode acelerar o mesmo que em outros carros abusando menos do pedal -- e, portanto, consumindo menos combustível.

O acerto entre motor e câmbio também faz com que o CLA rode sempre abaixo dos 2 mil giros até os citados 120 km/h e dentro dos modos normal ou econômico de condução. No modo esporte, o câmbio automatizado sempre reduz uma ou duas marchas e amplia os giros para ter melhor desempenho -- neste caso, a "gritaria" é inevitável, já que temos um 1.6 atuando, ainda que com alívio do turbo. No fim das contas, o resultado é favorável ao consumo: mesmo abusando um pouco da dinâmica esporte, conseguimos média de 13 km/l em trajeto de 380 quilômetros (80% em ciclo rodoviário).

A experiência geral é boa e o perfil do carro agrada... se desconsiderarmos que a versão testada custa R$ 150 mil. A falta de alguns itens (sensores de chuva e estacionamento, aceleração autônoma, estacionamento autônomo etc) e a performance, no entanto, entregam que o patamar aqui é de boas dezenas de milhares de reais a menos.

Por dentro do CLA

  • Murilo Góes/UOL

    Tampa do porta-malas arqueada e com spoiler "natural", lanternas e para-choque pouco salientes em relação à carroceria mostram racionalidade aerodinâmica convertida em estilo