Novo Mini Cooper é mais carro e menos "cult"; no Brasil, será flex
A BMW convidou jornalistas do mundo todo para o lançamento mundial da nova geração do Mini Cooper, na última semana, em Porto Rico, território dos Estados Unidos no Caribe. Em praias e estradas que lembram muito as encontradas aqui no Brasil -- as primeiras pela beleza, as últimas pelo asfalto maltratado e trajeto recortado --, a empresa frisou que o carro mudou muito, apesar de parecer que não.
O novo Mini segue sendo fabricado em Cowley, Oxford (Inglaterra), agora sobre novíssima plataforma do grupo BMW, que dará origem à reformulação do restante da família Cooper -- caso das configurações Roadster (cupê-conversível) e Countryman (crossover) -- e também a inéditos modelos de tração dianteira da própria BMW. Ele já pode ser encomendado no Reino Unido e em países da Europa continental, onde ficou mais caro. No Brasil, a previsão é que chegue a partir de julho -- os preços em real seguem indefinidos, diz a empresa.
Agora, a BMW dotou o novo Mini de toda tecnologia e conforto disponíveis em seu arsenal -- veja aqui a ficha técnica do carro. Também desenvolveu, sozinha, novos motores: há um três-cilindros para o Cooper que nada tem de "motorzinho" -- com 1,5 litro, gera 138 cavalos e mais de 22 kgfm de torque. No esportivo Cooper S, o quatro-cilindros 2.0 rende mais que o motor do BMW Série 3 -- são 194 cv e 27,5 kgfm. Ambos usam sobrealimentação por turbo, injeção direta de combustível e controle variável de válvulas em todo o ciclo e já estão sendo adaptados para beber gasolina e também etanol no Brasil. O Mini perdeu o jeitão duro e agora trata ocupantes com conforto, mesmo no modo Sport. Deixa até que o motorista acompanhe o Facebook enquanto guia, veja só que tecnológico.
Veja abaixo o que mudou no jeito de ser do Mini:
Para (quase) todos
Sir Alec Issigonis (na foto acima) teve a ideia de criar o primeiro Cooper nos anos 1950, durante crise petrolífera e necessidade crescente por modelos pequenos, simples de se construir e baratos -- o primeiro Mini custava 500 libras, menos de R$ 2 mil atuais.
Com engenharia totalmente alemã, o novo Cooper -- na foto abaixo com o primeiro-ministro britânico David Cameron (à esquerda) e o chefão da marca, Peter Schwarzenbauer -- traz conforto e tecnologia para vender muito e a todo tipo de público.O objetivo dos alemães que comandam a divisão Mini é claro: os US$ 2,5 bilhões (cerca de R$ 6 bilhões) que foram e ainda serão investidos na evolução da linha têm de gerar vendas fortes nos Estados Unidos, China, Europa e -- por que não? -- no Brasil.
SEM APERTO
Quem se ligava em TV e carros na década de 1990 deve ter dado boas risadas com a sátira britânica de Rowan Atkinson e seu personagem Mr. Bean aos costumes ingleses. Ver Bean se rebelar contra o espaço de "caixa de sapatos" do Mini clássico era sempre hilário. Se apertar de verdade nele ou no Mini de 2001, não.
O novo Mini está maior, principalmente em espaço interno: com 3,82 m de comprimento ainda é menor que um Volkswagen Gol ou mesmo um Audi A1, mas seus 2,49 m de entre-eixos deixam estes dois modelos pequenos. Agora cabem quatro adultos dentro, contanto que apenas dois tenham mais de 1,80 m. O porta-malas também cresceu, de 51 para 211 litros.Mas espaço e jeito premium encarecem: se o atual parte de 11.870 libras no Reino Unido, o novo custa 15.300 para a versão Cooper e 18.650 para o Cooper S -- algo entre R$ 60.915 e R$ 74.250 pelo câmbio atual. No Brasil, a linha atual começa em R$ 77.350 e também deve encarecer com o novo modelo.
DIFERENTE E BOM
Quando ressuscitou em 2001, o Mini tinha rótulo "cult", ar retrô e fôlego para brigar com modelos como Volkswagen New Beetle, Chrysler PT Cruiser, inicialmente, e depois Fiat 500, Citröen DS3 e o novo Fusca. A "vantagem" vinha do motor mais forte, feito em parceria com a francesa PSA (Peugeot-Citroën), e do estilo "go kart", que significa tocada mais esportiva, com volante e suspensão bem rígidos, secos. Ser diferente era ser legal -- ainda que o ocupante passasse aperto, ficasse dolorido e tudo isso custasse muito dinheiro.
O novo Cooper mantém o formato geral, a ponto de quase não se diferenciar visualmente. Mas é mais leve (até 45 quilos a depender da versão) e seguro por ser construído com aços de alta resistência e ter equipamentos de segurança ativa e passiva mais avançados.
Na configuração mais completa, o novo Mini pode até acelerar e frear sozinho. Há sensores de velocidade e distância, controles de estabilidade, tração e bloqueio do diferencial. E até teto solar panorâmico.
PARALELOS ESTRANHOS 1
"O desafio foi misturar peças que já tínhamos para fazer um novo carro", disse Oliver Sieghart, um dos designers do novo Mini, ao ser questionado por UOL Carros sobre a semelhança com o modelo atual. A tarefa de "reinventar a roda" incluiu mudar proporções de alguns elementos, abastecendo também a fonte de brincadeiras que sempre foram -- e seguirão sendo -- feitas com o Mini.
Ainda que muito mais modernos, precisos e seguros que os faróis redondos de três projetores, os novos faróis do Mini usam apenas LED, mas sua forma elíptica remete imediatamente a um prosaico espelho iluminado, destes usados por dermatologistas, profissionais da beleza ou mesmo no banheiro de casa.
PARALELOS ESTRANHOS 2
Outra brincadeira com o Mini comparava o painel de instrumentos no centro do painel com uma balança antiga de açougue.
Com a nova geração, velocímetro e informações do computador de bordo foram -- finalmente e felizmente -- para o pequeno mostrador acima do volante. Mas a grande peça circular segue no centro painel, agora cheia de interatividade. O perímetro é definido por uma guia de luz (LED) de cor e luminosidade variáveis: pode seguir o movimento do conta-giros ou do velocímetro, pode mostrar se o condutor está pisando muito ou pouco no acelerador (e gastando combustível demais ou de menos), pode até refletir temperatura e ritmo do som.Na tela de LCD, informações sobre ajustes e alertas do carro, climatização, sistema de som, telefonia e até conexão com a internet. Sim, o novo Mini se conecta ao celular do condutor, aos e-mails e até ao Facebook.
É UM MINI, UM AVIÃO OU UM BMW?
Há pouco mais de dez anos, head up display (ou HUB) era coisa de avião caça ou videogame. Agora, está cada vez mais presente nos carros, ainda que restrito a modelos premium. Informações projetadas no para-brisa ou em uma placa acrílica à frente do volante ajudam o condutor a guiar se baixar os olhos da estrada.
Comum em modelos da BMW e de rivais como Audi e Mercedes, entre outras, o HUB surge como opcional no novo Mini. O sistema é o mesmo de qualquer ouro BMW e pode mostrar velocidade, distância, espaaço para carro à frente e rota do GPS.
ENDURECER SEM PERDER A TERNURA
Quando um dono do Mini atual quer esnobar os amigos, fala logo do jeitão de kart que o carrinho tem: tocada esportiva e precisa, mas suspensão excessivamente dura são características do modelo.
Esqueça isso. A BMW afirma que ainda há uma sensação de "go kart", agora restrita ao volante preciso e a engates perfeitos no câmbio de seis marchas manual ou automático (este feito pela Aisin). Rispidez da suspensão, nunca mais, nem no modo Sport.
UOL Carros guiou o novo Mini por mais de 200 quilômetros e não ficou com as costas cansadas, nem com o bumbum dolorido. E isso não fez com que o carro perdesse a índole devoradora de asfalto (mesmo em pisos ruins), pelo contrário só facilitou a vida. No computador de bordo, outro sinal dos tempos para o Mini, que nunca registrou consumo inferior a 10,5 km/l. Afinal, nos dias atuais, montadora que faz cliente sofrer ou gastar demais fica sem vender.
Viagem a convite da BMW do Brasil
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