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"Só no Brasil Camaro custa mais que Mercedes", diz sindicalista a senadores

Do UOL, em São Paulo (SP)

25/02/2014 18h20Atualizada em 26/02/2014 12h52

"O Brasil é o único país no mundo onde um Camaro custa mais que um Mercedes". A frase é do sindicalista João Vicente da Silva Cayres, secretário-geral da Confederação Nacional dos Metalúrgicos, órgão filiado à Central Única dos Trabalhadores (CUT).

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    João Vicente da Silva Cayres, secretário-geral da Confederação Nacional dos Metalúrgicos/CUT

Ela foi proferida nesta terça-feira (25) numa audiência pública no Senado Federal, em Brasília (DF), da qual também participaram os presidentes da Anfavea (associação das montadoras), Luiz Moan, e da Fenabrave (associação das revendas), Flávio Meneghetti, além dos senadores Luiz Henrique (PMDB-SC), Eduardo Suplicy (PT-SP) e Ana Amélia (PP-RS).

Cayres escolheu o esportivo americano da Chevrolet como exemplo da complicada formação dos preços automotivos no Brasil.

"Talvez pelo enfoque da música 'Camaro Amarelo' [Munhoz e Mariano], acho que o Brasil é o único lugar do mundo onde o Camaro é mais caro que um Mercedes", analisou. "É um bom carro [o Camaro], mas no Brasil você vê que ele é quase quatro vezes mais caro que nos Estados Unidos; talvez as pessoas paguem pelo fetiche, ou da música ou do carro, que é um carro americano lendário".

O preço de tabela do Camaro no Brasil parte de R$ 219.990; nos Estados Unidos, de US$ 23.555 (cerca de R$ 55 mil), mas vem ao Brasil na versão SS completaça, que nos EUA vale US$ 37.155 (cerca de R$ 87 mil). O carro mais em conta da Mercedes-Benz no Brasil, o Classe A, custa R$ 108.500 (é de uma outra categoria, mas é de grife).

Já nos EUA o carro mais barato da Mercedes, o sedã CLA, custa US$ 29.900 (cerca de US$ 6 mil mais que o Camaro básico). No Brasil, vale R$ 150.500, cerca de R$ 70 mil menos que o esportivo da Chevrolet.

Em outras palavras: o exemplo do sindicalista tem lastro na realidade (a depender de como se observe a realidade).

De acordo com Cayres, eventuais queixas da montadoras quanto ao custo supostamente elevado da mão-de-obra no Brasil são injustas. "O maior custo das montadoras está na compra de materiais e componentes. [O custo] da mão-de-obra, do qual às vezes os empresários reclamam muito, é basicamente de 8%, isso incluindo o Estado de São Paulo, que paga os melhores salários", afirmou o sindicalista. "Se tirar São Paulo, é menor".