Topo

JAC J3 Turin flex custa menos que sedãs rivais, mas ainda precisa melhorar

André Deliberato

Do UOL, em São Paulo (SP)

09/05/2014 14h32

Renovados visualmente em 2013, J3 e J3 Turin, dupla de compactos da fabricante chinesa JAC Motors (ainda à espera do fim das obras de sua fábrica em Camaçari, na Bahia, para poder traçar novos rumos no Brasil), ganharam nova opção de motor no último mês de abril.

Completa, com preço atraente em comparação à concorrência, "esportivada" e agora equipada com propulsores bicombustíveis, a família de compactos quer recuperar o (discreto) prestígio que conquistou entre 2011 e 2012, antes de o governo alterar o regime automotivo e aumentar o IPI para modelos importados. Ou, pelo menos, tentar recuperar.

SERÁ QUE DÁ?
UOL Carros rodou por uma semana com uma unidade do J3 Turin S Jetflex 2014 (de R$ 41.690), com propulsor flexível, que une características de praticamente todos os atuais modelos da marca à venda no Brasil: bom pacote de equipamentos, motor valente, um longo período de garantia e... acabamento com excesso de plástico, volante anestesiado e interior ruidoso. Em fevereiro de 2013, avaliamos uma unidade do subcompacto J2, e as constatações foram parecidas.

Com 127 cavalos, 15,7 kgfm de torque (etanol) e apenas 1.100 quilos, o J3 Turin flex chega até a empolgar em saídas de farol ou na estrada. Mas isso acaba quando chega a hora de trocar marchas: com engates imprecisos e demorados, o câmbio manual de cinco velocidades é um estraga-prazeres.

Em rotações mais altas, acima de 3.500 rpm, o barulho que invade a cabine do sedã chega a irritar, mesmo com o som ligado em alto volume. Em contrapartida, os giros mais altos não afetam tanto o ótimo consumo de combustível: com álcool, a unidade avaliada registrou 10,8 km/litro no computador de bordo, em circuito misto (predominantemente urbano) e sempre com o ar-condicionado ligado.

SUSPENSÃO DURA, DIREÇÃO MOLE
Infelizmente, valetas e buracos são um tormento: no final de curso das molas, os amortecedores caem de maneira brusca, gerando batidas secas e a desconfiança do motorista no conjunto. Se as suspensões são duras, é justamente o contrário do que mostra o conjunto de direção e assistência hidráulica: leve demais, anestesiado mesmo em velocidades mais altas.

Por dentro, o acabamento do J3 Turin -- muito melhor que antes do facelift de 2013 -- é justo e bem encaixado, mas falta mais refino e sobra plástico duro. Há concorrentes diretos (mais caros, é verdade) que têm interior com mais esmero. Os bancos não são confortáveis e também não possuem apoios laterais no encosto -- algo que contradiz a proposta do carro.

O console central é intuitivo e organizado, mas há uma falha ergonômica grave: é praticamente impossível ler o que está escrito no mostrador do rádio se o carro não estiver na sombra. A conectividade com o sistema de som pode ser feita por uma entrada mini-USB (faltou a de tamanho convencional). Já o volante é uma clara imitação da peça que equipa os carros da General Motors. Ao menos tem boa empunhadura.

No banco de trás, duas pessoas têm razoável espaço para pernas e cabeça, sensação semelhante à que se tem a bordo de outros sedãs compactos baseados em hatches, como Volkswagen Gol, Chevrolet Prisma, Fiat Siena/Grand Siena e Hyundai HB20S. Neste quesito, os sedãs quase-médios, como Chevrolet Cobalt e Nissan Versa, dão um banho no J3 Turin. O porta-malas do carro da JAC carrega bons 490 litros.

JAC J3 Turin 1.5 S JetFlex 2015 - Murilo Góes/UOL - Murilo Góes/UOL
Visual traseiro é controverso, mas é mais moderno que o anterior
Imagem: Murilo Góes/UOL
BOM PACOTE E GARANTIA LONGA
O pacote disponível para o J3 Turin Jetflex segue quase à risca a filosofia automotiva chinesa no Brasil: chegar completo, sem opcionais. Entre os equipamentos de série oferecidos, estão os freios com ABS (antitravamento) e EBD (antiderrapagem), airbag duplo, faróis e lanterna de neblina, alarme, direção assistida, ar-condicionado, sistema de som com CD/MP3-Player e entrada mini USB, sensor de estacionamento traseiro, volante multifuncional, coluna de direção ajustável e rodas de liga leve.

A linha 2014 do compacto da JAC tem um único opcional: a tela de cristal líquido, que custa R$ 1.000 e substitui o rádio oferecido no pacote inicial.

O catálogo conta com cinco cores: branco, prata, cinza, preto e vermelho. A JAC oferece seis anos de garantia. Na comparação com os R$ 41.690 pedidos pelo sedã, entram os R$ 48.958 do Volkswagen Voyage Comfortline 1.6; os R$ 50.691 do Fiat Grand Siena Essence 1.6; os R$ 48.990 do Hyundai HB20S Comfort Plus 1.6; e os R$ 51.190 do Chevrolet Prisma LTZ 1.4. Todos os preços incluem opcionais para igualar o pacote do J3.  

O conteúdo desse J3 Turin ainda importado da China se mostra atraente em relação à concorrência. Mas há pontos importantes que precisam ser revistos e melhorados -- algo que o futuro JAC nacional pode, e deve, fazer.