Smart, que agora é um Twingo, chega ao Brasil em 2016; Renault não vem
O pequenino Smart Fortwo sempre teve um problema de personalidade. Na Europa, foi criado como opção urbana na acepção máxima do termo: pequeno, fácil de guiar, mais fácil ainda de estacionar e barato. Flertou ainda com a esportividade, mas tropeçava no espaço: sempre há alguém querendo transportar um pouco mais que as compras da semana, ou com necessidade de (às vezes, quem sabe?) carregar mais que o carona. A solução foi o Forfour, um esquisito modelo de quatro portas, que de tão feio e incompreendido deixou de ser vendido e fabricado em 2006.
No Brasil, que felizmente não viu o Forfour, o Fortwo sempre foi vendido como modelo de nicho: uma opção "descolada" para quem quer circular com alguma graça pela cidade, sozinho ou a dois.
Agora no Salão de Paris, a Mercedes-Benz mostra que tentou corrigir o problema de personalidade do carrinho criando outro: em sua nova geração, o Smart nada mais é que o novo Renault Twingo vestido com uma roupa menos esportiva e mais "indie". Ambos são fabricados em território francês e compartilham tudo o que está sob a carroceria e mesmo alguns pontos visíveis aos olhos.
Separados no nascimento, Smart e Twingo se valem de opções de motores 3-cilindros: há o 1.0 aspirado, que pode gerar 71 cv; e também o 0.9 turbinado, de 90 cavalos. Ambos usam o câmbio manual de cinco marchas da Renault, igual até no uso da manopla de câmbio conhecida por todos que comprar carros da marca francesa (até o seu Clio aí no Brasil tem esta peça). Mas só o da Mercedes pode, neste momento, ter opção também de caixa automatizada de seis marchas e dupla embreagem, melhorando a autonomia, o desempenho e prometendo acabar com os soluços do câmbio automatizado atual. O compartilhamento foi bom para ambos, já que o Twingo 2015 ostenta motor e tração traseiros, como o Smart sempre teve.
Se o visual do Twingo é mais arrojado, inspirado no mundo da competição, o Smart agora ficou mais próximo dos carros da Mercedes, com grandes faróis (há até uma faixa de LEDs sublinhando o conjunto óptico), e lanternas com divisões internas (na Mercedes, são "folhas"; no Smart, "gomos"). Por dentro, frugalidade disfarçada de inovação em ambos, com tecidos tecnológicos que prometem reproduzir as cores bonitas e agitadas da carroceria, sem sujar demais. Vantagem do smart, que tem o pedigree da marca alemã em assuntos premium.
Ambos prometem, ainda, integrar seus dispositivos ao celular do dono. Há a opção mais simples, com um rádio de visual comum e um suporte para o telefone, que é conectado e passa a atuar ele próprio como tela central multimídia. Se o comprador preferir algo mais arrojado, há a tela central de configurações mais caras, com pareamento por Bluetooth ou cabos. De novo, o Smart dá um passo além ao usar mais tecnologia em seus próprios mostradores, também digitais e coloridos -- no Twingo, é tudo muito anos 1990, com aquela horrorosa luz laranja sobre fundo preto...
Mas não pense que o Twingo está sempre atrás: ele ensinou o pequeno franco-alemão a ser menos antissocial. Com o compartilhamento de estrutura, o Smart volta a ter opção de quatro portas e espaço extra para pessoas, sem ficar esquisito. O que se tem agora é uma espécie de Fortwo alongado, quase idêntico ao Twingo. Vamos as medidas: o Smart para duas pessoas tem 2,69 metros de comprimento, 1,83 m de entre-eixos e no máximo 260 litros no diminuto porta-malas; na nova configuração para quatro, cresce a 3,49 m de comprimento com 2,49 m de espaço interno e bagageiro que vai de 188 a 980 litros. Olhando a tabela do Twingo, temos o mesmo entre-eixos de 2,49 m, ainda que o francês seja bem maior, com 3,59 m, por conta de extremidades mais longas. O porta-malas, porém, é praticamente o mesmo, comportando de 185 a 975 litros.
Aqui na Europa, as vendas começam a partir de novembro, com preços iniciais quase similares: 10.700 euros para o Smart Fortwo (cerca de R$ 33 mil) e 11.600 euros para o Forfour. O Twingo, sempre com quatro portas, parte de 10.800 euros, ainda que versões especiais de lançamento custem até 15.700 euros iniciais.
UM VEM, OUTRO PODE VIR E UM JAMAIS VIRÁ
UOL Carros conversou com representantes locais de Mercedes e Renault e descobriu planos diferentes, apesar da origem comum dos projetos. O carrinho da Mercedes virá em 2016, mas ainda sem preços definidos -- não devem, porém, mudar muito em relação ao patamar atual, sempre acima dos R$ 50 mil.
Há, ainda, uma expectativa para finalmente ter a configuração Fourfor comercializada em nosso país, algo facilitado pela plataforma comum. Apostamos nossas fichas na chegada, já que isso certamente traria novos compradores para o modelo e tudo o que as marcas querem atualmente é vender, sem impedimentos, ao máximo de pessoas.
Já a Renault vê o mercado mais restrito para seu modelo pequeno. Traduzindo: se o nicho descolado e diferente serve para os planos da Mercedes, não se pode dizer o mesmo de uma marca mais generalista, que precisa de volume. Assim, seguiremos sem ver a nova -- e bela -- cara do Twingo por aqui.
Se alguém quiser, pode comprar o novo Smart e colocar um logo do diamante francês no lugar do emblema semicircular da marca da Mercedes. Na prática, será a mesma coisa.
Viagem a convite da Anfavea
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