Aos 32 anos, Corsa "supera" Chevrolet e se alia a Punto, 500X e Renegade
Apesar de crises, recorrentes cortes de vagas e ameaças de dissolução pela General Motors e nos anos recentes, a alemã Opel está viva e fez questão de se apresentar no Salão de Paris num estande vistoso, em forma de palco, sem qualquer lembrança de outras marcas da gigante americana -- nada, por exemplo, de Chevrolet, que patina na Europa, apesar dos esforços de globalização e marketing.
Expostos, exemplares dos monovolumes Zafira e Meriva europeus, bem como do subcompacto esquisitão Adam, mostravam suas novidades (no caso dos primeiros, o novo motor 1.6 a diesel), sem conseguir tirar o brilho do astro principal: o renovado Corsa era o dono da festa.
Festa com clima de velório para o Brasil: no país, a Chevrolet matou a terceira geração do Corsa há dois anos e abraçou o desenvolvimento de uma nova linha de modelos compactos, dando origem a Onix, Prisma, Cobalt e Spin, além do SUV compacto Tracker -- todos montados sobre a plataforma GSV, uma derivada da europeia Gamma II. Nada de errado, até porque os modelos têm vendido relativamente bem.
Mas, aqui em Paris, o Opel Corsa completa agora 32 anos e quase 12 milhões de unidades fabricadas com a estreia da quinta geração (Corsa E), que abandona, veja só, a tal Gamma II (que era a base do Corsa D) e usa como base uma evolução da SCCS, que também é utilizada pela Fiat-Chrysler.
Traduzindo: a "mais tecnológica e premium" geração de toda a história do Corsa, segundo palavras dos executivos da Opel ouvidos por UOL Carros, é prima não tão distante dos novíssimos Fiat 500X e Jeep Renegade, bem como do Punto europeu. Tudo por melhor dirigibilidade (a assistência de direção agora é elétrica), maior conforto ("a suspensão não usa nenhum elemento do carro anterior") e mais eletrônica embarcada (seja para entretenimento, seja para segurança).
"Em 32 anos de mercado, o Corsa se mostrou bem sucedido por entregar a uma parcela grande de consumidores o espírito do carro alemão em embalagem compacta", afirmou Martin Golka, gerente de produto das linhas compactas da Opel. "Com a nova geração, seguimos entregando esse espírito, mas com a melhoria das partes eletrônica, elétrica e de base, temos conforto e tecnologia nunca vistos no modelo e no segmento", completou.
É este "Zeitgeist" automotivo que deixou de ser percebido no Brasil com o fim da linhagem Corsa em 2012. De alguma forma, porém, saberemos qual é a sensação com a chegada do Jeep Renegade nacional no começo de 2015.
QUINTA GERAÇÃO EM DETALHES
Está marcado para novembro, na Alemanha, o início da produção do novo Corsa, que chega às lojas europeias a tempo das compras de Natal. O preço inicial naquela país será de 11.980 euros (cerca de R$ 36 mil, limpos) e o objetivo é óbvio: encarar e tentar retomar posições dos rivais Renault Clio IV (o impressionante segundo colocado geral em vendas no ano aqui na Europa, perdendo apenas para o absoluto Golf), Volkswagen Polo e Ford Fiesta (no Reino Unido, porém, o Vauxhall Corsa só perde de Ford Fiesta e Focus).
Para tanto, trará a nova cara da Opel estampada em sua lataria: a frente sorridente emprestada do pequenino Adam parece rebaixada quando comparada ao restante da carroceria; já os faróis em asa de Astra e Insignia se destacam. Mesmo sem mudar consideravelmente -- e principal, sem encolher de fato --, a nova geração parece menor e mais acanhada que a anterior, por conta do estilo mais delgado, algo explícito na traseira, com tampa do porta-malas menor, apesar do parachoque mais envolvente.
Segundo Volka, além da frente e do capô rebaixado ao centro, as novas linhas de ombro e arcos de teto -- diferentes nas configurações de duas e quatro portas, mas igualmente inovadoras -- são as responsáveis por esta impressão. Além disso, o motorista fica posicionado 4 mm mais baixo na comparação com a cabine anterior, enquanto o volante foi ligeiramente endireitado, tudo para melhorar a pegada.
O espaço para carona e passageiros do banco traseiro é bom, mesmo com o arco rebaixado do duas-portas e com as entradas diminutas do quatro-portas. Também é agradável a sensação da cabine, com plásticos mais suaves que os encontrados na família Chevrolet.
Apesar disso, muita coisa na cabine será reconhecida por um brasileiro que coloque as mãos no carro: botões, comandos e alavancas, bem como o volante e a tela central saem da mesma fôrma que entrega os equipamentos de Onix e cia. O sistema multimídia da Opel é novidade e se chama Intellink, por conectar de modo "inteligente" o celular do motorista aos aplicativos do carro. A explicação foi difícil, mas no fim ficou claro: se a função de espelhar o que se vê nas telas de alguns modelos com sistema Android é realmente inovadora, o restante é mais de tudo que já temos no MyLink.
"Fizemos um trabalho muito bom, até porque o desafio de fazer a nova geração largar o celular é grande. Não adianta reinventar a roda, já que temos tudo o que precisamos na tela dos smartphones. A questão é fazer tudo isso funcionar sem que o motorista tire muito os olhos da estrada", desabafou Golka.
Além disso, o Corsa traz ainda câmera estereoscópica no parabrisa para monitoramento do tráfego, que dispara até três níveis de alerta caso o carro da frente desacelere sem que o motorista do Opel reaja.
SOB O CAPÔ
Sorriso aberto mesmo se viu no rosto do executivo enquanto descrevia a nova motorização: o Corsa E estreia o motor 1.0 a gasolina, de 3-cilindros, da GM (também usado no Adam, mas ainda distante de qualquer aplicação brasileira). Da família Ecotec, usa turbo e injeção direta de combustível para gerar de 90 a 115 cavalos, com torque de 17 kgfm. O gerenciamento fica por conta do câmbio manual de cinco marchas, do inédito seis marchas manual ou do conhecido seis marchas automático (também usado no Brasil), além do automatizado Easytronic 4, de cinco marchas.
Apenas para comparar, o 1.0 brasileiro da Chevrolet, com quatro cilindros, entrega 78/80 cavalos de potência (respectivamente, gasolina e etanol) e apenas 9,5/9,8 kgfm de torque (idem). Nem precisava, mas o executivo explicou: "Esta nova família de motores é menos poluente e não grita como a anterior, que só entregava seu máximo perto dos 5 mil giros. Aquele motor era bem mais barulhento".
Viagem a convite da Anfavea
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