Ford e Acura travam guerra dos supercarros com os novos GT e NSX
Um confronto entre supercarros eclodiu no Salão de Detroit 2015.
O carro azul brilhante (álbum acima), o novíssimo Ford GT, e o finalmente revelado Acura NSX de produção (até agora, há mais de dois anos só protótipos vinham sendo expostos), num tom de vermelho vivo (álbum abaixo), fizeram barulho no primeiro dia de exposição para a mídia, com simpatizantes escolhendo seus lados como se os carros fossem adversários de futebol.
A paixão por essas duas máquinas, de preços salgados e gigantesca tradição, contrastou com a relativamente pouca atenção dada aos sedãs sóbrios, às picaponas e aos carros amigos do meio ambiente também exibidos no evento.
O Ford GT produzido entre 2003 e 2007 era uma homenagem ao mítico GT40, superesportivo que ficou mundialmente conhecido por vencer a tradicional corrida francesa 24 Horas de Le Mans de 1966 e desbancar o reinado da Ferrari.
Já o NSX, uma das lendas dos anos 1990, ganhou atenção dos brasileiros por ter sido um dos carros preferidos do ex-piloto de F1 Ayrton Senna, que inclusive contribuiu para seu desenvolvimento -- o modelo japonês de dois lugares e motor central-traseiro, produzido de forma quase artesanal, foi considerado inovador naquela época por utilizar carroceria em alumínio, algo que muitos carros de luxo começam a adotar somente nesta década.
O DINHEIRO VOLTOU
"Este é um sinal de que o mercado automotivo ressurgiu", disse Jake Fisher, editor da revista norte-americana "Consumer Reports". "As fabricantes estão realizando os sonhos das pessoas em vez de apenas atenderem às necessidades delas."
A Ford e a Honda, após um 2014 que foi, para as duas, o maior ano de vendas desde 2006, estão ansiosas por exibir suas proezas de engenharia e demonstrar que supercarros não são domínio apenas de alemães e italianos.
Parece até que os dias em que as fabricantes disputavam para ver quem teria mais consciência ambiental ficaram para trás. Nos casos do GT e do NSX, trata-se de excesso e exuberância, ao mesmo tempo em que mostram ser veículos tecnológicos e eficientes -- o Ford usa fibra de carbono leve, o Acura adota sistema de propulsão híbrida.
Enquanto respondia a perguntas de repórteres que se amontoavam perto de uma unidade rebaixada do GT, cheia de curvas e silhuetas esportivas, Bill Ford, herdeiro da empresa, zombou de uma questão sobre a eficiência de combustível do "monstro" de mais de 600 cavalos que estava estacionado ao lado."Você não compra este carro pela economia de combustível", respondeu o presidente-executivo do conselho da Ford, rindo. "Há muita tecnologia para economizar combustível aqui, mas eu estaria mentindo se dissesse que o objetivo do carro é a eficiência."
O modelo da Ford é equipado com um motor V6 EcoBoost biturbo, cuja potência exata não foi revelada (a produção começa em 2016).
No estande da Acura, Erik Berkman, vice-presidente-executivo de planejamento da Honda, mostrou-se aliviado porque o NSX foi finalizado após anos de atrasos. A recessão global havia forçado a fabricante a engavetar o desenvolvimento do supercarro, que chega a 550 cavalos e custará cerca de US$ 150 mil (aproximadamente R$ 400 mil, sem impostos ou taxas de importação).
"Foi desmoralizante", disse. "Mas agora a economia está de volta, estamos lucrando, a confiança do consumidor está voltando e temos gasolina barata (US$ 2 por galão nos EUA; um litro sairia por R$ 1,41). A vida está boa de novo", garantiu.
O NSX é fundamental para a necessidade da Acura de se diferenciar dos carros da Honda, avisou Mike Accavitti, vice-presidente da marca, que é a divisão de luxo da japonesa. "Estamos tentando nos libertar da nave-mãe; a Honda é uma grande marca, mas o maior desafio da Acura é se desvencilhar do fato de estar muito intimamente associada à Honda. Nós temos que ter uma identidade própria", disse.
As fabricantes de automóveis deverão vender perto de 17 milhões de carros e utilitários leves nos EUA neste ano, mais que os 16,5 milhões de 2014 e que os 10,4 milhões registrados quando o setor passou por sua pior baixa, em 2009. As empresas de carros quase saciaram a demanda reprimida para substituição dos veículos antigos, e agora os consumidores estão começando a buscar mais emoção, avaliou Lacey Plache, economista-chefe do site Edmunds.com.
"O sentimento mudou bastante", disse Plache. "As pessoas estão dispostas a gastar dinheiro novamente."
As fabricantes de automóveis ficarão felizes em ajudá-las nisso. Quando o GT for à venda, em 2016, ele deverá ter um preço bastante maior que os US$ 150 mil cobrados pela primeira geração, descontinuada em 2006, garante uma fonte familiarizada com os planos da Ford. Em troca, os fãs e motoristas do modelo terão um carro veloz, com motor central, que deverá ir de 0 a 100 km/h em menos de 4 segundos.
"As pessoas querem ser bem vistas em seus veículos, e nós, como empresa, jamais podemos esquecer disso", disse Mark Fields, CEO da Ford." Não permitiremos que nossos veículos se transformem em eletrodomésticos."
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