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Alfa Romeo vai ter de esperar Jeep bombar para só então chegar ao Brasil

Eugênio Augusto Brito

Do UOL, em Detroit (EUA)

14/01/2015 15h31Atualizada em 16/01/2015 16h37

Nos últimos quatro ou cinco anos, temporada após temporada, é recorrente a dúvida sobre a volta da Alfa Romeo a mercados como Brasil, onde sempre manteve uma tradição quase mítica, e aos Estados Unidos, onde fracassou junto com a matriz Fiat, para usar o português de forma clara.

Agora, com o grupo italiano controlando -- e bem -- a gigante americana Chrysler e refazendo sua estratégia, a pergunta volta a fazer sentido. Assim, UOL Carros questionou o presidente global da Fiat Chrysler Automobiles (FCA), Sergio Marchionne, que confirmou o retorno, com uma ressalva importante: ainda vai levar um certo tempo.

Sergio Marchionne (FCA) e Reid Bigland (Alfa USA) em Detroit - Reuters/Mark Blinch - Reuters/Mark Blinch
Sergio Marchionne e Reid Bigland, chefe da Alfa Romeo nos EUA, em Detroit
Imagem: Reuters/Mark Blinch
"[A Alfa Romeo] vai chegar ao Brasil. Quando? Primeiro precisamos estabelecê-la aqui nos Estados Unidos", respondeu o executivo.

Este processo de relançar a marca premium italiana nos EUA foi iniciado na segunda-feira (12), aqui no Salão de Detroit, com a apresentação mundial do esportivo de dois lugares Alfa Romeo 4C, em configuração cupê e spider (conversível) com chassis de fibra de carbono, motor 1.7 turbinado de 240 cv, câmbio de dupla embreagem e seis marchas e 0-100 km/h em 4,1 segundos.

A importação aos EUA começa em agosto (conversível); o cupê já é vendido por aqui desde 2014. 

Antes, em maio ou junho, a Alfa Romeo importa um sedã a ser definido para brigar com BMW e Mercedes-Benz. Depois, serão lançados outros seis modelos no país, num total de oito carros até 2018. A meta é quadruplicar as vendas globais da marca.

Para isso, porém, a Alfa precisa definir um ponto local de produção, que poderia ser dentro dos EUA ou mesmo no México -- neste caso, com a vantagem de facilitar a expansão de vendas para América Latina e Brasil.  

Ou seja: o Brasil terá de esperar três ou quatro anos até ter os primeiros sinais de retorno da marca. É o prazo para o restabelecimento nos EUA.

"O caminho de volta é longo por conta de mudanças drásticas no mercado e de novas exigências técnicas que precisam ser cumpridas pela Alfa Romeo", justificou Marchionne. "Estávamos trabalhando nisso há alguns anos e os passos que damos agora são um bom começo. Não podemos desapontar nosso fãs", concluiu o chefão da FCA.

ENQUANTO ISSO...
O Brasil verá a Fiat totalmente envolvida no florescimento da Jeep no mercado nacional, apontam executivos locais do grupo. Durante o mesmo prazo de três ou quatro anos, enquanto a Alfa é recriada nos EUA, o Renegade (principalmente) terá de fazer de sua fabricante -- inédita no Brasil em termos de produção local e escala de oferta -- uma nova força, inclusive para preparar terreno a voos maiores do grupo.

"A Jeep forte será uma espécie de degrau para a Alfa Romeo no futuro. O que precisamos é criar estratégia com marketing e distribuição fortes, e por isso o grupo está focado", disse uma fonte a UOL Carros

Trata-se de uma missão ousada: a nova fábrica de Goiana (PE), de onde o Renegade saíra em março, tem capacidade anual de 250 mil unidades. Mas o investimento feito também foi alto, de R$ 15 bilhões até 2017 (entra na conta a modernização da fábrica mineira da Fiat em Betim). Desse total, R$ 6 bilhões vieram do BNDES.

Planos traçados, datas definidas, sorte lançada. Agora é esperar pela resposta final e definitiva: a do cliente.

Viagem a convite da Anfavea