Nissan mostra as armas: picape gigante nos EUA, Kicks e Frontier no Brasil
O estande da Nissan no Salão de Detroit 2015 é monotemático, ao menos nos dias abertos à imprensa (a marca afirma que isso mudará nos dias de público, que começam no próximo final de semana): há espaço apenas para segunda geração da picape grande Titan, bastante concorrida entre os colegas da mídia americana.
Acontece que a Titan (cujos detalhes estão no álbum que acompanha a reportagem) é dedicada apenas ao concorrido mercado americano de trucks e faz parte da ofensiva da marca, que conta ainda com os novos SUVs Murano e Rogue, para vender mais de 1 milhão de unidades e se dar bem nos Estados Unidos num ano difícil para a economia mundial, segundo Carlos Ghosn, chefão mundial da aliança Renault-Nissan.
Para o Brasil, tem relevância o anúncio oficial do novo SUV compacto -- o Kicks, apresentado no Salão de São Paulo 2014 -- marcado para acontecer ainda este ano, mas com produção apenas no final de 2016. Em 2015, o que chega é a nova geração da picape Frontier.
O manda-chuva Ghosn, que recentemente esteve no Brasil e falou a UOL Carros sobre o novo motor 3-cilindros nacional, citou nosso país três vezes em entrevista à imprensa em Detroit na segunda (12), para afirmar que nosso mercado enfrentará "um 2015 difícil", mas também ressaltar que a operação local (em Resende, no RJ) é um dos pilares da empresa. A marca espera crescer, mas o mercado em geral ficaria num "0 a 0", com vendas similares às de 2014.
March e o novo Versa (anunciado no Brasil por Ghosn) são importantes na estratégia da marca, mas o grosso das fichas será apostado em outro produto que aproveitará bem a capacidade de 200 mil unidades anuais da fábrica fluminense: o SUV Kicks teve protótipo bastante avançado apresentado no último Salão de São Paulo, e vai chegar em dois anos, como confirmou a UOL Carros outro executivo da Nissan.
"É uma solução forte, de muito volume e portanto fundamental para nosso crescimento entre a classe média, não apenas no mercado brasileiro, mas também na América Latina", afirmou Jose Luis Valls, argentino que ocupa a presidência da marca para o subcontinente. "O Kicks nos deu um retorno de mídia e de público muito grande no Salão de São Paulo, o que nos animou, pois foi um modelo pensado para satisfazer ao gosto do mercado brasileiro, mas também voltado às necessidades dos outros mercados latinos."
GRANDES EXPECTATIVAS
Com tamanha importância, mais do que bater o martelo para a produção local do Kicks (algo praticamente certo), a Nissan corre para definir onde o modelo será fabricado. Valls afirma que o Brasil tem enormes chances, inclusive por exigências de livre comércio (vide o caso do Chevrolet Tracker) e do Inovar Auto, mas que o México também é sondado -- o novo SUV precisará ser remetido também aos demais mercados do bloco.
Uma solução possível é fabricar o modelo nos dois países, ideia adotada pela Honda com seu HR-V, por exemplo.
"Há muito a avançar, queremos ser os primeiros entre as marcas japonesas, mas também temos planos de chegar a 3% de participação em 2015%, 5% até 2016 e, num futuro a médio prazo, nos colocarmos perto dos líderes", projeta Valls, ressaltando que para isso é preciso ampliar e melhorar a cobertura de lojas e oficinas no Brasil, além de expandir a linha de carros.
Expansão que começa antes do anúncio do Kicks de produção, com a chegada da nova geração da Frontier, revelada há sete meses na Tailândia. "É um produto fundamental para o Brasil e vamos ter novidades ainda em 2015", concluiu o executivo.
Viagem a convite da Anfavea
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