Bananeira, casca de arroz, garrafa PET e bagaço de cana viram peça de carro
É cada vez mais comum ver fabricantes de automóveis apresentarem protótipos de carros desenvolvidos com materiais sustentáveis, reciclados ou oriundos de matérias-primas que existem em abundância na natureza e são renováveis -- ou então de resíduos que, de outra forma, iriam para o lixo.
O princípio é simples: com materiais verdes e/ou reciclados, na maioria dos casos mais baratos que os convencionais, gasta-se menos com fornecedores e o meio-ambiente é menos afetado -- evitando o uso de materiais à base de petróleo.
Em alguns casos, tais materiais evoluem do estágio conceitual e chegam à produção em série. Veja abaixo dez exemplos de carros e/ou marcas que os utilizam na carroceria, nas partes e acabamento da cabine ou até mesmo no conjunto mecânico. Confira:
O compacto elétrico da BMW, lançado no Brasil no final do ano passado, tem painéis de porta e partes do console frontal feitos em plástico reciclado e apliques de madeira (na versão topo) retirados de árvores de eucalipto de reflorestamento. Além disso, o couro do revestimento dos bancos é curtido em folha de oliveira e alguns estofados são feitos com fibras de kenaf -- um tipo de algodão fibroso que já foi utilizado na produção de sacolas, cordas e velas para barcos.
O isolamento acústico da atual geração do Ford Fusion é feito a partir de jeans reutilizado. Cada carro usa quantidade equivalente a duas calças. Desenvolvida nos EUA, a tecnologia deve aos poucos se espalhar para outros modelos da empresa.
Totalmente conceitual e com praticamente zero chance de ser produzido em série (a Peugeot deixa claro que trata-se apenas de uma demonstração de tecnologia sustentável), o 208 Natural, mostrado no Salão de São Paulo do ano passado, é um projeto totalmente brasileiro que reduz o peso do carro em até 40 quilos (1.040 kg, contra 1.080 kg da versão 1.5 Allure, na qual se baseia) visando melhorias no consumo de combustível por meio de materiais como couro de pirarucu e salmão nos bancos e revestimentos internos, lâminas de cortiça e de bambu (para o isolamento acústico) e até laminados de mármore no teto.
A Volkswagen adotou nos últimos anos em alguns de seus carros de entrada -- Gol, Voyage e Saveiro (foto) -- o uso em larga escala de tecido à base de PET reciclado no interior. Segundo a empresa, o material garante o mesmo conforto, qualidade e resistência que tecidos sem essa composição, que são utilizados em modelos mais caros. Ele é composto por até 60% de fio reciclado e a matéria-prima bruta é fornecida por empresas certificadas por órgãos ambientais internacionais. A Ford é outra montadora que faz o mesmo em modelos como Ka, Fiesta e EcoSport.
Apresentado em 2010 após o lançamento de sua atual geração, o conceito Fiat Uno Ecology foi pensado para ser um carro mais ecológico e sustentável e para oferecer menos impacto ambiental. Apesar de ter sido apenas um projeto, o uso de novos elementos em sua composição era, no mínimo, curioso: peças plásticas feitas com bagaço de cana-de-açúcar (redução de peso em torno de 8% em relação às peças convencionais); bancos em fibra de côco e látex (o que evitava o uso de cerca de 7 quilos de poliuretano -- substância derivada do petróleo) e revestimento dos bancos e tapetes com tecidos construídos a partir de garrafas PET recicladas (cerca de 30).
Este simpático modelo compacto é totalmente elétrico e chama-se Motive Kestrel. Sua estrutura é inteira feita à base de fibra de cânhamo, planta derivada da maconha. Ele pesa apenas 850 quilos, tem autonomia de até 160 quilômetros e velocidade máxima de 135 km/h. O Kestrel foi concebido por meio de um projeto canadense de empresas desenvolvedoras de soluções para a eletromobilidade e suas vendas são feitas por encomenda.
A GM também utiliza materiais "diferentes": em todos os carros feitos nos EUA e em alguns modelos que foram produzidos no Brasil, como o finado Agile, a marca utiliza cinzas de casca de arroz no material que compõe a cobertura da correia dentada. Além disso, no próprio Agile, o bagagito -- aquele tampão da parte de cima do porta-malas -- era feito com fibra de cana-de-açúcar.
Praticamente todos os modelos que a Ford fabrica nos EUA usam espuma de soja nos bancos e nos encostos de cabeça, além de diversos outros materiais reutilizáveis, incluindo papel moeda e as tais... garrafas plásticas recicladas. A ideia é substituir o máximo possível o poliuretano, que vem do petróleo. O SUV Escape, por exemplo, também tem forrações em kenaf, o mesmo material utilizado pelo BMW i3 (leia acima), na composição dos apoios das portas.
Os carros da Lincoln, divisão de luxo da Ford, têm tapetes feitos com folhas de bananeira. A submarca trabalha em cima de projetos para que em breve consiga produzir um painel feito com 85% de material reciclado de garrafas pet e 15% de fibra de carbono e partículas de borracha. De acordo com a empresa, essa combinação ajuda a tornar o composto mais resistente a impactos, o que pode também salvar um passageiro, e é mais resistente ao calor de producos químicos.
A smart, marca que pertence à Daimler (também dona da Mercedes-Benz), mostrou no Salão de Paris de 2010 uma unidade do pequenino fortwo ("carro para dois", em tradução direta) feita em papelão -- com componentes internos, motor e tudo mais. O projeto, feito em parceria com uma empresa de arte alemã, tem mote totalmente sustentável, já que o papelão utilizado era reciclável -- por isso a cor verde.
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