Volvo diz que carro já pode andar sem motorista. De verdade
O carro autônomo da Volvo está pronto para andar... sozinho. Sem motorista. De verdade. A marca sueca de veículos de passeio anunciou no começo da tarde desta quinta-feira (19), por teleconferência global, a segunda fase do projeto Drive Me para modelos que dispensam a condução do motorista. A partir de agora, os protótipos já podem, finalmente, dispensar a supervisão de uma pessoa atrás do volante -- até então, engenheiros e técnicos precisavam ficar de prontidão, prontos a assumir a direção, caso o sistema autônomo falhasse.
Também foi confirmado que o primeiro modelo comercial da marca a contar com o sistema autônomo será o XC90, como UOL Carros havia adiantado. Apresentado no Salão de Paris, em outubro, o SUV grande começa a ser vendido este ano na Europa e deve chegar ao Brasil até 2016. Mas calma...
Ainda será preciso guiar o XC90 normalmente -- com mãos ao volante e pés usando freio e acelerador (o modelo é automático) --, uma vez que o sistema autônomo seguirá em testes restritos de validação, em estradas selecionadas e apenas na Suécia, até o final do ano que vem.
Unidades autônomas nas mãos e garagens de clientes só em 2017, quando 100 pessoas comuns serão escolhidas para a fase final do projeto. "Os escolhidos têm que representar toda a base de consumidores: dos motoristas mais jovens aos mais velhos, dos iniciantes aos mais experientes. A intenção é que eles lidem com os veículos como lidariam com qualquer outro carro", afirma Erik Coelingh, um dos engenheiros responsáveis pelo projeto da Volvo. Vendas de modelos totalmente operacionais devem ficar para 2019 ou 2020, já que a montadora precisa de tempo para lidar com modificações nas legislações de vários países. Por isso, a Volvo trata as questões "cronograma" e "prazos" com muita cautela.
Segundo a executivos da marca, a capacidade de autodireção eleva o preço final do carro em não mais de 2.000 euros (pouco mais de R$ 6.000). No Brasil, onde os Volvo chegam por importação, o valor extra pode subir a R$ 12 mil. Salgado, mas não absurdo: dá menos de 10% do preço atual de modelos como S60 e V60 T6, ambos acima de R$ 200 mil. Vale lembrar que o XC90 ainda não tem preço definido, mas será mais caro que estes modelos e pode passar dos R$ 300 mil.
É UM CARRO OU UM AVIÃO?
Segundo a marca, é possível comparar o carro autônomo a um avião para entender a nova fase do projeto: se preciso, o piloto pode comandar a situação até a altura de cruzeiro e então confiar o deslocamento da aeronave ao computador de bordo, sem receio. Em caso de falha do sistema de navegação principal, dispositivos secundários garantem a segurança de todos.
Voltando ao carro autônomo da Volvo, o "dispositivo secundário" de segurança era o técnico/motorista -- como UOL Carros mostrou em série de reportagens especiais sobre o tema feitas na Suécia -- que deveria estar sempre atento.
Agora, essa redundância (como dizem os engenheiros) será feita pelo sistema automatizado do carro, com novos sensores a laser, radares, câmeras (de três focos, estereoscópicas e normais) espalhadas ao redor do veículos e no para-brisa, bem computadores de processamento rápido. A chave para tudo, porém, está na comunicação com as companhias de trânsito das cidades. A Volvo finalmente inaugurou um sistema de nuvem de dados (cloud computing), com mapas de trânsito e informações sobre veículos autônomos, em parceria com as "CETs" de cidades suecas como Gotemburgo, onde os primeiros testes estão sendo feitos.
PLANOS
Uma das primeiras montadoras a anunciar planos de veículos autônomos, ao lado da Mercedes-Benz, a Volvo resolveu acelerar alguns passos nesse caminho com o aumento da concorrência. A marca alemã havia dito que colocaria um modelo autônomo nas ruas em 2020, mas pode antecipar o cronograma. Já a americana Ford revelou no final de janeiro que contratou engenheiro da Apple especialista em iPhones para engrenar seus planos de ter um Fusion que ande sozinho.
Todo o projeto sueco -- que envolve ainda universidades locais e o próprio governo -- faz parte da política de segurança de redução de acidentes de trânsito a níveis quase virtuais. A meta da marca é reduzir ao máximo o total de acidentes a curto prazo, chegando ao auge (por ora, utópico) de não ter qualquer vítima fatal em ocorrências envolvendo um modelo Volvo.
Até mesmo o Brasil tem chance de recebê-los, cerca de seis meses após o lançamento na Europa. Tudo, claro, se as leis locais permitirem.
E SE CHOVER?
Quando os primeiros autônomos de produção surgirem, sua utilização só será possível em vias e estradas previamente mapeadas. Ou em locais de tráfego controlado, como estacionamentos e condomínios. O sistema também será incapaz, pelo menos na fase inicial, de se autocontrolar em condições climáticas extremas, como nevascas ou chuvas muito fortes.
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