Caminhão do futuro anda sozinho e só espera Lei para chegar às lojas
A Daimler, dona da Mercedes-Benz, está pronta para lançar o Future Truck (FT), caminhão autônomo apresentado em 2014 (conheça detalhes no álbum desta reportagem) --, mas ainda não pode fazê-lo: faltam leis e regulamentações para modelos autônomos, na Alemanha e em outros países onde a marca atua no segmento de veículos pesados. Espera-se, como UOL Carros já mostrou, que tudo esteja pronto até 2020.
"A tecnologia existe e está aqui para vocês verem. Por enquanto, o FT só pode rodar de dia, em rodovias ou até em pequenas estradas, desde que bem sinalizadas. O que falta é uma definição governamental dos países de onde vamos vendê-lo em relação a veículos autônomos", explica Georg Hageman, chefe de desenvolvimento de veículos comerciais e "pai" do caminhão que anda sozinho.
Segundo Hageman, o veículo é seguro, mas atitudes externas (como a de outros motoristas) podem fazer com o que o modo autônomo seja desativado inesperadamente, podendo provocar acidentes.
"É impossível dizer que ele é 100% seguro pois o trânsito não é feito só de uma pessoa, mas de muitas. Então o motorista precisa estar sentado à frente do volante e acordado, mesmo que a estrada esteja tranquila, já que a qualquer momento um inconveniente pode surgir", explicou o engenheiro em bate papo com UOL Carros.
A atual norma da Europa (UN/ECE R 79, da Convenção de Viena de 2005) não permite direção autônoma acima de 10 km/hora. Nos EUA, a Califórnia estuda normas e já proibiu o Google de usar carros sem volantes ou pedais. Em Michigan, onde fica Detroit (sede das gigantes General Motors, Ford e Fiat Chrysler), a universidade local criou uma "cidade" específica para o desenvolvimento de projetos autônomos, com a ajuda de fabricantes e órgãos públicos. Algo semelhante existe há mais tempo em Gotemburgo, na Suécia, terra da Volvo.
Mas como ele funciona?
O Future Truck 2025 (este é o ano em que a marca acredita que ele começará a ser vendido) não sai dirigindo sozinho: é preciso dar a partida, engatar o câmbio, como em um caminhão comum, e acelerar até atingir velocidade constante. Só então os sensores reconheçam as faixas da pista e o modo autônomo pode ser ativado -- quando isso acontece, uma mensagem aparece no painel oferecendo este tipo de condução.
Os sensores são capazes de monitorar até 100 metros de distância à frente e também podem identificar o tipo de estrada, faixas, carros, objetos e/ou pedestres nos arredores do caminhão. Ele ainda não lê placas (como um aviso de acidente, por exemplo), mas regula sua velocidade de acordo com o trânsito pelo GPS, que na Europa recebe informações sobre tráfego das operadoras de rodovias em tempo real.
O sistema, aliás, não depende de outro veículo à frente (como o controle de cruzeiro adaptativo), mas um sensor instalado no para-choque detecta a presença de obstáculos até 250 metros à frente, caso haja a necessidade de frenagens de emergência.
Por baixo da casca
O FT é montado sobre a base de um Actros, caminhão topo de gama da linha Mercedes (que também é vendido no Brasil) e utiliza um motor de seis cilindros em linha, com 449 cv e 224,3 kgfm de torque. O câmbio é automático de 12 marchas.
Visualmente, ele chama atenção por ser limpo, sem faróis ou vincos. Os retrovisores também deram lugar a câmeras, que podem ser monitoradas da cabine de comando. Por dentro, além do revestimento de luxo com detalhes de madeira e luzes de LED, há apenas dois lugares, que são assentos muito confortáveis, como poltronas da classe executiva de um avião. O painel de instrumentos é colorido e totalmente digital, como um tablet.
Curiosamente, apesar da ausência de faróis, ele possui um jogo de LEDs na dianteira, ocultos sob a lataria (com o reflexo do sol, eles praticamente desaparecem). Servem para alertar quem está do lado de fora sobre o modo de condução: luzes brancas indicam motorista no comando; azuis, o modo autônomo. Para as setas, os pontos de LED no para-choque ficam alaranjados e piscam.
Viagem a convite da Mercedes-Benz Caminhões
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