Nacional em 2016, GLA é bom para a Mercedes e ruim frente a rivais
Vendido no mercado brasileiro há pouco mais de um ano, o GLA se tornou, em pouco tempo, um dos produtos mais importantes da Mercedes-Benz por aqui. Nos primeiros nove meses de 2015, o crossover só vendeu menos que o sedã Classe C: são 3.569 unidades (média de quase 400 por mês), mais do que a fabricante esperava (entre 2 e 3 mil no fechamento do ano).
Mais do que isso, o modelo com jeito de hatch aventureiro anabolizado será fabricado localmente a partir do segundo semestre de 2016, quando o complexo de Iracemápolis (SP) estiver, enfim, operando. Também foi o GLA que, junto com o restante da família Classe A, estreou em junho a tecnologia do motor 1.6 turboflex da marca alemã.
As informações acima podem soar empolgantes, mas uma análise mais fria mostra que, na verdade, o rival de Audi Q3, BMW X1 e Range Rover Evoque ainda não conseguiu "demarcar território" em um segmento que, dentro de no máximo 12 meses, será formado prioritariamente por concorrentes com produção nacionalizada, e dos quais só o Evoque não será flex.
Quer entender melhor? Repita um teste feito por UOL Carros: pergunte sobre o GLA a qualquer pessoa que se interesse minimamente por carros. Alguns sequer se lembrarão de que modelo se trata, e os que souberem não conhecerão muitos detalhes a respeito. Depois questione sobre X1, Q3 e, especialmente, Evoque: as respostas serão mais completas e empolgadas.
Falta empolgação
Por que esse fenômeno acontece? Após testar a versão intermediária 200 Vision, de R$ 154.900, por alguns dias, UOL Carros encontrou uma provável explicação: embora o GLA tenha qualidades, não consegue empolgar o público, seja pelo visual, desempenho ou conforto interno.
Ao criar o crossover sobre a base do Classe A, a Mercedes quis unir a robustez de um SUV à dinâmica de um hatch. Na prática, desenvolveu um modelo pequeno para o segmento: com 4,41 metros de comprimento, 2,70 m de entre-eixos e 1,49 m de altura, é substancialmente menor do que Q3 e X1. Até a largura (1,80 m), que deveria ser seu ponto forte, o deixa mais apertado que o Evoque.
Consequência é um carro que oferece espaço insatisfatório para a proposta, ao mesmo tempo em que tenta parecer maior do que é. A dianteira, formada por uma grade imponente e faróis bixenônio que incluem estilosa assinatura em LED, marca presença. E há hipertrofia de caixas de roda, lateral e traseira, que parece ter sido esticada.
O desempenho do trem-de-força, formado por motor 1.6 turbo de 156 cv e 25,5 kgfm e transmissão automatizada de dupla embreagem e sete marchas, também fica aquém do esperado, principalmente em retomadas. O problema, novamente, está na expectativa, já que o carro tem visual pendendo para o esportivo. De toda forma, não deixa de ser suficiente para rodar na cidade e na estrada de modo tranquilo. Já as suspensões possuem calibração um pouco rígida demais, pelo menos no GLA importado -- seria um ponto a ser calibrado para o modelo nacional.
Entre pontos positivos, o crossover é robusto na lista de equipamentos -- direção elétrica progressiva, bancos com abas esportivas e regulagem elétrica (motorista), teto solar panorâmico e ar-condicionado de duas zonas são os itens de destaque da versão. Sua principal qualidade, porém, está no acabamento primoroso, que faz bom uso de materiais como borracha, plástico, alumínio escovado e couro para acertar no tom entre esportividade e luxo.
Que país é esse?
Uma observação: a unidade testada por UOL Carros não era flex, o que impediu teste usando etanol. Dados de potência e torque, segundo a fabricante, são os mesmos. Faltou saber se funções como start-stop -- desligamento automático em pequenas paradas -- funcionam normalmente com o combustível vegetal. No BMW Série 3 ActiveFlex houve falhas. Fontes da Mercedes afirmam que seu 1.6 bicombustível está imune a esses erros.
Destaque negativo também para o sistema multimídia: um tanto defasado em relação a gráficos e comandos de navegação, contém ainda um erro crasso: na configuração de data e hora, mostra o fuso horário brasileiro com a inscrição "Brasil oriental (Buenos Aires)", repetindo o clássico erro estrangeiro de confundir as capitais de Brasil e Argentina. Ruim para quem pretende obter a cidadania em breve.
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