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Nissan Versa e March recebem CVT em junho; saiba como andam

Eugênio Augusto Brito

Do UOL, em São José dos Pinhais (PR)

12/04/2016 19h22

Não há mais dúvidas de que a Nissan aposta todas as fichas no ano de 2016 para finalmente figurar entre as marcas relevantes no Brasil: depois de confirmar a venda do supercarro GT-R, anunciar sistema de conectividade para seus compactos, fazer investimento gigante para ter o Kicks como líder de SUVs até 2017 e liberar série especial limitada do March, é hora de atender à antiga demanda de compradores e lançar câmbio CVT para March e Versa.

Chamada de Xtronic CVT, a transmissão continuamente variável para hatch e sedã compactos começa a ser produzida em maio. As vendas começam em junho. Além de March e Versa, há enormes chances de que o Kicks também tenha configuração com câmbio CVT. Ainda não há definição de versões e preços.

Ajustes finais de dirigibilidade, acústica e de produto serão feitos até a apresentação, também em maio. Está definido, porém, que apenas os carros equipados com motor 1.6 flex, quatro-cilindros de 111 cavalos e 15,1 kgfm (gasolina ou etanol) terão o novo câmbio. Não há projeto de CVT para o 1.0 três-cilindros.

Foram seis meses de desenvolvimento para moldar o CVT compacto existente em outros mercados para o uso com motor bicombustível. Segundo a marca, o CVT representa "um passo além do que se oferece no segmento".

Gerente de marketing de produto da Nissan, Cristiane Sanches afirma ainda que March e Versa CVT terão nota A em consumo no programa de etiquetagem do Inmetro e vantagem sobre rivais como desempenho de aceleração e faixa de relação de marchas ampliada (8,7:1).

Foram citados como rivais compactos equipados com câmbios automatizados simples (Fiat Palio, Punto e Siena/Grand Siena com Dualogic; Volkswagen Gol, up!, Fox e Voyage com I-Motion; Renault Sandero e Logan Easy'R); com automáticos de quatro marchas (Citroën C3 e Peugeot 208); e automáticos de seis marchas (Chevrolet Onix e Prisma; Hyundai HB20 e HB20S). 

Ford Fiesta Powershift (automatizado de dupla embreagem e seis marchas, que é mais caro, mas cumpre a mesma proposta) e Chevrolet Cobalt 6AT (que seria rival do Versa entre frotistas) não foram citados como concorrentes.

Nissan Versa Xtronic CVT - Divulgação - Divulgação
Alavanca de seleção para os novos Versa e March CVT: conforto e boas respostas
Imagem: Divulgação

Como anda

UOL Carros experimentou um protótipo do Versa CVT em duas sessões, cada uma com um trajeto de cerca de 10 quilômetros, em rodovia e também em ruas com péssimo pavimento nos arredores de São José dos Pinhais (PR).

Apesar de o projeto estar quase pronto, o carro ainda é conceitual por não ter isolamento acústico finalizado, nem ter uma versão definida. Equipamentos do sedã remetiam à atual versão Unique (R$ 56.190): ar-condicionado digital, vidros elétricos dianteiros com um toque, rodas de 16 polegadas com acabamento escurecido, retrovisores externos com repetidor de seta, sistema multimídia. O emblema, porém, eram da SL (R$ 50.690), mais em conta e menos equipada. 

Segundo executivos da Nissan, ainda será definido se todas as versões de Versa e March 1.6 terão opção de câmbio CVT. Ou se isso ficará a cargo apenas das versões de topo. Estuda-se o melhor cenário para atender tanto a pessoas físicas, quanto a frotistas, já que o objetivo é vender bastante.

Em movimento, surpresa: o Versa CVT se porta melhor do que qualquer outro modelo com este tipo de câmbio no mercado nacional -- e aqui falamos de Sentra e Altima, Honda Fit e City e até Toyota Corolla.

Nissan Versa Xtronic CVT - Divulgação - Divulgação
Placa verde indica teste com protótipo: resta definir equipamentos finais e concluir calibração.
Imagem: Divulgação
Segunda a engenharia da Nissan, o câmbio CVT fabricado no México e desenvolvido no Brasil proporciona sensações mais diretas ao acelerador, melhor saída e vantagem em retomadas, melhor uso do regime de rotações do motor e redução de velocidade em descidas com utilização de freio motor. 

Com projeto específico para motor flex de porte compacto e leve, a transmissão tem correia com maior capacidade de transmissão de torque, embreagens com diâmetro ampliado para melhoria da faixa de rotações e polia mais rígida para melhorar estabilidade do sistema, manter potência e resumir atrito -- e consumo.

Na prática, não há tranco em saídas e retomadas; não há indecisão em ultrapassagens na estrada; principal: não há morosidade e tédio na estrada, ao passo em que o carro é muito esperto em ambiente urbano.

Mesmo sem contar com a "firula" de marchas virtuais, o câmbio CVT casa bem com o regime de funcionamento do motor 1.6 flex. Há o recurso de overdrive (posição L) para situações em que é necessário arrancar com maior uso de torque.

Silêncio a bordo também é virtude do CVT: mesmo sem o isolamento finalizado, a paz reina na cabine do Versa. A programação do conjunto permite trabalho sempre na faixa de 1.900 giros em velocidade de cruzeiro (120 km/h). Se necessário, o carro responde rapidamente às pressões sobre o acelerador.

Com o funcionamento tranquilo e em baixas rotações vem o bom consumo. A marca fala em índice oficial de 7,7/10,3 km/l de etanol (cidade/estrada) medido pelo Inmetro. O painel do Versa indicava média bem próxima, de 7,8 km/l.

Resta saber qual o preço para saber se além da evolução técnica haverá também evolução nas vendas.