Rei do conforto, Sentra seria páreo para Corolla se Nissan deixasse
O Nissan Sentra entrou na linha 2017 bastante renovado. Visual mais moderno e novas tecnologias foram incrementadas a fim de deixá-lo mais atraente frente às novas gerações de Honda Civic e Chevrolet Cruze, prestes a serem lançadas, e especialmente ao líder Toyota Corolla.
UOL Carros já explicou: as vendas do sedã médio japonês estão represadas pela cota de importação do México, onde ele é fabricado. Segundo a marca, não há possibilidade de vender muito mais do que 10 mil unidades em 2016 -- o modelo tem emplacado média de 850 exemplares/mês.
Portanto, o sedã reestilizado já chega fadado a ser coadjuvante.
O que é uma pena: dentro da média em termos de equipamentos, com preço razoável e cada vez mais atraente do ponto de vista visual -- a evolução para o "mini-Cadillac" da geração passada é gritante --, o sedã japonês seria candidato forte a incomodar os líderes Corolla e Civic.
Após teste de quase 300 quilômetros com a versão SL, de R$ 95.990, por rodovias e pequeno trecho urbano entre Guarulhos e Guararema (SP), a constatação é de que, apesar de alguns problemas, o três-volumes teria condições de ir além.
O que ele tem (e não tem)
O Sentra de topo conta, de série, com todos os equipamentos disponíveis na gama. Os destaques vão para: seis airbags; controle eletrônico de estabilidade e tração; alerta anticolisão frontal; sensores de ponto cego e estacionamento traseiro com detector de tráfego cruzado; faróis com acendimento automático, projetor e guia de LED; e rodas em liga leve aro 17 diamantadas.
Trata-se de um bom pacote, sem dúvidas, embora com alguns "buracos": se o modelo já possui sensor dianteiro para o alerta anticolisão, não custaria incluir também o piloto automático adaptativo e a frenagem automática emergencial, presentes em rivais como Volkswagen Jetta e Ford Focus -- e muito provavelmente também nos novos Civic e Cruze.
Mesmo trem-de-força
Mecanicamente quase não houve alterações. O motor 2.0 flex, de 140 cv de potência e 20 kgfm de torque (com gasolina ou etanol), apresenta ótimo vigor para rodar na estrada, e também boas arrancadas e retomadas na cidade.
Mas consumo não é seu ponto forte: média de 10 km/l na estrada com gasolina não empolga.
A transmissão CVT (continuamente variável) tampouco foi recalibrada, e segue deixando um pouco a desejar em relação à do Corolla. Sem emular marchas, seu funcionamento é correto em velocidade de cruzeiro a 120 km/h (cerca de 2,5 mil giros), mas demora a encontrar a relação certa quando se muda abruptamente a pressão sobre o acelerador.
Somente a direção elétrica recebeu ajustes, a fim de manter a leveza em manobras, ficando mais firme a velocidades maiores. Não deu tanto resultado: segue um pouco leve demais na estrada.
Suspensões primorosamente calibradas, apesar do uso de barra de torção na traseira, rigidez torcional acertada, ótimo espaço interno -- são 2,70 metros de entre-eixos, nível igual ao do Corolla e superior aos demais rivais -- e bancos bastante ergonômicos (com excelentes abas laterais) conferem excepcional conforto.
Por outro lado, nível de invasão dos ruídos externos, de motor e rolamento dos pneus decepcionam para um carro desse valor e porte, especialmente para quem viaja na parte de trás. A central multimídia de 5,8 polegadas é outra que tende a ficar defasada rapidamente: gráficos aparecem serrilhados, comandos não são intuitivos e falta opção de espelhamento de celulares.
Passaporte brasileiro faz falta
Pesando qualidades e defeitos, concluímos que o Sentra não deixa de ser um conjunto muito interessante no segmento.
Entretanto, as já mencionadas limitações impostas pela decisão de não fabricá-lo localmente -- tanto que a montadora sequer trará versões com câmbio manual da linha 2017, pelo menos por enquanto -- não permitirão que essa batalha aconteça. Infelizmente.
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