Novos Onix e Prisma se alinham ao mercado, sem inovar; assista
Uma das maiores preocupações da General Motors na apresentação dos renovados Onix e Prisma foi ressaltar o caráter "ecológico" dos novos compactos. Há um emblema "Eco" na carroceria dos carros e o consumo, segundo a fabricante, caiu 18% no caso do hatch e 22% para o sedã.
Por trás disso, novo motor e alta tecnologia, certo? Errado: a marca preferiu aprimorar as antigas família SPE/4 (por sua vez derivados dos já velhos VHC) de 1 e 1,4 litros. UOL Carros já contou todas as mudanças feitas nos motores flex.
Mas, mesmo sem a mudança, será que as alterações ampliaram a eficiência e melhoraram a vida do motorista? Nossa reportagem testou a configuração LTZ automática de 1,4 litro tanto de Onix (R$ 59.790) quanto de Prisma (R$ 64.690). Confira aqui os pacotes de equipamentos.
Veja detalhes do Onix LTZ no álbum exclusivo.
O quanto bebem
O test-drive foi feito serpenteando estradinhas das serras gaúchas entre Gramado e Bento Gonçalves, passando por pequenos trechos de rodovias duplicadas e também por breves perímetros urbanos.
Em cada trecho, foram cerca de 200 quilômetros a bordo de Onix e, depois, Prisma: os 98/106 cv de potência (a 6.000 rpm) se mostram suficientes para levar o hatch a alcançar velocidade de cruzeiro sem esforço, girando na casa dos 2.500 giros. É preciso exigir mais do acelerador, porém, para retomadas e ultrapassagens, fazendo o motor gritar de forma pouco agradável -- e o isolamento desse ruído segue deficiente.
A transmissão automática é muito superior a qualquer automatizada monoembreagem, mas não chega a ser tão eficiente quanto aquela do Hyundai HB20. As respostas são menos espertas, especialmente nas reduções. Apelar às trocas manuais -- por meio de pequenas teclas na lateral da manopla -- é algo recomendado em situações pontuais, devido à pouca ergonomia.
Resultado final não chega a empolgar, mas pode ser considerado bom para as condições encontradas: 12 km/l com gasolina.
O Prisma, apenas 11 quilos mais pesado (1.074 contra 1.085 kg em ordem de marcha), porém com aerodinâmica levemente superior -- devido, em partes, ao caimento do teto --, se saiu surpreendentemente melhor: 13 km/l.
E o restante?
Esteticamente é visível como Onix e Prisma evoluíram. O capô alongado, a grade alargada e os faróis espichados deram ar mais ousado à família. Pena que a GM não tenha afilado tanto os faróis, como no Cobalt, deixando-os um pouco mais largos e ressaltados que o dos sedãs maiores -- o padrão vem do novo Cruze.
Na versão LTZ, a assinatura em LED é charme extra, embora não exerça a função de luz diurna. Na verdade, ela é mais visível apenas à noite ou em situações de iluminação artificial. Traduzindo: se usar apenas o LED durante o dia em rodovias e túneis, você vai tomar multa, portanto ligue o farol baixo.
Dinamicamente, é preciso destacar o comportamento exemplar das suspensões -- recalibradas para ficar 1 cm mais baixas e ajudar na eficiência em consumo --, que responderam muito bem à buraqueira excessiva das estradas. Por outro lado, a redução de 32 e 34 kg, respectivamente para dois e três-volumes, não se refletiu numa carroceria que rolasse menos, um dos defeitos do modelo.
Por dentro, o padrão de acabamento é praticamente o mesmo: peças de plástico duro em excesso, embora encaixados de maneira bem alinhada e sem rebarbas. Com relação à central MyLink, o novo sistema com tela tátil de 7 polegadas, botões físicos (comandos de volume, estações de rádio e regressar à página principal) e conexão com Android Auto e Apple Carplay representa avanço notável.
Os bancos ficaram mais estilosos com as abas laterais ressaltadas, as faixas externas em couro sintético e o miolo com texturas em alto relevo, embora este último item seja exagerado. A espuma de maior densidade confere firmeza e melhora o conforto.
Itens como controle de estabilidade (já presente em rivais como Ford Ka e Volkswagen Fox) e ganchos para cadeirinhas Isofix, infelizmente, foram deixados para uma próxima geração. Mesmo o OnStar não supre a ausência desses elementos tão importantes de segurança.
No fim das contas, pode-se dizer que Onix e Prisma estão bem acertados para os padrões da concorrência, e com fôlego renovado para continuarem líderes -- das vendas em geral, no caso do Onix, e do segmento, no caso do Prisma -- por mais algum tempo.
Mas só por algum tempo: no lançamento, um dos slogans usados foi "Onix e Prisma são carros de hoje". Ficou claro que a GM apenas se alinhou às exigências de um mercado cada vez mais complexo, deixando de lado a inovação quase obrigatória para modelos que querem ser, mais do que líderes, uma referência em tecnologia.
Viagem a convite da General Motors do Brasil
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