Toyota Etios a R$ 70 mil convence como "carro maior"? Assista
Um dos efeitos da crise instaurada no mercado automotivo é positivo: há maior oferta de modelos, seja com lançamentos frequentes, seja com ampliação do recheio de carros já existentes. Se não tiver algo novo, o consumidor foge. Mas sem poder investir muito em modelos inéditos, diversas marcas apelam ao incremento de modelos menores, que recebem equipamentos para atuar em patamares superiores.
Foi isso que a Volkswagen fez com o Fox, ao substituir o Polo antigo, sem trazer o atual Polo europeu. Foi o que a Fiat fez com o Uno, ao elevá-lo a preços entre R$ 42 mil e R$ 53,7 mil. O que a Kia fez com o Soul, que virou carro premium -- e encalhado -- de mais de R$ 90 mil. Em exemplo mais recente, o que a Honda fez ao Civic, com diferentes versões, a mais equipada delas custando R$ 125 mil.
É isso, também, o que a Toyota quer fazer com o Etios, que chegou ao Brasil em 2012 sob fortes críticas por conta do projeto indiano, visual antiquado e acabamento abaixo do padrão da marca. A Toyota fez a lição de casa e mexeu bastante no compacto durante seus quatro anos de mercado e, mesmo sem mudar a geração do modelo, deu grandes saltos. Será o bastante?
Fato é que agora há dois tipos de Etios -- vamos tomar o sedã como exemplo: um deles é Etios X, que tem o mesmo visual de sempre, parte de R$ 49.960 com novo câmbio manual de seis marchas e chega a R$ 54.690 com câmbio automático de quatro marchas, que até é bem calibrado, mas que sofre do mal de qualquer caixa defasada (falta marcha, sobra ruído quando se exige do acelerador). Há boa oferta de itens de segurança e o painel central evoluiu bastante ao copiar bem o Prius.
Outro é o Platinum, testado por UOL Carros, que traz acabamento revisto e em tons escuros (não elimina a profusão de diferentes plásticos existentes na cabine, mas melhora a percepção), central multimídia até que bem completa (tem até TV, mas não projeta smartphones Android e Apple) e visual externo (para-choques e grade dianteiros) melhorado, como pode ser visto aqui na vídeo-reportagem de André Deliberato. O câmbio é apenas o automático de quatro marchas.
A questão é que este outro Etios custa R$ 68.120, o que cria uma situação estranha, para dizer o mínimo: se você tem R$ 70 mil no bolso, vai preferir sair da loja Toyota a bordo do Etios ou de um Corolla?
O sedã médio com motor 1.8 flex de 144 cavalos (etanol) sai por R$ 68.740 na configuração manual da versão GLi; ou R$ 69.040 com câmbio automático CVT, que emula sete velocidades e é muito, muito mais eficiente.
Convence?
Descontando esse toque realista, supondo que alguém escolhe o Etios Platinum nesta situação, temos outra questão: ele consegue se posicionar no andar de cima?
Os carros citados inicialmente na reportagem realmente melhoraram em termos mecânicos e tecnológicos -- embora, na opinião de UOL Carros, não justifiquem os preços cobrados. Já o Etios mudou, como também dissemos, mas fica longe de convencer plenamente nesta nova faixa de preço.
É importante lembrar que, em 2012, ele custava entre R$ 29.990 e R$ 44.690.
Agora que a Toyota disfarça as versões mais caras, e cria um degrau feito de maquiagem visual, equipamento e acabamento realmente melhorados é preciso apontar um fato: as duas faces do Etios são montadas exatamente sobre o mesmo carro.
Este carro anda de forma exemplar para o segmento, com o motor 1.5 flex de 107 cv (com etanol) entregando bom fôlego, potência e economia de combustível, ainda que o câmbio de apenas quatro marchas tire parte da esperteza do propulsor. Também é um carro seguro e com muito espaço (só que nunca ao nível do Corolla).
Mas quando se cobra R$ 70 mil é preciso entregar mais, algo que o Etios não oferece: sentimos que a cabine é escura demais, pouco aconchegante durante viagens noturnas na estrada (faltam luzes-espia e sinalizadores de comandos, redução de custo que atrapalha o condutor), notamos que o sistema de ar-condicionado deveria ser mais eficiente e que em nenhum lugar do mundo é aceitável que um carro desse valor tenha sistema de limpeza do para-brisa tão simplório.
Neste patamar, é preciso ir além da carinha diferente: andar bem é fundamental, mas também é necessário entregar experiência realmente superior.
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