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UOL Carros meteu a mão na massa e ajudou a montar uma S10; veja resultado

UOL Carros também já montou um motor. Relembre

UOL Carros

Leonardo Felix

Do UOL, em São José dos Campos (SP)

13/02/2017 14h12

Ajudamos a produzir a unidade número 1 milhão da picape no Brasil

Fabricar um automóvel com certeza está entre os métodos industriais mais complexos. Afinal, estamos falando do alinhamento de diversos processos, como metalurgia, engenharia mecânica, eletrônica, química etc., que precisam estar em harmonia no produto final.

Tenhamos como exemplo a sede da General Motors em São José dos Campos (SP). Existente desde 1956, emprega hoje em dia 5.500 funcionários -- dado apurado extraoficialmente pela nossa reportagem, já que a fabricante não confirma o número --, distribuídos em seis áreas independentes de fabricação.

Lá constam atualmente linhas para produzir motores flex (1.0, 1.4 e 1.8 aspirados de Onix, Prisma, Cobalt e Spin); motores a diesel (2.8 de S10 e Trailblazer); transmissões (manuais de seis marchas); peças plásticas (para toda a gama nacional); estamparia (prensagem e molde de chapas de metal para S10 e Trailblazer); e a própria linha de montagem de S10 e Trailblazer.

No chão de fábrica

Foi nesta última área que eu e o cinegrafista/fotógrafo Murilo Góes tivemos a oportunidade de colocar a mão na massa e participar da montagem da unidade de número 1 milhão da família S10 -- que engloba as duas gerações da picape, mais sua derivação SUV, Trailblazer, e sua antecessora, a antiga Blazer.

Lá, nos juntamos a outros 1.200 operários responsáveis pela montagem das unidades.

No passeio pela linha conhecemos todas as subdivisões da área: funilaria (solda e encaixe das chapas de metal), encaixe do trem-de-força ao chassi (que chega pronto de fornecedor terceirizado), pintura da carroceria, tapeçaria (inclusão de bancos e revestimentos internos), montagem final e inspeção de qualidade. 

Funcionários da GM em linha de montagem da Chevrolet S10 em São José dos Campos (SP) - Fabio Gonzalez/Divulgação - Fabio Gonzalez/Divulgação
Linha de São José tem atualmente 1.200 funcionários trabalhando em dois turnos
Imagem: Fabio Gonzalez/Divulgação

Hora de trabalhar

A montagem final foi o local escolhido para UOL Carros trabalhar: fiquei responsável por efetuar a programação eletrônica das unidades. O trabalho é relativamente simples: basta conectar um programador à central eletrônica, esperar pela programação automática e, depois, testar todos os comandos eletrônicos presentes no painel.

Uma S10 contém até 18 módulos eletrônicos na versão de topo High Country. Tais módulos gerenciam itens como controle de estabilidade e tração, freios ABS, direção assistida, ignição, computador de bordo, central multimídia, ar-condicionado, travas e vidros elétricos, limpadores de para-brisa... Enfim, todas as partes do carro que demandam auxílio eletrônico.

Na teoria tudo pareceu fácil. O problema é que a operação tem de ser completada num intervalo de 2 minutos e 48 segundos, tempo médio que a linha tem para entregar um exemplar pronto ao grupo de inspeção. Com esse ritmo de trabalho, a fábrica produz, atualmente, cerca de 20 veículos por hora, ou 300 por dia em dois turnos. 

O tempo é mais que suficiente para um funcionário experiente, mas acredite: dura muito pouco para quem nunca havia feito algo parecido na vida. Para piorar, o próprio programador eletrônico realiza uma contagem regressiva para que o funcionário termine seu trabalho dentro do prazo.

Caso não consiga, tem de recomeçar tudo. Se ainda assim não der certo e a unidade chegar ao final daquela estação sem estar com a programação pronta, a linha inteira para. Pouca pressão, não?

Quer ver se consegui dar conta? Confira no vídeo e descubra, também, para onde vai a unidade 1.000.000 da S10 -- que atualmente é vendida em cinco países: Brasil, Argentina, México, Paraguai e Uruguai. 

Chevrolet S10 1 milhão - Fabio Gonzalez/Divulgação - Fabio Gonzalez/Divulgação
No círculo vermelho, lá está nosso repórter registrado como um dos montadores da S10 número 1.000.000
Imagem: Fabio Gonzalez/Divulgação

Trabalhadores em risco

O grande pesar é que, nesta segunda-feira (13), a GM deu férias coletivas a 2,2 mil funcionários de São José dos Campos. Oficialmente a marca afirma que se trata de "adequação às demandas do mercado interno".

Reportagem do jornal Valor Econômico afirma que a medida estaria ligada a um impasse no acordo comercial com o México, provocado pelas recentes medidas do presidente dos Estados Unidos, Donald Trump. A matriz da GM teria suspendido a exportação de 15 mil unidades de S10 e Trailblazer ao país da América Latina.

Ainda de acordo com o Valor, a manutenção desses empregos está em risco até que a situação se resolva.