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Fomos a Cunha (SP) tentar descobrir: por que cidade tem tanto Fusca?

Sidney Rangel com o sogro João Osório e a filhinha Camila no Fusca Itamar 95 - Murilo Góes/UOL
Sidney Rangel com o sogro João Osório e a filhinha Camila no Fusca Itamar 95 Imagem: Murilo Góes/UOL

Leonardo Felix

Do UOL, em Cunha (SP)

18/05/2017 04h00

Moradores contam a UOL Carros por que velho sedãzinho ainda é o carro preferido da população local

Encravada aos pés das Serras do Mar e da Bocaina, Cunha é formada por fortes alterações de relevo, com muitos morros e ladeiras de difícil acesso. Para complicar ainda mais, são poucas a vias asfaltas ali, mesmo no coração da zona urbana. Enquanto na cidade se usa basicamente paralelepípedos, na área rural reinam as estradas de terra batida.

Ou seja: não é qualquer veículo que "aguenta o tranco".

+ ESPECIAL: UOL Carros leva novo VW up! à terra do Fusca

Por algum motivo até hoje não estudado, o Fusca ganhou fama de ser o único carro de baixo custo capaz de romper tais obstáculos sem deixar os moradores na mão.

Nem a própria comunicação da Volkswagen diz saber. Nunca foi feito um levantamento sobre o assunto, nem cálculo oficial sobre o total de emplacamentos do modelo por lá. Segundo a Volks, boa parte dos carros que circulam em Cunha veio de lojas de cidades da região ampla, como Taubaté, Campos dos Jordão e até São José dos Campos -- Cunha, mesmo, não tem loja.

Apesar disso, o Fusca virou ferramenta de trabalho de grande parte dos 12 mil moradores dos distritos rurais. São aproximadamente 1.300 "besourinhos" rodando pelo município, de acordo com a prefeitura local. A marca também não confirma este número.

O que diz quem tem Fusca

"Para andar nessas estradinhas vicinais que temos aqui não tem carro igual ao Fusca", diz Teodoro Cassinha, mecânico da cidade. Suspensões valentes, tração traseira e mecânica de simples manutenção são os itens destacados por ele como fundamentais para a boa fama do sedãzinho.

Mas quando essa tradição começou? Ninguém sabe ao certo. "Desde que me conheço por gente tem Fusca na minha família", conta o pedreiro João Osório, de 68 anos. O genro, Sidney Rangel, que exerce a mesma profissão, dirige Fusca desde os 14 anos (hoje tem 38) e atualmente tem uma unidade.

Rangel fez questão de transferir o gosto pelo clássico alemão para a filha Camila, de 8 aninhos, que garante: seu primeiro veículo também será um Fusquinha.