Citroën C3 6AT é o melhor carro da marca feito no Brasil; mas vai vender?
É fato que o Citroën C3 estava meio que esquecido pela própria marca -- que também está em regime de marcha lenta no Brasil há mais de uma temporada. Mas, finalmente, houve um motivo para o projeto acelerar, com a chegada da linha 2018, que finalmente passa a ter câmbio automático de seis marchas como opção.
São três versões com o câmbio AT6 acoplado ao motor 1.6 Vti 4-cilindros aspirado flex recalibrado. Preços vão de R$ 58.540 a R$ 65.490.
Você, leitor, acha que o C3 AT6 pode dar certo? Mais: você acha que ele faz frente aos rivais? Compraria um? Responda nos comentários.
Transmissão, fornecida pela japonesa Aisin, também está disponível para o familiar Aircross e aposenta a defasada caixa de quatro marchas, que tinha trocas imprecisas e fazia o carro consumir uma fábula (UOL Carros, por vezes, anotou consumo médio igual ou inferior a 3 km/l de etanol ou menos com aquele câmbio). Ela é semelhante ao equipamento que já equipa há tempos modelos como Peugeot 308, Citroën C4 Lounge e C4 Picasso, dentro do grupo francês -- além de, com alguns acertos próprios, concorrentes como Jeep Renegade e Fiat Toro.
Para C3, Aircross e, em breve, Peugeot 208 e 2008, o câmbio AT6 é fabricado no Japão, programado da França e importado de lá para Porto Real (RJ)."
É o que indicam executivos da PSA.
Essa operação, infelizmente, faz com que o investimento seja alto e o valor de mercado mais alto que o esperado para se ter competitividade. Mas é um passo necessário para a sobrevivência da Citroën no segmento -- atualmente, o C3 tem vendido média de apenas 800 unidades ao mês, mas pode fazer melhor que isso, em nossa opinião.
Um C3 mais atual
Se a chance de a novíssima geração europeia aportar por aqui é zero, trabalhar para deixar o carro atual alinhado ao que é oferecido no mercado é a saída, não é mesmo? Nesse ponto não há do que reclamar do C3: com as recentes alterações praticadas pela marca, o C3 conseguiu se recolocar como um carro condizente com o que o mercado de compactos oferece atualmente no Brasil.
Primeiro foi a substituição do motor 1.5 4-cilindros pelo novíssimo 1.2 3-cilindros PureTech. Essas versões com motor 1.2 são donas do melhor consumo do Brasil (ao lado do Peugeot 208).
Técnicos da marca falam em economia extra superior a 7% na comparação com um C3 2017.
Agora (com bastante atraso), a caixa automática de seis marchas enfim coloca o hatch premium em pé de igualdade com rivais diretos, mas também retira o abismo que havia mesmo para modelos menores e mais baratos, como Chevrolet Onix e Hyundai HB20. Somando tudo, temos opções muito interessantes para quem faz uso racional do carro.
UOL Carros rodou com uma unidade da versão de topo Exclusive por quase 400 quilômetros, na cidade e também na estrada, e percebeu a evolução. Relações encurtadas nas marchas mais baixas, uma sexta marcha alongada, operando quase que como um overdrive, excelente nível de conforto, sem ruídos ou vibrações. Em nossa avaliação o consumo médio chegou a 10 km/l com gasolina em ciclo misto.
Com giros quase sempre próximos à faixa de 2.000 rpm, praticamente não se escuta o funcionamento do motor da cabine. Se a potência caiu de 122 para 118 cv quando abastecido com etanol, a 5.750 rotações, e torque baixou para 16,1 kgfm com qualquer combustível, nada compromete o fôlego na cidade ou até para andar em velocidade de cruzeiro na rodovia.
Há uma sutil demora de resposta nas retomadas, ao passo em que a manopla continua a deslizar em degraus, enquanto quase todos os concorrentes já migraram para o trilho em linha reta (método muito mais prático e suave).
Nada disso tira dele o trunfo de ser um carro confortável, como a marca quer oferecê-lo. Ergonômico também. E preciso, com suspensões que trabalham de maneira eficaz, oferecendo boas respostas para quem gosta de um veículo um pouco mais macio, mas sem parecer de gelatina.
Pena que o isolamento acústico em relação a barulhos externos, como chuva ou rolamento dos pneus, não esteja no mesmo nível. Falta também uma central multimídia mais completa, fácil de usar e com ajustes corretos (há Apple Carplay, mas não Android Auto -- no lugar, o complicado Mirror Link). O volante é grande demais e, mesmo na versão mais cara, não há banco de couro de série, nem controles de tração ou estabilidade.
O que há de errado?
Principal, porém: falta à marca acreditar mais em seu veículo. O carro não traz um emblema de versão, um indicativo que seja de que o câmbio é de nova geração e o motor, revisto. Também não há informação sobre chance da marca investir pesado em publicidade. Atualmente, nos principais meios, a marca veicula apenas peças genéricas sobre como as pessoas gastam seu tempo a bordo dos carros.
Ainda assim, a Citroën acredita que pode vender 10% mais de cara, sendo que metade de todas as vendas será do C3 AT6, metade do C3 manual.
Ao mesmo tempo, por mais que ações de fundo tentem alterar isso, muitos clientes em potencial ainda enxergam a Citroën (e mesmo a Peugeot) como marcas com problemas crônicos de manutenção e pós-venda, algo que é mortal para o marketing de qualquer automóvel que se diz "premium".
Fica evidente que a marca sofre com o preconceito criado, culpa de pouca mão de obra competente e pouco investimento da marca em marketing e pós-venda."
Esse é a opinião do leitor "thelong" nos comentários de nossa reportagem sobre a chegada do novo câmbio à linha C3.
A Citroën insiste que tudo isso é passado, mas se não souber promover seus pontos fortes e seguir escondendo ótimos predicados, vai deixar o modelo morrer à míngua. Injustamente.
Motor e pacote condizentes com o mercado o hatch tem. Visual pode estar um pouco cansado, mas ainda é atual. Revisões estão entre as mais baratas do mercado. Trabalho para melhorar a fama em pós-venda também parece profícuo. E o câmbio, apesar do atraso, ajudou a dar uma nova vida ao modelo.
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