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Prejuízo com acidentes de trânsito pagariam 5 anos de contas da Previdência

Cenas como esta lamentavelmente são comuns no dia a dia do trânsito brasileiro - Fernanda Ramos/Dirio de Santa Maria/Folhapress
Cenas como esta lamentavelmente são comuns no dia a dia do trânsito brasileiro
Imagem: Fernanda Ramos/Dirio de Santa Maria/Folhapress

Denis Freire de Almeida

Colaboração para o UOL, em São Paulo (SP)

01/02/2018 14h53

Conta feita desde criação do Código Brasileiro de Trânsito, há 20 anos, mostra perdas de R$ 720 bilhões

Neste mês de janeiro, o Código de Trânsito Brasileiro (CTB) completou 20 anos. Desde a criação da lei nº 9.503, em 23 de setembro de 1997, o texto original teve 33 alterações, além de outras 700 resoluções para regulamentar temas importantes. No mesmo período, desde 1º de janeiro de 1998 até o final de 2017, estudo feito pelo Observatório Nacional de Segurança Viária (Onsv) indica gastos de R$ 36 bilhões por ano com acidentes de trânsito, ou seja, um total de R$ 720 bilhões em 20 anos.

Este valor representa 12% do PIB (Produto Interno Bruto) do Brasil, 41% do PIB do Estado de São Paulo e 1,5 vez o PIB da cidade de SP. E ainda assim, acidentes e gastos seguem ocorrendo, sem que o Código e suas medidas tenham sido suficientes para redução significativa do número de mortes e vítimas com sequelas graves.

De acordo com dados do Ministério da Saúde, morreram 662.219 pessoas de 1998 a 2015 em decorrência dos acidentes de trânsito. Os pedestres são os que mais morreram, seguidos dos ocupantes de automóveis, depois pelos motociclistas, ciclistas, ocupantes de caminhões e, por fim, de ônibus.

Porém, com o aumento da frota de motos, atualmente os motociclistas são as principais vítimas (veja o gráfico abaixo).

Gráfico mostra número de acidentes desde 1998 - Divulgação - Divulgação
Imagem: Divulgação

Mas afinal, o que daria para fazer com R$ 720 bilhões?

Previdência pública: Cobrir 5 anos (de 2014 a 2018) do rombo. A somatória do rombo desses anos é de R$ 675,6 bilhões.

Hospital: Construir 22 mil novos hospitais com 250 leitos, UTI e unidade de traumatismos graves (e garantir sua manutenção).

Escolas: Quase triplicar o número de escolas. Hoje são 190 mil em atividade no país.

Habitação: Suprir o déficit habitacional brasileiro, com sobra de 70%, na construção de casas. Hoje há um déficit de 6 milhões de moradias.

Segurança pública: O dinheiro supera em mais de duas vezes o que é gasto anualmente com Segurança Pública no país.

Rodovias: Construir 185 mil quilômetros de rodovias, que equivalem a 400 Anhanguera, quase 600 Castelo Branco e mais de 1.000 Bandeirantes.

Ferrovias: Construir mais 60 mil quilômetros de ferrovias, o que mais que triplicaria a extensão atual de trilhos. Hoje o Brasil conta com pouco mais de 20 mil quilômetros.

*Denis Freire de Almeida é jornalista, piloto de testes e instrutor de Direção Preventiva e Defensiva.