SUV ou perua? Mercedes GLC encara Classe C Estate em duelo familiar
Utilitário esportivo aproveita "febre" do segmento, mas perua ainda resiste como alternativa
Peruas já foram o sonho de consumo das famílias brasileiras. Espaçosas e versáteis, elas eram o carro ideal para quem viajava com a turma toda.
Porém, passaram os anos 1990, avançaram os 2000 e os SUVs foram tomando o lugar das peruas -- até chegar ao ponto da quase extinção. Tanto é assim, que a Mercedes-Benz é uma das poucas marcas que ainda oferecem duas opções de categorias tão distintas para um mesmo público: C 300 Estate (perua) e GLC 250 (SUV), ambos visando o público que quer algo além daquilo oferecido pelo sedã Classe C.
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O SUV foi avaliado por UOL Carros na versão Sport (R$ 304.900), mas há uma versão de entrada chamada Highway (R$ 270.900), com preço mais próximo ao pedido pela C 300 (R$ 278.900).
Esportivo da família
Ambos utilizam o mesmo motor 2.0 turbo, calibrado para entregar números de potência e torque ligeiramente superiores na perua: o GLC tem 211 cv e 35,6 kgfm, enquanto a C 300 possui 245 cv e 37,7 kgfm. Com trocas rápidas e imperceptíveis, o câmbio automático de nove marchas também é compartilhado entre os modelos.
Além de mais potente, a C 300 é 140 kg mais leve e, por tabela, acelera mais rápido também: são 6,1 segundos para ir de 0 a 100 km/h, sendo que o GLC precisa de 7,5 segundos para realizar a mesma tarefa.
De fato, é na dirigibilidade que estão as maiores diferenças entre os dois Mercedes. A perua traz quatro modos de condução e fica bastante arisca no modo Sport+, o qual deixa as assistências eletrônicas ligeiramente mais permissíveis.
De tão firme, a direção chega a ser pesada para um veículo projetado para famílias. Ou nem tanto: conduzir a C 300 é quase um exercício de egoísmo, justamente por ser uma experiência mais prazerosa apenas para o motorista.
Já o GLC não nega fogo quando solicitado, mas é mais pacato do que a C 300. Aparentemente a Mercedes-Benz não quis imprimir a mesma esportividade presente no Audi Q3, até hoje uma referência em dirigibilidade entre os SUVs compactos premium. Sendo assim, o GLC é um típico SUV: bem agradável de dirigir e menos afeito a uma tocada mais nervosa principalmente por seu centro de gravidade mais elevado. Traduzindo: as curvas fechadas feitas com destreza pela perua não são tão bem executadas pelo GLC.
SUV é mais espaçoso
Os modelos até se aproximam no comprimento (a perua é 5 cm mais longa, com 4,70 m contra 4,65 m), mas o GLC tem 3 cm a mais de distância entre eixos (2,87 metros contra 2,84 metros), é 8 cm mais largo (1,89 metro contra 1,81 metro) e obviamente bem mais alto por ser um SUV (1,64 metro ante 1,46 metro da C 300).
A capacidade do porta-malas é de 550 litros no GLC e 490 litros no C 300. Entretanto, apesar do maior volume divulgado, o compartimento da C 300 acomodou mais malas do que no SUV, como você pode ver nas fotos de Murilo Góes. Nenhum deles oferece espaço debaixo do assoalho para abrigar o estepe. Nos veículos cedidos pela Mercedes, o pneu sobressalente estava dentro do porta-malas, roubando um espaço considerável do compartimento de bagagens.
Falta espaço para pernas e cabeças de ocupantes mais altos no banco traseiro da C 300, uma ironia das grandes para uma perua. Além disso, o túnel central excessivamente alto rouba o já diminuto espaço destinado às pernas do terceiro passageiro. A perua traz outras incoerências para um veículo que custa mais de R$ 250 mil, como ajustes elétricos apenas no banco do motorista -- o carona da frente precisa regular seu banco da maneira convencional.
Propostas distintas
Quem procura tecnologia de ponta pode se decepcionar com os dois modelos. Nenhum deles oferece um sistema de condução semi autônoma, presente em rivais como o Volvo XC40 e atualmente restrito à nova geração de modelos mais caros da Mercedes-Benz, como os Classe S e E. Não há nem piloto automático adaptativo, apenas o sistema convencional com limitador de velocidade.
Ambos também carecem de uma central multimídia mais moderna, insistindo no confuso sistema de navegação pelos menus por um seletor giratório -- embora ainda haja a opção de um touchpad igualmente complicado de operar. A solução é simples: em vez desses dois recursos, uma tela tátil já resolveria o problema.
De resto, porém, a lista de equipamentos de série é praticamente idêntica nos dois modelos, incluindo sete airbags, sensores de estacionamento dianteiros e traseiros, alerta de fadiga, assistente de partida em rampas, faróis full led e teto solar panorâmico (com acionamento elétrico na C 300). Igual nos dois modelos também é o refinamento da cabine, muito bem acabada e com uso de materiais nobres como alumínio e couro.
Feitos para agradar famílias numerosas, C 300 e GLC não são tão parecidos quanto sugerem. Apesar de compartilharem motor e transmissão, a perua é nitidamente direcionada para quem precisa de um carro espaçoso sem abrir mão da esportividade.
Já o GLC não é tão prazeroso de guiar, mas oferece todos os outros predicados da C 300 mais a sensação de imponência proporcionada pela posição elevada de dirigir, ingrediente principal da receita de sucesso dos SUVs. E ainda acomoda todo mundo com mais folga.
Se você faz questão de espaço e quer andar na moda, o GLC é a melhor escolha. Agora, se desempenho vier antes das outras necessidades, não tenha dúvida e fique com o C 300.
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