Avaliação: Volkswagen Polo GTI tem tudo que queríamos ver no nosso Polo GTS
Aceleramos configuração europeia de 200 cv e contamos o que futuro esportivo brasileiro de 150 cv deve herdar dele
Já não é muito segredo que está nos planos da Volkswagen -- com provável revelação no Salão de São Paulo, em novembro -- lançar uma configuração "envenenada" do novo Polo no Brasil. Será o Polo GTS, versão esportiva que usará motor 1.4 turboflex de 150 cv (vindo de versões intermediárias também do Golf).
Ela formará, junto com o Virtus GTS, dois dos 10 lançamentos restantes prometidos pela fabricante até 2020.
Como será o Polo GTS? Não é tão impossível imaginar se olharmos para o Polo GTI europeu. UOL Carros foi à Alemanha dar uma voltinha na versão mais furiosa de toda a gama do Polo 6 no mundo a fim de responder à seguinte questão: o que poderá ser "transplantado" dele para o Polo GTS?
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Sonhos inalcançáveis
Várias coisas deixaram nossa reportagem babando pelo Polo GTI, mas sabemos que algumas delas são impossíveis de se implantar no Polo GTS. A mais importante delas é o motor -- aliás, a sutil mudança na sigla explicita justamente o grau distinto de esportividade: a gama "GTI" é a mais bruta entre os modelos da Volkswagen; a "GTS" denota um esportivo de nível intermediário.
Assim, o esportivo europeu está equipado com o mesmo 2.0 4-cilindros turbo a gasolina de injeção direta, comando eletrônico de válvulas e ciclo Miller do Golf GTI, o que por si dá uma boa dimensão do potencial de diversão. No Polo, porém, a calibração é um pouco mais "recatada": 200 cv de potência (entre 4.400 e 6.000 rpm) e 32,6 kgfm de torque (logo a 1.500 giros).
Agora imagine poder explorar toda essa cavalaria -- num contexto em que a carroceria pesa 1.355 kg em ordem de marcha e forma uma relação peso-potência de 6,78 kg/cv -- numa daquelas autoestradas alemãs sem limite de velocidade.
Ali foi possível sentir em plenitude o "poder de fogo" do modelo, de uma forma que o propulsor turboflex de 1,4 litro do nosso Polo GTS jamais será capaz de alcançar. É claro que um hatch compacto de 150 cv e 25,5 kgfm também tem tudo para ser divertido, mas não da maneira avassaladora que o GTI consegue.
Outro destaque vai para o rapidíssimo câmbio dupla-embreagem de seis marchas, um bocado mais ágil que a caixa automática com conversor de torque, também de seis velocidades, usada pelas versões civis do nosso Polo e que também estará presente no GTS.
E o que dizer do ronco? Borbulhante e mais intenso que o do próprio Golf GTI -- provavelmente por conta do sistema de escape mais curto --, soa como uma sinfonia para qualquer fã de carros. Não dá para imaginar o Polo GTS proporcionando algo parecido, por maior que seja o esforço de engenharia.
Com esse conjunto, enquanto o hot hatch europeu vai de 0 a 100 km/h em 6,7 segundos e alcança máxima 237 km/h (dados oficiais da fabricante), o primo brasileiro deve ficar perto de 8 segundos e 220 km/h, respectivamente, nas mesmas medições. O que não é nada mau, enfatizemos.
Tecnologicamente o padrão do Polo GTI também parece um tanto inacessível, pois ele vem equipado com uma interessante cesta de assistências ativas que inclui frenagem automática com modo de atuação na cidade (abaixo de 30 km/h), sensores de ponto cego, alerta de tráfego cruzado à ré e controle de cruzeiro adaptativo.
Por aqui o Polo GTS deve trazer itens conhecidos de outras versões do Polo, como quadro de instrumentos 100% digital, central multimídia de 8 polegadas com projeção de celulares e sensível à aproximação das mãos; detector de fadiga; bloqueio eletrônico de diferencial; frenagem automática pós-colisão; indicador de pressão dos pneus.
Realidade possível
Nada disso é motivo para se frustar, pois muitas coisas aplicadas ao Golf GTI deverão ser trazidas ao nosso Polo GTS. Felizmente.
A começar pelo visual: a Volkswagen do Brasil bebeu bastante da fonte europeia ao formar o pacote estético do esportivo tupiniquim, o que significa que até o desenho interno dos faróis (incluindo assinatura ondulada em LED), grade e para-choque dianteiro deve ser o mesmo.
Este flagra dos parceiros do "Motor1" indica que as rodas de liga leve aro 18 também serão idênticas, usando um bonito desenho diamantado bicolor com raios em forma de "Y".
Resta saber se haverá tantas insígnias indicando o nome da configuração quanto há no Polo GTI -- grade, paralamas, soleiras das portas, volante, tampa do porta-malas... --, bem como se as lanternas traseiras contarão com LED (solução inexistente em qualquer versão do Polo brasileiro, mas presente no pequeno esportivo europeu).
Por dentro, painel inclui faixas contrastantes combinando com a pintura externa da carroceria -- aliás, são cinco as opções de cores, sendo três sólidas (branco, preto e vermelho) e duas metálicas (azul e cinza) --, algo que não surpreenderia se estivesse presente no Polo GTS.
Agora, o que UOL Carros torce muito, muito mesmo, é que a Volkswagen adote por aqui os bancos revestidos em tecido xadrez.
Falando em bancos, peças usadas pelo Polo europeu demonstram ótimo nível de conforto, com espumas rígidas na medida certa. Na versão GTI, em específico, as abas laterais proeminentes seguram muito bem o corpo do motorista, contribuindo para manter uma posição de dirigir precisa em qualquer circunstância. Tomara que o GTS consiga replicar esse padrão.
Por fim, é de se esperar que a Volkswagen dê uma boa recalibrada nas suspensões. Afinal, o foco do Polo GTS estará muito menos em conforto e capacidade de encarar ondulações, como nas demais versões, e muito mais em firmeza da carroceria e e baixo nível de inclinação em curvas.
Como comparação, o GTI europeu traz braços triangulares inferiores mais baixos no eixo dianteiro, amortecedores a gás retrabalhados, molas helicoidais reforçadas e barra estabilizadora dianteira, deixando a carroceria 1,5 cm mais baixa em relação ao solo do que o Polo europeu convencional.
Tão forte quanto o Polo GTI? Não, mas ao menos o Polo GTS tem tudo para ser tão bonito quanto e quase tão divertido. Pena que não será tão acessível: enquanto o GTI sai por 23.950 euros, o nosso GTS deve flertar com a casa de R$ 90 mil.
Viagem a convite da Volkswagen do Brasil.
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