Avaliação: Volkswagen Gol fica mais "jovem" com motor 1.6 16V e câmbio AT
UOL Carros conta como ficou nova versão de topo do veterano hatch, equipada com trem-de-força herdado do Polo
G1, G3, G5, G8... Fãs, revendedores e a própria Volkswagen criam uma certa confusão ao tentar classificar as diferentes "safras" do ex-best seller Gol. Afinal, devemos levar em conta todas as modificações aplicadas ao hatch, inclusive facelift, ou apenas trocas de plataforma?
Se seguirmos à risca a segunda regra, então podemos dizer que o Golzinho se encontra apenas na terceira geração, sendo que a mais recente está no mercado desde 2008, portanto há exatamente uma década. Um dos projetos mais antigos ainda em oferta, e que na linha 2019 passou por sua terceira atualização visual e mecânica.
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Esqueçamos por um momento a dianteira com faróis e grade alargados, além de novos desenhos internos no para-choque. Afinal, a proposta já existia na Saveiro e na extinta versão Track do próprio Gol, não sendo necessariamente uma "novidade".
O grande destaque do Volkswagen Gol 2019 está no conjunto formado pelo motor 1.6 16V MSI flex e pelo câmbio automático (de verdade) de seis marchas.
Como o veterano ficou com o trem-de-força herdado do primo Polo? É o que UOL Carros responde nesta avaliação. Para isso, rodamos com a versão única -- 1.6 MSI AT, R$ 54.580 -- dotada de todos os opcionais -- R$ 5.100 -- mais pintura preta sólida. Total: R$ 59.680.
Dê o play e confira no vídeo que abre este artigo, confira todos os detalhes em nosso álbum exclusivo e veja tudo que o compacto tem logo abaixo.
Rejuvenescido
Nossa reportagem gostou do desempenho do Gol 1.6 AT. A comparação com o antigo conjunto formado pelo propulsor 8V de 1,6 litro e a caixa automatizada monoembreagem i-Motion é quase covarde. O novo trem-de-força pôs fim a trancos e lentidão, colocando no lugar silêncio e suavidade.
Embora seja um carro elástico -- são 110/120 cv (a 5.750 rpm) de potência e 15,8/16,8 kgfm de torque (a 4.000 giros) --, não espere do Gol automático algum tipo de comportamento esportivo. O baixo peso (1.040 kg) permitiu criar uma relação de marchas mais longa nas três primeiras velocidades, o que resulta em arrancadas mais progressivas do que necessariamente vigorosas.
Ainda assim, dentro da cidade as rotações permanecem quase sempre controladas à casa de 2 mil por minuto, enquanto na estrada é possível rodar sem sofrimento a velocidades de cruzeiro na faixa de 100 a 120 km/h sem qualquer tipo de aumento brusco dos giros.
Tudo isso se converte em bom consumo de combustível: nas medições de UOL Carros a autonomia foi superior a 12 km/l em circuito misto (uso urbano e rodoviário) com gasolina e com ar-condicionado sempre ligado, sendo 11 km/l em perímetro e 13,5 km/l em rodovia. Dados estão pareados com o programa de etiquetagem do Inmetro, que apontam 11,1/14,3 km/l (cidade/estrada) usando combustível derivado do petróleo, sendo 8/10,1 km/l, respectivamente, com etanol.
Apesar das limitações de isolamento acústico e contenção de vibrações impostas por um projeto de 10 anos de vida, também surpreendeu a forma contida com que o som do propulsor chega à cabine, assim como a bem-vinda presença de borboletas para trocas manuais das marchas atrás do volante (algo inesperado para um veículo considerado de entrada).
Ele ainda tem 10 anos
Mesmo claramente rejuvenescido pelo conjunto 1.6 16V AT, o Gol ainda é o mesmo Gol que conhecemos desde 2008. Para começar, não há qualquer tipo de ganho em termos de segurança, o que significa que o compacto continua a oferecer não mais do que os obrigatórios airbags frontais e freios com ABS (assistência antitravamento).
Controle eletrônico de estabilidade? Carroceria reforçada? Bolsas infláveis laterais? Nem pensar. Sequer há cinto de três pontos ou encosto de cabeça na posição traseira central, ou mesmo ganchos para cadeirinhas infantis.
Suspensões seguem um bocado duras e barulhentas, ao passo que a direção hidráulica interfere menos que a assistência elétrica presente na maior parte dos concorrentes. Se, por um lado, isso pode significar uma maior sensação de ter o carro "na mão", por outro é preciso girar mais o volante e fazer mais força em manobras. Nem todo mundo gosta disso...
Dimensões estão ficando defasadas em relação ao que concorrentes -- que imitaram a silhueta e a proposta visual do próprio Gol -- oferecem. São só 3,89 metros de comprimento, 1,66 m de largura, 1,47 m de altura e 2,47 m de entre-eixos.
N'outras palavras, o espaço interno é acanhado (embora não claustrofóbico como o de um Fiat Mobi, por exemplo) e o volume do porta-malas, declarado em 285 litros, passa longe de empolgar.
Também não espere por muita versatilidade da cabine. Ok, o Gol oferece regulagem de altura do volante e do banco do motorista nesta versão, além de um porta-celular com entrada USB. Entretanto, os porta-objetos laterais são minúsculos e há meros dois porta-copos no console central.
Além disso, o ajuste de altura do banco do condutor, em específico, continua pouco prático: enquanto na maioria dos rivais o condutor eleva o assento com um simples puxar de alavanca, jogando-o para baixo ao empurrá-la, no Gol a única opção é puxar a maçaneta e usar o peso do próprio corpo para mudar a altura.
Ah: e o encosto lombar traseiro é inteiriço ao invés de bipartido.
Bom em movimento
Concluímos, então, que o Gol é o mesmo de antes em vários aspectos, conservando velhos vícios e virtudes. O grande ganho de qualidade está mesmo na combinação entre o bom motor 1.6 MSI e a ótima caixa automática com conversor de torque da Aisin.
Aplicado pela primeira vez ao pequeno hatch, o conjunto fez o Golzinho virar, pelo menos nesse aspecto em especifico, um carro totalmente novo.
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