Queridinhos no exterior, elétricos e híbridos usados vão sofrer no Brasil
"Caçador de Carros", consultor Felipe Carvalho explica quais são as dificuldades dos carros "verdes" no mercado de seminovos nacional
Dezenove quilômetros por litro em ciclo urbano. Eu poderia estar falando de uma motocicleta, mas falo de espaçosos e pesados carros familiares.
Graças à tecnologia híbrida, em que um motor elétrico trabalha em conjunto com um a combustão, carros como o Toyota Prius e o Ford Fusion conseguem dados de consumo invejáveis por qualquer pessoa que valorize o dinheiro que tem no bolso.
Esses dois são os mais conhecidos no nosso mercado, mas existem outros modelos de outras marcas. Em comum, todos eles são bem mais caros que modelos similares que rodam somente com motores a combustão.
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Enquanto o Fusion é mais discreto e praticamente igual às versões comuns, o Prius tem carroceria própria e chama atenção com seu design futurista, do tipo ame ou odeie.
Para entender melhor o funcionamento desses motores, imagine que em vez do carro ter apenas uma bateria, como de costume, ele tem várias espalhadas. Essas baterias alimentam um pequeno motor elétrico, que trabalha em conjunto com o tradicional motor à combustão, que só é acionado em situações específicas -- como a necessidade de mais desempenho ou mesmo para recarregar as baterias.
O primeiro contato com carros desse tipo pode parecer estranho, já que é possível sair do zero somente com a força do motor elétrico, ou seja, sem nenhum barulho. Depois de se acostumar, o motorista mal percebe essas mudanças de funcionamento e conduz como qualquer outro carro.
Comparado com carros 100% elétricos, os híbridos apresentam outras vantagens, como a maior autonomia e o fato de não ter necessidade de recarga externa das baterias. Aqui no Brasil, está claro que falta muito tempo para que os elétricos se popularizarem por conta dos poucos pontos de recarga, além do longo tempo que é preciso para isso. Diante desse cenário, me parece que híbridos, mesmo que de forma tímida, terão mais espaço.
O que os taxistas pensam
Ao consultar taxistas que já usaram os dois tipos, eles foram unânimes em dizer que os elétricos foram inviáveis, justamente por esses desses dois motivos: baixa autonomia e longo tempo de recarga.
Se você chegou até aqui imaginando que seu próximo carro será um híbrido, é bom que você analise bem suas necessidades antes disso.
No mercado de usados, os híbridos ainda são vistos com receio. O comprador tem medo dos custos de manutenção e da alta desvalorização, mas nada supera o medo de ter que trocar as baterias -- por mais que os fabricantes ofereçam longos anos de garantia, vai chegar o dia em que elas terão que ser substituídas e estarão descobertas pela garantia.
Como são muito caras, ninguém vai querer pagar, portanto é possível afirmar que os híbridos têm prazo de validade, assim como costumo dizer sobre carros blindados.
Esse inconveniente poderia ser eliminado se as baterias tivessem capacidade de durar o mesmo tempo que a vida útil do carro. Não é difícil imaginar que isso seja possível: basta ver que alguns dos primeiros carros elétricos, do final do século 19, ainda funcionam com as baterias que saíram da fábrica.
Também sabemos que algumas lâmpadas feitas na época da descoberta da eletricidade permanecem acesas. Será que as baterias dos carros híbridos e elétricos sofrem de obsolescência programada?
Queda brusca no preço
Se os primeiros donos não se preocupam tanto com isso, ainda assim é um fator que pesa no mercado de usados. O carrão que quando novo custou mais de R$ 120 mil pode valer menos da metade em 5 anos e quase nada depois de 10 anos.
Nos países mais ricos, os carros híbridos e elétricos se dão bem e mostram que esse é um caminho sem volta. Por conta de incentivos à compra ou troca por modelos mais novos, a frota é relativamente mais nova que a nossa. Com isso, a perda com a desvalorização é menos sensível que por aqui.
Nosso mercado de usados é bem mais intenso, e os carros mais simples são os mais valorizados quando ficam mais velhos. Já os mais complicados, caso dos elétricos e híbridos, chegam em um ponto da vida em que não encontram mais compradores.
Além dessa sensível desvalorização, é preciso calcular quanto tempo pode levar para a economia por quilômetro rodado compensar o investimento maior nesse tipo de carro. Para ser mais objetivo, esse não é o tipo de carro que compensa para pessoas que rodam pouco. Assim como em carros com motores a diesel, é preciso rodar bastante para compensar.
*Felipe Carvalho é administrador de empresas, consultor e primeiro "caçador de carros" profissional do país. Seu canal no YouTube dedicado a avaliações de "achados" automotivos tem mais de 100 mil inscritos.
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