Lexus NX 300h: SUV híbrido é confortável e feito para desfilar
Design é ponto forte do modelo de R$ 229.990, mas faltam desempenho e tecnologia
"Omotenashi" é uma palavra da língua japonesa difícil de ser explicada até pelos próprios japoneses. O termo pode ser traduzido, de forma simplificada, como "hospitalidade" e prega pela prática de receber bem as visitas. É assim que a Lexus quer que o cliente se sinta dentro do NX 300h.
De fato, o SUV lançado no país em 2015 agrada os ocupantes e agora, além disso, é híbrido. A versão avaliada por UOL Carros foi a Luxury, de R$ 229.990. A marca, aliás, não quis esperar a oficialização do "Rota 2030" e já pratica uma nova tabela de preços, originalmente prevista para vigorar apenas em novembro. Agora os preços do SUV variam de R$ 219.990 a R$ 249.990 -- os valores iniciais iam de R$ 229.670 a R$ 260.990.
Mesmo não sendo referência em luxo, ele tem acabamento de boa qualidade, combinando couro com plásticos de textura macia. Assim como outros modelos da Lexus, o NX dá um toque de sofisticação à receita da Toyota, com peças bem encaixadas e comandos ao alcance dos olhos e das mãos -- ainda que o excesso de botões agrupados pode confundir os ocupantes. O espaço interno é bom principalmente atrás, onde dois adultos altos viajam com folga. Por falar nisso, os bancos dianteiros são extremamente confortáveis, com apoio lombar melhor do que muitos modelos alemães.
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Mordomias a bordo
O NX 300h parece ter sido um carro feito para americanos. Ele traz todos os ingredientes que o consumidor de lá adora. Um deles é a suspensão com calibragem solta demais: assim como alguns modelos da Toyota, ela prioriza o conforto a bordo, mas mal trata os passageiros em pisos irregulares. Outra característica adorada pelos norte-americanos é a comodidade: além do sensor para abrir a tampa traseira com o pé (que funciona muito bem, por sinal), o SUV tem até comandos elétricos para rebater os bancos de trás.
O design ainda não dá sinais de cansaço. Alguns torcem o nariz para a grade frontal chamada "Spindle Gril" (que evoca um carretel), um pouco desproporcional até para um SUV. Faróis (que são Full LED) e lanternas têm setas sequenciais e luzes em formato de "L", marca registrada dos modelos da Lexus. Se a dianteira é controversa, a traseira agrada pelos traços arrojados. As lanternas em formato de bumerangue “conversam” bem com os vincos da tampa. Mesmo sendo um carro com quase três anos de mercado, o NX chama muita atenção nas ruas.
Podia andar mais
Pena que o desempenho não condiz com a esportividade sugerida no visual. A Lexus trocou o antigo 2.0 turbo de 238 cv pela tecnologia híbrida -- não há mais motorizações a gasolina disponíveis no Brasil. Agora o SUV é movido por três motores: um 2.5 de quatro cilindros movido a gasolina com 155 cavalos e 21,4 kgfm de torque máximo; um motor elétrico síncrono de ímã permanente, para as rodas dianteiras, com 143 cv e 27,5 kgfm, além de função de renegeração de energia; outro elétrico para as rodas traseiras, de 67 cv e 14 kgfm, também regenerativo.
O SUV também sai de fábrica com tração integral, por conta da motorização por eixos, que direciona o torque para duas ou quatro rodas conforme necessidade para melhorar a tração em pisos de diferentes aderências.
A fabricante diz que o sistema varia a potência entre o motor a gasolina e o elétrico, alternando ou combinando os dois, conforme necessário. Parece promissor, né? Só que a potência combinada é de "apenas" 194 cv. Falta um pouco de fôlego nas acelerações e retomadas, e o nível de ruído foge do normal para um veículo com proposta premium.
Há seletor de modos de condução (Normal, Eco e Sport) com uma opção 100% elétrica, recomendado para curtos trajetos em baixas velocidades. Apenas a versão F-Sport acrescenta um quarto modo chamado Sport+, que atua juntamente com a suspensão ativa para reforçar a sensação de dirigibilidade esportiva.
O consumo de combustível não é ruim, mas ficou abaixo das nossas expectativas para um modelo híbrido -- talvez porque a gente esteja acostumado a ver Prius fazendo mais de 20 km/l. De toda maneira, o NX 300h fez uma média de 12 km/l com gasolina.
Semi-autônomo? Ainda não
Se o NX é uma das poucas opções híbridas do segmento (apenas o recém-lançado Volvo XC60 T8, de R$ 299.990, rivaliza com o modelo em porte), ele fica devendo tecnologias de condução semi-autônoma -- ironicamente um dos quesitos no qual o modelo sueco se destaca.
Mesmo custando R$ 230 mil, o Lexus não tem nada além do controle de velocidade de cruzeiro, e sem função adaptativa -- capaz de acelerar e frear o veículo sem intervenção humana. Pelo menos ele vem com o sistema de assistência ativa em curvas (ACA), que regula a força da direção entre os eixos para realizar curvas mais ou menos fechadas. Segundo a Lexus, isso melhora a estabilidade e o controle, além de aprimorar a eficiência do veículo, uma vez que as "rodas recebem apenas a força extra quando necessário".
Assim, seu comprador precisa apenas seguir duas recomendações: a primeira delas é não fazer questão de tecnologias semi-autônomas e outras modernidades menos importantes, pois há opções mais modernas no mercado, como o já citado XC60. E a segunda condição? Não andar com pressa. Afinal, mesmo na versão F-Sport, o SUV da Lexus não foi feito para empolgar quem busca arrojo dinâmico. Seu negócio é conforto.
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