Filial da Nissan pode ter gasto R$ 68 milhões em casas para Ghosn
Foram comprados imóveis em Beirute, Paris, Amsterdã e no Rio de Janeiro
Uma filial da Nissan Motor gastou cerca de R$ 68 milhões (US$ 18 milhões) em casas para o seu ainda presidente, o franco-brasileiro Carlos Ghosn, detido ontem em Tóquio por suspeita de irregularidades fiscais, informou nesta terça-feira a imprensa japonesa.
As transações teriam sido realizadas através de uma filial holandesa constituída em 2010 integralmente pela montadora japonesa aparentemente com fins de investimento, que teria adquirido imóveis no Rio de Janeiro e em Beirute, segundo disseram fontes ligadas ao caso ao jornal econômico japonês "Nikkei".
Segundo a emissora pública "NHK", também foram compradas casas em Paris e Amsterdã "sem nenhuma razão comercial legítima".
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Possível fraude imobiliária
A promotoria de Tóquio, que deteve nesta segunda-feira o executivo franco-brasileiro de 64 anos, acredita que estes custos fariam parte da receita que Ghosn não declarou ao regulador financeiro japonês nos últimos cinco anos, segundo a agência de notícias "Kyodo".
A soma não declarada subiria a um total de R$ 167 milhões (US$ 44,5 milhões), o que constitui uma violação da legislação de instrumentos financeiros de Japão, castigada com penas de até 10 anos de prisão, uma multa individual de 10 milhões de ienes (R$ 334 mil) ou ambas.
Segundo a lei que rege este crime, uma empresa poderia enfrentar uma multa de até 700 milhões de ienes (mais de R$ 23 milhões) .
De acordo com a imprensa local, a promotoria e a Nissan teriam assinado um acordo de negociação para que as autoridades não acusem a montadora ou apresentem acusações que acarretem penas menores para os suspeitos ou acusados se cooperarem com a investigação.
A Nissan evitou fazer comentários à "Agência Efe" a esse respeito por considerar que "é cedo demais", segundo declarou um porta-voz, enquanto esperam que haja mais informação nos próximos dias.
A suposta infração provocará, por enquanto, a saída de Ghosn do cargo de presidente do grupo, uma medida que deve ser confirmada na quinta-feira junto com a destituição como diretor representativo de Greg Kelly, que é apontado como supervisor das transações.
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