Porsche 911 será elétrico e tecnológico ante futuro "ruim" para esportivos
Nova geração ganha assistência à condução e chegará adaptada para motor híbrido
O público com outras prioridades e preferências, a legislação pressionando a redução de emissão de poluentes e os custos de produção sempre complexos. Ainda há espaço para esportivos premium e de alta performance? A Porsche aposta que sim. Mas não sem mudanças.
"O cliente hoje em dia não está satisfeito apenas em ter um carro que acelera muito", afirmou Frank Moser, vice-presidente de Qualidade da Porsche, durante uma programação de dois dias, com longas apresentações para detalhar o que há na nova geração do icônico Porsche 911, acompanhada por UOL Carros.
Abundam recursos de conectividade, não necessariamente novos, já presentes em rivais e outros modelos da marca, mas ainda pouco comum em bólidos de dois lugares. Internet, comandos de voz e tela sensível ao toque permitem navegar por uma miríade informações e funções. De uma rádio brasileira online aos preços de um estacionamento na periferia de Stuttgart, sente-se em um modelo familiar, como o Panamera, ainda que o quadro de instrumentos digital remeta a formas circulares dos antigos 911.
A nova geração do esportivo (que chegará ao Brasil no segundo semestre de 2019) também aumentou a assistência ao motorista, outra característica mais presente em SUVs e sedãs. Os sistemas do 911 cruzam uma série de informações, online e offline, e ajustam previamente a mecânica para um melhor desempenho. A caixa de câmbio, por exemplo, escolhe a marcha melhor ao saber previamente do traçado, considerando dados dos mapas.
Também há uma nova direção mais precisa e o controle de chassi 4D, que também integra diferentes sistemas e equipamentos para melhorar a estabilidade, incluindo amortecedores que se ajustam continuamente para buscar conforto ou rigidez, conforme a situação.
O ponto alto é o novo modo chuva, que reduz potência, coloca mais força na dianteira e corrige escapadas - um sensor na roda dianteira identifica pisos molhados, inicia sozinho uma atuação moderada e recomenda que o motorista ligue a assistência a 100%.
O tradicionalmente arisco 911, com todo o desafio que um motor traseiro de 450 cv oferece, parece buscar estar mais amigável ao "cidadão comum", de olho em novos ou mudados clientes, sem tornar-se chato para os motoristas experientes e puristas. Continuam, é claro, os modos esportivos, além da opção desligar os auxílios.
A eletrônica é tanta que o 911 usa quatro super processadores e 2.700 metros de cabos, com dados transmitidos a uma velocidade de 100 megabytes por segundos -- 17 mil funções monitoradas e 11 mil diagnósticos.
Evoluir ou virar museu
"É sempre necessário olhar para o futuro para não nos tornarmos museu", disse Christian Friedl, chefe da fábrica de Zuffenhausen, ao destacar inovações de procedimentos da produção do 911, como a junção de alumínio e aço por pressão, sem soldagem, e também a ampliação da planta para o esperado Taycan, que começa a ser feito no ano que vem.
A Porsche está acostumada a se adaptar ao mercado, especialmente quando a conta não fecha. "Muitos torceram o nariz quando o 911 trocou o motor refrigerado a ar pelo a água, mas foi necessário", lembra Thomas Krickelberg, diretor da linha do 911.
Há alguns anos, quem imaginaria um SUV na gama? O Caynne é sucesso de vendas. E o Taycan, primeiro totalmente elétrico da marca, é tido internamente como um veículo com potencial semelhante, já adaptado aos novos tempos.
A Porsche já trocou quase todos os motores aspirados por turbo. Com metas ambientais cada vez mais rígidas, que consideram o CO2 emitido por toda a oferta de produtos, e sem poder recorrer aos propulsores movidos a diesel do grupo Volkswagen (marcados pelo dieselgate), a eletrificação é inevitável.
911 híbrido
Até para o 911. Em quase todas as apresentações técnicas surgiu a informação de que o modelo está preparado para receber um sistema de propulsão elétrico ou híbrido. Ou, mais trabalhado no marketing, "um carro que nasce preparado para o futuro".
A transmissão, capaz de lidar com torques de até 102 kgfm, ou os freios, aptos ao reaproveitamento de energia para eventual bateria. A plataforma também estaria preparada, embora não esteja claro onde ficaria uma bateria no 911 - só o peso, mudaria completamente o comportamento.
"Atualmente, não podemos dizer nada. O 911 está completamente preparado para ser híbrido, mas isso é no futuro. Uma nova plataforma é desenvolvida para um uso de cerca de 12 anos e temos que nos preparar para a situação, incluindo as novas tecnologias de propulsão", desconversou Uwe Wawers, chefe de desenvolvimento de carroceria do 911.
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