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CES 2019: Ford mostra "futuro" até com patinetes, quase sem falar de carros

Ford comprou serviço de patinetes elétricos da California para apostar em mobilidade com qualquer tipo de veículo - Divulgação
Ford comprou serviço de patinetes elétricos da California para apostar em mobilidade com qualquer tipo de veículo
Imagem: Divulgação

Jorge Moraes

Colaboração para o UOL, em Las Vegas (EUA)

11/01/2019 07h00

Gigante de Detroit quer trabalhar em trânsito conectado, inteligente e mais seguro para combinar viagens e entregar produtos

O carro vai virar o tão esperado smartphone sobre rodas? Ainda é cedo para afirmar mas fica a dica: o que a Ford está aprontando na CES é engenharia de gigante, ainda que não tenha um carro novo. Principal atração é chamada C-V2X: trata-se de plataforma de comunicação do veículo conectada ao celular e integrado aos novos automóveis da marca nos EUA a partir de 2022, com o serviço Co-Pilot360.

É o passo seguinte àquele dado na CES de 2018, quando a Ford aproveitou a feira de tecnologia para tratar menos de carros.

E quanto ao Brasil? Existem planos, mas são "outros quinhentos". Aqui nos Estados Unidos, há aproximadamente um ano, a montadora fechou um acordo com a Qualcomm, proprietária da linha de processadores para smartphones Snapdragon, para desenvolver o projeto.

No Brasil, a montadora ainda deve uma melhor aplicação do FordPass com o já bem sucedido Sync3 -- sistema "concièrge" ao estilo de Chevrolet OnStar e Volvo OnCall. 

Ford C-V2X - Jorge Moraes/UOL - Jorge Moraes/UOL
Dois carros, uma moto e uma picape, nenhum semáforo: tecnologia C-V2X liga tudo, veículos se movem de forma autônoma ou semi-autônoma e ainda evitam acidentes
Imagem: Jorge Moraes/UOL

O que é o C-V2X?

Primeiro diria que é o "anjo da guarda" de motoristas e pedestres, já que a proposta tem como bandeira a "segurança no trânsito do amanhã". Essa tecnologia permitirá aos veículos "ouvir" e "conversar" entre si, com a infraestrutura de trânsito de uma cidade e até com as pessoas/pedestres.

Um detalhe: a C-V2X foi planejada para operar com a rede de celular 5G, que avança nessa CES como grande inovação em 2019. A rede 5G será o quente nos EUA este ano, mas operadoras no Brasil estão de olho. A 5G é o que chamo de "injeção direta no motor" da telefonia, permitindo a comunicação direta entre dispositivos conectados, sem que o sinal tenha de viajar para algum celular, rotear por um disposito, ser analisado no painel do sistema de som... É comunicação simples e direta.

Don Butler, diretor executivo de veículos conectados da Ford, explica que o C-V2X será também "a gentileza que geralmente falta no trânsito", numa tradução aproximada. "Os veículos poderão se comunicar entre si para negociar qual tem a preferência na travessia de um cruzamento, assim como socorro em caso de acidente. Hoje, você consulta o Waze para te dar a melhor rota. No futuro, o carro vai fazer isso por você".

E todos saberão disso: o carro A, o carro B, o pedestre na calçada através de seu celular. Para os autônomos nível 4, ainda longe do Brasil, e para a ideia de um trânsito mais seguro é um prato cheio.

Ford C-V2X - Divulgação - Divulgação
Com internet 5G, cada carro saberá das informações de trânsito para evitar acidentes
Imagem: Divulgação

Do patinete à entrega de produtos no carro

Outra aposta da Ford na CES são nos serviços GoRide. Esse negócio que transporta gente com agilidade é um barato e já desponta no Brasil, mas sem a açaõ de uma grande fabricante por trás.

Aqui eles chamam de scooters mas é o que conhecemos como patinetes elétricos. A marca Spin (não confunda com a minivan da rival Chevrolet) foi adquirida pela divisão Smart Mobility da marca do oval. 

Ainda na arena da montadora, deu tempo de conhecer um pouco mais da mobilidade conectada chamada de Autonomic, criadora de tecnologias de transporte e mapeamento, o fornecimento de estimativas de viagem precisas. 

Outro "brinquedo" da Ford é a plataforma Dashero (através da parceira com a TribalScale), de inteligência artificial, que permite a compra de produtos e serviços por comandos de voz direto do veículo usando dados em nuvem

Com a integração disso tudo, as solicitações de carona podem ser facilmente combinadas tanto com veículos dirigidos por motoristas, como com os futuros autônomos e mesmo para uso de bikes e patinetes, para sugerir a melhor forma de chegar a um destino. Ou para entregar produtos de forma precisa, mesmo para veículos em trânsito.

Ah! Esse futuro. Vá se acostumando porque vamos falar muito dele.

* Jorge Moraes é jornalista, influenciador digital, jurado do Prêmio UOL Carros e fala sobre tecnologia em automóveis. Viagem a convite da Ford