GM nega saída do Brasil e pede viabilização de investimentos em SP
Primeira reunião entre executivos da fabricante, trabalhadores e políticos tirou "clima pesado" da nota inicial, mas detalhes só serão dados após nova conversa, marcada para as 15h desta terça-feira
Durou pouco mais de duas horas a reunião marcada entre executivos da General Motor Mercosul, incluindo o presidente do grupo, o argentino Carlos Zarlenga, prefeitos das cidades de São Caetano do Sul (onde fica a sede da GM do Brasil), São José dos Campos (local da reunião e cidade onde está a segunda fábrica da marca no Estado) e também dirigentes dos sindicatos que representam os trabalhadores das duas fábricas paulistas.
Segundo os participantes, os executivos da GM usaram a reunião para "reiterar o conteúdo da nota enviada aos funcionários". Ou seja, a empresa realmente vai coordenar um processo de reestruturação visando melhorar sua lucratividade no Mercosul e no Brasil em 2019. Por outro lado, o encontro também serviu para "afastar a ideia de que a GM vai deixar o Brasil".
De toda forma, maiores detalhes sobre o "plano de reestruturação" da GM no Brasil e na região, bem como possíveis propostas para os trabalhadores, só devem ser anunciadas publicamente após uma segunda reunião, que está marcada para ter início às 15h dessa terça-feira.
UOL Carros foi informado do resultado das conversas feitas durante a reunião por membros de diretorias sindicais que estão presentes à reunião. A GM se recusou a comentar sobre detalhes da reunião.
Investimentos para definir futuro
Segundo Weller Pereira Gonçalves e Renato Almeida, respectivamente presidente e vice-presidente do Sindicato dos Metalúrgicos de São José dos Campos e Região, os executivos da GM apontaram que o processo de reestruturação está em andamento e a viabilização de novos investimentos no país, sobretudo para as unidades paulistas, será feita em conversas com o governo estadual e também com as prefeituras.
Não foi explicado se o termo "viabilização" significa um possível pedido de incentivos fiscais.
"A empresa basicamente reiterou a reafirmou o conteúdo da nota [enviada pelo presidente da GM Mercosul, Carlos Zarlenga, na última semana] que soltou para os trabalhadores. Eles estão em reestruturação e vão discutir a possibilidade de viabilizar investimentos para os próximos anos junto ao governo estadual, às prefeituras locais e aos sindicatos", afirmou Gonçalves, que reiterou que a empresa deve se reunir também com fornecedores locais para definir a participação deste segmento no processo.
Segundo os sindicalistas, ainda não dá um detalhamento dos planos, algo que só deve ocorrer após a reunião das 15h, que será específica entre executivos e funcionários da GM das unidades de São José dos Campos e São Caetano do Sul.
Ainda segundo os sindicalistas, o ponto positivo da reunião foi "afastar o clima pesado" deixado pelos rumores de que a GM poderia deixar as operações no país.
"Ao contrário da forma como foi colocada naquele comunicado interno, de que a GM sairia do Brasil, o que temos é que a diretoria da empresa quer permanecer e, na verdade, discutir a possibilidade de investimentos futuros", apontou Gonçalves.
De toda forma, os diretores do sindicato ainda acreditam que o plano de reestruturação a ser proposto possa levar a enxugamento de vagas e afirmaram que vão manter posição contrária a essa possibilidade.
"Não vamos mover um milímetro na retirada de direitos dos trabalhadores", afirmou Renato Almeida a UOL Carros.
Investimentos já definidos pela GM
Embora a nota divulgada internamente aos funcionários da GM do Brasil pelo presidente da GM Mercosul, Carlos Zarlenga, tenha tido repercussão negativa e alimentado diversos rumores, até o final de 2018 todos os sinais dados pela fabricante, que lidera o mercado de automóveis no Brasil e na América do Sul, eram extremamente positivos. Um plano de 30 novidades da marca até 2020 para nosso mercado foi anunciado em 2018 e confirmado em evento de final de ano realizado pelos executivos da Chevrolet Brasil e da GM Mercosul.
Em termos de mercado, a Chevrolet (marca de trabalho da GM na região) é líder de participação no Brasil, com pouco mais de 17,5% do mercado de carros de passeio e comerciais leves -- isso corresponde a pouco mais de 432 mil unidades dos 2,4 milhões de automóveis emplacados em 2018.
Seu principal modelo, o Onix, foi líder de vendas pelo quarto ano seguido, entregando o dobro de unidades do segundo colocado, o Hyundai HB20. Ou seja, domínio absoluto de mercado.
Todas essas ações foram resultado de um plano inicial de investimentos R$ 13 bilhões. Até 2020, a GM tinha planejado e anunciado a renovação e ampliação total de sua linha de produtos.
Nova geração do Onix, bem como do sedã derivado Prisma, estão anunciadas para chegar este ano ao mercado. Esta nova geração dos compactos será feita sobre plataforma modular global GEM, desenvolvida na China, e serão fabricados aqui no Brasil pela unidade de Gravataí (RS), que já entrega a atual geração. Também haverá uma nova família de motores, com três-cilindros, capacidade de 1 a 1,3 litro e alimentação aspirada ou com turbo, já confirmada para a unidade de Joinville (SC).
Novas gerações da picape Montana, do SUV compacto Tracker e também de um modelo abaixo do Tracker estão previstas para São Caetano do Sul (SP).
Haveria ainda um outro SUV de porte médio, além da nova geração do Cruze para Rosario (Argentina). E, ainda como expectativa, a entrega de novas gerações da picape S10 e do Trailblazer (ambos feitos em São José dos Campos atualmente).
Resta saber quando, como e o quanto do restante desse plano será viabilizado a partir de agora e se isso depende das conversas e negociações citadas acima com prefeitos e governadores.
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