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Town & Country, minivan "raiz", é tão familiar que amigos até compartilham

Minivan Town & Country foi um dos modelos vendidos pela Chrysler no Brasil entre 2008 e 2015 - Arquivo pessoal
Minivan Town & Country foi um dos modelos vendidos pela Chrysler no Brasil entre 2008 e 2015
Imagem: Arquivo pessoal

Fernando Miragaya

Colaboração para o UOL, no Rio de Janeiro (RJ)

25/01/2019 07h00

Modelo da Chrysler que deixou de ser vendido no Brasil em 2015 é considerado o único carro capaz de levar sete com conforto

As minivans perderam há um bom tempo o posto de carro familiar para os SUVs. A sorte, no entanto, é que pouco modelos emblemáticos perduram com conforto e conveniência que a esmagadora maioria dos utilitários esportivos de sete lugares não entrega.

Desta vez, temos como exemplo a minivan Chrysler Town & Country. Os donos adoram o carro -- e, cá entre nós, também não têm para onde correr?

A minivan foi lançada no Brasil em 2008, com sete lugares e espaço de sobra. Substituía a Grand Caravan. Em 2011, ganhou o motorzão Pentastar 3.6 V6 de 283 cv. Sempre teve fama de mecânica complicada e a inerente desconfiança de mercado em relação à marca até deixar de ser importada, em 2015.

É verdade que no mercado de seminovos existe também a Carnival, mas quem procura e compra esse tipo de veículo garante que o modelo da Kia não entrega o mesmo nível de conforto do da minivan da Chrysler. Já as Grand Carnival zero-quilômetro assustam pelo custo/benefício -- o preço inicial é de R$ 277.990.

Minivan "raiz"

Porém, virou opção de minivan "raiz" no mercado de seminovos, enquanto os SUVs sepultavam de vez os monovolumes e as stations wagons. Ela é tão "família" que o empresário Flávio Oliveira, de 37 anos, comprou sua primeira T&C depois que a irmã e o cunhado adquiriram a deles.

"Você não acorda sonhando em ter uma Town & Country, mas depois que usa com a família, vê que os filhos viajam com conforto, que cabe bagagem e que tem versatilidade, aí o carro te conquista", reconhece Oliveira, morador de Santo André (SP) que está em sua segunda T&C, versão Limited, 2014/2015 comprada em um leilão no início de 2017.

O principal argumento é sobre o conforto. Os dois bancos extras acomodam realmente dois adultos e não se comparam às terceiras filas de monovolumes menores ou de SUVs, nas quais os joelhos ficam muito articulados e só mesmo crianças pequenas conseguem viajar de forma razoável.

Também, pudera: são três metros de entre-eixos -- para se ter uma noção, um Fiat Mobi mede 3,65 m no comprimento total. Além disso, os dois assentos não comprometem o espaço para bagagens, segundo os proprietários -- e os mais de 200 litros, mesmo com os sete bancos em pé, acomodam bastante coisa.

"Passaram quatro anos que estou com a minha e senti que 'casei' com o carro de vez, porque não tem nada que substitua, seja pelo custo benefício ou pelo que ela me representa", brinca Marcos Alexandre Rocco de Paula, cunhado de Flávio Oliveira.

Aos 49 anos, o farmacêutico de São Bernardo do Campo (SP) só tem elogios a sua T&C Limited 2012. Ele e a esposa até tentaram e procuraram outros modelos sete lugares, mas não encontraram nada à altura -- e dizem que constatam isso cada vez que viajam com os filhos, agora adolescentes.

"Vi vários carros, mas na hora que vai no banquinho de trás? Eles cabiam quando eram pequenos, mas hoje, com 17 e 19 anos, só vão bem na T&C. Até queria comprar um Hyundai Santa Fe, mas os filhos me advertiram de que não sou eu quem anda lá trás", diverte-se.

Segundo os proprietários, os mais de 200 litros de volume de bagagem, mesmo com os sete bancos em pé, acomodam bastante coisa - Arquivo pessoal - Arquivo pessoal
Segundo os proprietários, os mais de 200 litros de volume de porta-malas, mesmo com os sete bancos em pé, acomodam bastante coisa
Imagem: Arquivo pessoal

Local do match: EUA

Tanto ele como o cunhado conheceram a Town & Country em suas viagens aos Estados Unidos. Desde que alugaram a primeira vez a minivan, eles ficaram impressionados com a praticidade. Ela também passou a ser o carro fixo nas idas ao país.

É dos Estados Unidos, a propósito, de onde vem a salvação para uma das grandes questões para o modelo. Flávio Oliveira compra todas as peças originais lá de fora -- e também para o cunhado. Mesmo com as taxas de importação, garante que economiza, em média, 60% se fosse comprar os itens em concessionárias no Brasil.

"Só pago a mão de obra para fazer substituição nas concessionárias, normalmente R$ 500. Para um carro desse, não é o fim do mundo", defende.

Oliveira dá dicas, inclusive, para quem comprou recentemente uma Town & Country. Ele assegura que as peças são facilmente encontradas no exterior pelo número do chassi. Já para quem está à caça de uma, a recomendação é verificar muito cada um dos sete bancos, pois todos são articulados. "Se derem problema é muito caro e difícil de resolver".

Já na parte mecânica, os donos juram que motor e câmbio não costumam dar problema. Porém, é bom observar os freios. Devido ao preço das peças, muitas pessoas costumam fazer adaptação das pastilhas, o que detona os discos e compromete o poder de frenagem.

Outra questão diz respeito às portas laterais com acionamento elétrico -- e se estão funcionando corretamente, sem fazer ruídos ou travar, principalmente em veículos blindados. Vale, ainda, dar aquela checada para ver se estão alinhadas.

Quando a troca envolve peças da carroceria a situação fica mais complexa e não tem como recorrer às compras no exterior. Recentemente Marco Alexandre de Paula se envolveu em um pequeno acidente com sua T&C. Foram dois meses de carro parado até a chegada e troca de um simples para-lama...

Por isso mesmo, nenhum deles tem a minivan como único carro. Nem como segundo. A T&C geralmente é o terceiro veículo da família e só é usada para lazer. Oliveira ainda arranjou uma forma criativa de diluir os custos: ele compartilha o modelo com um amigo, com o qual divide as despesas.

"Tivemos a necessidade de ter um veículo maior e como é um carro que não tem manutenção barata, e a ideia não era rodar tanto, surgiu a ideia de dividir", conta o engenheiro Emerson Miguel, 41 anos, o "sócio" de Flávio Oliveira.

No caso, também é o terceiro veículo da casa e também só é usado para viagens em fins de semana. Para isso, ambos elaboraram e respeitam uma escala de quando cada um fica com o carro.

"Passaram quatro anos que estou com a minha e senti que 'casei' com o carro", brinca Marcos Alexandre Rocco de Paula, dono desta T&C Limited 2012 - Arquivo pessoal - Arquivo pessoal
"Passaram quatro anos que estou com a minha e senti que 'casei' com o carro", brinca Marcos Alexandre Rocco de Paula, dono desta T&C Limited 2012
Imagem: Arquivo pessoal

Com é rodar com a T&C na cidade

Para transitar nos grandes centros, a minivan perde toda sua praticidade. "Não consigo visualizá-la como único carro da família, devido à mobilidade, ao custo, ao consumo, dificuldade para estacionar?", admite Emerson Miguel.

Para a estrada, porém, eles não a trocam por nada. Talvez só pela Pacifica, a substituta da Town & Country lançada nos EUA em 2017, mas que ainda não está confirmada para o Brasil. Oliveira e De Paula contam que até já alugaram a nova minivan em terras estadunidenses.

Enquanto a nova não vem, a T&C atende ao que a família quer -- em uma relação de amor e de quase dependência. "Depois que você tem uma, você se torna quase um refém. Ou é isso ou você entra em um segmento de SUVs muito caros, como Volvo XC90 e Audi Q7, que não têm a versatilidade de uma van", finaliza Flávio Oliveira.