VW faz acordo com Sindicato e SUV abaixo do T-Cross será feito em Taubaté
Resumo da notícia
- Aprovação dos termos propostos pela VW garante novos investimentos na fábrica
- Além de SUV compacto inédito, unidade de Taubaté vai fabricar nova versão do Polo
- Sindicato prevê que Gol e Voyage atuais, bem como o Up, sairão de linha até 2021
- Fábrica de Taubaté hoje é a única que não produz veículos da plataforma MQB no país
- Sindicalistas consideram acordo uma "vitória gigantesca"
Os funcionários da fábrica da Volkswagen em Taubaté (SP), no Vale do Paraíba, aprovaram em assembleias realizadas nesta quarta-feira (20) a proposta da montadora para viabilizar a fabricação local de um SUV menor que o T-Cross, a ser lançado pela marca em 2020.
Além disso, o acordo com os cerca de 3.100 trabalhadores diretos da unidade prevê a produção de duas versões do Polo -- uma delas inédita -- de forma compartilhada com a linha de montagem da Volkswagen em São Bernardo do Campo, no ABC paulista. As informações são do Sindmetau (Sindicato dos Metalúrgicos de Taubaté e Região), que representa os funcionários.
O sinal verde dos trabalhadores foi dado após a realização de duas votações, uma delas pela manhã, com os funcionários do terceiro turno, e outra, iniciada por volta das 15h de quarta, com os colaboradores do primeiro e do segundo turnos.
Os termos da proposta já haviam sido previamente aprovados pelo Sindmetau no sábado (16), na sede da entidade. De acordo com o sindicato, o novo acordo garante renovação de cláusulas da convenção coletiva, volta da data-base anual e define valores e reajustes da PLR (Participação nos Lucros e Resultados), dentre outros pontos. Os termos são válidos até agosto de 2022.
Hoje, a fábrica é responsável pela fabricação dos modelos Up, Gol e Voyage -- que, segundo a entidade sindical, citando "movimentações internas" da companhia, devem ser descontinuados em 2021. Ainda de acordo com o Sindmetau, foi acertado com a montadora que, se houver sucessores de Gol e Voyage nos próximos anos, seja com esses nomes ou rebatizados, Taubaté terá prioridade para sua produção.
Procurada por UOL Carros, antes de o acordo ser aprovado pelos funcionários, a VW confirmou, por meio de nota, os planos de fazer novos produtos na fábrica do Vale do Paraíba, baseados na plataforma modular MQB -- não por acaso, a mesma utilizada no Polo e em todos os lançamentos recentes da marca, como T-Cross, Tiguan Allspace, Virtus, novo Jetta e Golf.
A companhia diz que está "empenhada em ampliar seus investimentos no Brasil a partir de 2020, após o ciclo de R$ 7 bilhões, já anunciados", mas no momento não informa o montante a ser investido para a vinda dos novos modelos a Taubaté.
"Em sua fábrica de Taubaté, por exemplo, a empresa está em negociações com o sindicato local para a possível chegada de um novo modelo naquela unidade, utilizando a estratégia modular MQB, que é o mais moderno conceito de produção do Grupo Volkswagen no mundo. Os veículos baseados na MQB proporcionam o que há de mais avançado em termos de design, inovação, alta performance e segurança", completou a fabricante.
Longa negociação
De acordo com Claudio Batista da Silva Júnior, o Claudião, presidente do sindicato, a aprovação da proposta em assembleia foi uma "vitória gigantesca", garantindo a manutenção dos empregos até agosto de 2022, com possibilidade de prorrogação dos termos acordados por mais dois anos.
"A fábrica de Taubaté hoje é a única que não produz veículos da plataforma MQB e, com isso, estará alinhada com as outras unidades da Volks. O que conseguimos está bem acima da média, considerando o momento atual, como garantia total da convenção coletiva, sem mudar nenhuma vírgula, e reajuste salarial e de PLR pelo INPC. Além de não retirar nada, o acordo trouxe benefícios adicionais, como aumento no auxílio-creche de R$ 360 para R$ 450", salienta o sindicalista.
O acordo fechado nesta quarta acontece apenas um dia após a Ford anunciar o fechamento da fábrica de São Bernardo do Campo, onde cerca de 2.800 trabalhadores podem ficar sem emprego, e menos de um mês depois de a General Motors acertar a redução de direitos e benefícios dos funcionários das unidades de São José dos Campos e São Caetano do Sul, em São Paulo, para manter os empregos e novos investimentos. Claudião comentou a diferença no andamento das negociações na comparação com fábricas de outras montadoras.
"A realidade de cada fábrica e de cada sindicato é que conduz o andamento das negociações. Em nosso caso, buscamos construir uma solução negociada para sair do impasse, diferentemente de outros sindicatos. Não esperamos pela Justiça ou outros meios para resolver o problema. Esse acordo tem sido discutido há mais de um ano para chegarmos nisso e os termos só vieram a público agora", concluiu.
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