Toyota Yaris X-Way: esse aventureiro vale os R$ 80 mil? Assista
Resumo da notícia
- Yaris X-Way é o mais caro dos aventureiros compactos
- Motor 1.5 flex tem 105/110 cv (gasolina/etanol)
- Mudanças para versão XS são puramente visuais
- Garantia é de três anos, inclusive para acessórios comprados na Toyota
A "era de ouro" dos carros aventureiros no Brasil teve Fiat Palio Adventure (seguido por Idea, Strada e até Dobló com o mesmo sobrenome), Volkswagen CrossFox e até modelos improváveis como Citröen C3 XRT e Nissan Livina X-Gear. Estepe pendurado no porta-malas deixou de ser moda, mas a ideia de ser "descolado" segue viva — e a Toyota usou esse próprio termo para definir o público de seu Yaris X-Way, apresentado no último Salão de São Paulo e colocado à venda desde fevereiro.
Se o Yaris em si, como diversos outros modelos da marca, pode ser modelo para um público mais conservador, a mira do Yaris X-Way está sobre o comprador mais jovem, mas que tope pagar R$ 80 mil por alguma diferenciação. Será que vale?
A receita do Yaris X-Way
Apesar do nome ter a partícula "X", de Crossover, no jargão automotivo, a ideia aqui é menos cruzar um hatch com um SUV, apesar da molduras plásticas nas caixas de rodas. Tudo aqui pende mais para o lado do compacto esportivado.
Nessa mistura de "x-tudo" automotivo temos rodas pretas de liga-leve com raio de 15 polegadas (que poderiam ser maiores) com pneus 185/60; um rack plástico teto, apliques de para-choque e para-lama, frisos e logotipos exclusivos (o mais visível na traseira), além de tapetes da versão.
Cores disponíveis abarcam das sólidas Branco Polar e Vermelho Super (sem custo), às metálicas Cinza Cosmopolita, Prata Lua Nova, Preto Infinito e Azul Titã, além do Branco perolizado (R$ 1.500).
No interior, o usual da linha intermediária do Yaris: vidros elétricos com sistema automático (um-toque), bancos de couro, painel de instrumentos com computador de bordo colorido (4 polegadas), mais ar-condicionado digital, retrovisores externos com rebatimento elétrico e sistema de entrada sem chave (só para motorista) e partida do motor sem chave também.
Segurança é típica da linha Yaris: obrigatórios duplo airbag e freios com ABS são acompanhados de controles de tração e de estabilidade, assistente de rampa, ganchos Isofix para cadeirinha, luzes de neblina dianteiras e traseira, além de faróis com regulagem elétrica de altura e acendimento automático, que poderiam condizer melhor com o preço (e funcionar melhor na cidade e mesmo na estrada) se equipados com LEDs, ainda um mimo da versão topo de gama XLS. Contando ainda a estrutura da carroceria, temos um carro com quatro estrelas nos testes do Latin NCAP.
É preciso dizer que o cuidado com o acabamento é primoroso, ainda que a cabine seja um tanto escura demais por conta da proposta de esportivação que usa revestimentos pretos do teto ao tapete no assoalho — tudo somado à iluminação azulada dos instrumentos ao padrão Toyota. Nada está fora do lugar no Yaris e isso, de fato, conta muitos pontos e deveria ser seguido por outras marcas. Os bancos também são interessantes, por apoiarem bem o corpo e também as pernas do condutor e outros ocupantes, cansando menos os passageiros em longas viagens.
Quer dizer, quase nada: o sistema de entretenimento Toyota Play + Harman é o ponto fora da curva. Ainda que o sistema tenha o dedo da Samsung, nada há de intuitivo aqui. Nem de funcional. É impossível fazer qualquer pareamento ou uso de aplicativos de primeira (e o GPS só é utilizável desta forma, ou seja, nunca conseguímos testá-lo). O áudio também tem qualidade desprezível. E não há interface Android Auto/Apple Carplay, que seria uma saída mais sincera e inteligente do que tentar criar um ecossistema próprio e desfuncional.
O melhor dessa tela central é a câmera de ré integrada para auxílio de estacionamento, ainda que o diagrama fixo e a ausência de sensor ajudem pouco.
E vale?
Fato é que o Yaris tem um conjunto mecânico interessante, ainda que sem arroubos. O motor 1.5 flex (110 cv e 14,9 kgfm com etanol), naturalmente aspirado, tem boas saída e elasticidade, enquanto o câmbio CVT herdado do Corolla (com simulação de sete marchas) cumpre corretamente sua função de coordenar o esforço do motor com uma mobilidade confortável. Mas, em nosso uso, no trânsito pesado, não foi além dos 4 km/l de etanol. muito pouco para carros de concepção moderna.
Mas nada disso condiz com qualquer proposta esportivada/esportiva.
Não há qualquer ganho de potência ou torque, nem um acerto diferente para o conjunto de suspensão. Como dito, as rodas poderiam ter diâmetro maior ou pneus de outro perfil.
Considerando ainda que o pacote é muito similar ao da versão XS, que custa R$ 3 mil a menos (de fato, temos apenas os adereços a mais), fica difícil racionalizar a vantagem.
Adversário mais recente — e talvez o menos atrativo — é o Fiat Argo Trekking. Também pode ter rodas de liga com aro 15 e câmera de ré, mas apenas câmbio manual de cinco marchas junto ao motor 1.3 flex (109 cv, 14,2 kgfm). O consolo é ser muito mais barato: R$ 62.080 neste pacote.
Na mesma faixa de preço, o veterano Renault Sandero Stepway Dynamique (R$ 60.790 a R$ 63.190) traz ótimo espaço, rodas de 16 polegadas de série e bancos de couro. Mas o câmbio é apenas manual, ainda que o motor SCe 1.6 flex seja mais forte: 118 cv e 16 kgfm.
E, num patamar um pouco acima em termos de rede e até de serviços, ainda que o espaço interno não seja equivalente, temos o líder Onix. E em duplo pacote: o pacote Effect (esportivado) só tem câmbio manual e vamos deixá-lo de lado para falar só do Activ (aventureiro de fato), com câmbio automático de seis marchas mais bem escalonado e conjunto próximo ao do Yaris com o motor 1.4 flex, de 106 cv e 13,9 kgfm. O preço é de R$ 67.690.
Com os R$ 80.290 do Yaris (contando frete obrigatório, mas sem incluir alguma cor com valor extra), seria possível partir até para o Polo Highline Beats (que está na fileira dos esportivados), com rodas maiores, visual melhorado (em relação às versões mais espartanas da linha VW), motor e câmbio espertos (1.0 turbo, 128 cv, 20,4 kgfm) e eletrônica muito mais apurada, da segurança ao entretenimento (o som tem 300 W e o sistema multimidia espelha Android e iOS e ainda roda rápido e fácil).
De fato, não é a mais certeira das receitas, mesmo para os fãs da Toyota.
FICHA TÉCNICA
Toyota Yaris X-Way
Motor: 1.5 flex, 4 cilindros
Potência: 105/110 cv (gasolina/etanol)
Torque: 14,3/14,9 kgfm (gasolina/etanol)
Câmbio: CVT (sete marchas simuladas)
Velocidade máxima: 173 km/h
0-100 km/h: 11,8 s
Dimensões: 4,14 m (comprimento), 2,55 m (entre-eixos)
Porta-malas: 310 litros
Preço: R$ 80.290
IPVA: R$ 3.160
Seguro: R$ 3.555
Revisão: R$ 2.914 até 60 mil km
Garantia: 3 anos também para acessórios originais
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