Carro pequeno pode ficar caro demais e desaparecer com novas tecnologias
De acordo com o site Automotive News, os europeus terão de repensar a predileção por carros pequenos, sofisticados e com preço acessível. A mudança ocorre em razão do impacto provocado pela legislação mais rígida sobre a produção de dióxido de carbono no Velho Continente.
Segundo analistas que conversaram com a publicação, a velha tradição do domínio do carro pequeno está em xeque. Por isso, várias montadoras já estão repensando e vários carros poderão sair - ou já estão saindo - de linha.
Montadoras reavaliando estratégias na Europa
PSA: Peugeot e Citroën disseram que 108 e C1 (a combustão) não sobreviverão. Karl e Adam sairão de linha na Opel.
Ford: Ka+, construído na Índia, deixará de ser exportado para a Europa.
Grupo Volkswagen: está se preparando para largar as versões de motores de combustão do Up. Como consequência, é quase certo que Seat Mii e Skoda Citigo movidos a gasolina também desaparecerão.
Daimler: irá passar a produção e o desenvolvimento de sua marca Smart para a China, onde será construído exclusivamente a partir de 2022, como parte de uma joint venture com a Zhejiang Geely Holding Group. A decisão também coloca um ponto de interrogação sobre o minicarro Renault Twingo, que foi desenvolvido junto com a atual linha de modelos Smart.
Nova legislação
A União Europeia está finalizando planos que, se aprovados, reduzirão as metas de CO2 das montadoras em 15%, a partir de 2021 até 2025 e 37,5% até 2030, o que significa emissões médias de CO2 inferiores a 60 g/km.
As montadoras precisariam de elétricos em categorias mais baratas e mais acessíveis para poderem continuar vendendo SUVs convencionais, ou poderiam enfrentar multas salgadas.
"Não tem como manter o preço"
Uma das questões é que os carros elétricos ou híbridos de pequeno porte serão mais caros que os atuais minicarros disponíveis para o consumidor europeu. Uma das consequências será mais pressão por subsídios dos governos para evitar uma alta ainda maior no valor final do veículo.
Presidente da Ford Europa, Steve Armstrong, afirmou à Automotive News que trazer emissões de escapamento aos minicarros para o novo padrão custará cerca de US$ 2.400 (R$ 9.184 na cotação atual) por veículo, se o carro tiver um motor diesel ou a gasolina. Uma opção é reduzir as emissões de CO2 por meio de eletrificação parcial, como a adição de tecnologia híbrida leve, híbrida completa ou plug-in híbrida. Mas essa solução não será economicamente viável para muitas marcas.
"Os clientes de carros pequenos estão pagando de 12 mil a 14 mil euros (R$ 52 mil a R$ 61 mil), mas no futuro, quando forem eletrificados, serão de 18 mil a 20 mil euros (R$ 78 mil a R$ 87 mil) . Isso será um problema", disse Thomas Ulbrich, membro da diretoria da VW para mobilidade elétrica.
O executivo acrescentou que a VW e o governo alemão estão discutindo como fornecer subsídios extras para esse setor.
"Quanto menor o carro, mais difícil é justificar esse aumento de preço. A tecnologia custa mais ou menos o mesmo para um carro pequeno como um carro grande", disse Alain Favey, diretor de vendas globais e marketing da Skoda. "As pessoas não estão prontas para pagá-lo."
As apostas
As montadoras se mexem para manter os seus clientes. Para 2021, a Fiat lançará uma versão totalmente elétrica do 500 em uma nova plataforma para se preparar para o que alguns fabricantes acreditam ser a única propulsão viável para carros menores.
A popularidade do Renault Zoe, que no ano passado foi o segundo carro elétrico da Europa depois do Nissan Leaf, dá aos fabricantes a esperança de que um futuro elétrico seja viável para carros pequenos.
No Salão do Automóvel de Genebra, a Peugeot revelou a versão elétrica do Peugeot 208 como rival para a Zoe. A Opel e a Citroen também estão se preparando para lançar carros pequenos totalmente elétricos. A estratégia de eletrificação da PSA é restringir totalmente elétrica a carros menores e adicionar tecnologia híbrida plug-in a carros maiores que tradicionalmente cobrem mais terreno.
A Honda lançará um pequeno carro elétrico, o Honda E, no ano que vem, após uma apresentação do protótipo no Salão de Frankfurt, em setembro.
Já a Volkswagen está se concentrando em carros compactos para seu primeiro grande avanço em elétricos por meio de sua plataforma. Porém, mais recentemente, o fabricante anunciou o desenvolvimento para 2023 de uma família de elétricos menores, por meio da Seat, com foco urbano a partir de menos de US$ 22.50 (R$ 86 mil).
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