Jaguar I-Pace custa caro, mas tem bateria para ir e voltar da praia
Resumo da notícia
- SUV elétrico tem dois motores que somados entregam 400 cv
- Modelo estreia no país em versão única por R$ 449.190
- Autonomia declarada pela fábrica é de 470 km
Não é fácil ser dono de carro elétrico no Brasil. Faltam pontos de recarga espalhados pela cidade e o custo ainda é proibitivo. Claro que o Jaguar I-Pace não está livre destes problemas - especialmente o segundo, já que os R$ 437 mil fazem dele um privilégio para poucos.
E olha que será difícil achá-lo por este valor, já que as primeiras unidades importadas saem por R$ 449.190 com um pacote de opcionais que inclui rodas de 20 polegadas e teto solar panorâmico.
Definitivamente não é um carro barato (praticamente o valor de dois Range Rover Evoque atuais), mas o I-Pace tem seus trunfos. O maior deles está na autonomia: a Jaguar promete até 470 quilômetros sem necessidade de recarga - de acordo com as medições do ciclo europeu.
Na prática, porém, o limite é um pouco menor. Deixamos o I-Pace plugado em um carregador padrão de 7 kW na véspera da viagem. A promessa era de obter 80% da carga em 10 horas de uso, mas, como as baterias não estavam zeradas, saímos da sede da Jaguar, na zona sul de São Paulo (SP), com 100% de carga - ou 374 km.
Planejando o roteiro
A distância seria suficiente para cobrir os 280 km do percurso de ida e volta até Juquehy, em São Sebastião, no litoral paulista - desafio este que a própria Jaguar diz ter feito sem recarregar as baterias.
Nosso roteiro, porém, foi um pouco mais curto, até porque nossa ideia não era zerar a autonomia (especialmente depois de descobrirmos que quase não há pontos de recarga no litoral), e sim descobrir qual seria a carga restante após retornar para SP. Assim, decidimos fazer um bate e volta até o Guarujá, distante 100 km da capital, totalizando um percurso de 200 km.
Antes de sair estabelecemos algumas regras: o motorista seria o mesmo durante toda a viagem e eu não mudaria meu jeito de dirigir em momento algum. Ar-condicionado permaneceria ligado o tempo todo e não recorreria ao modo mais extremo de regeneração de frenagem, ativado em uma das três telas do I-Pace.
É isso mesmo: o carro traz três telas no interior: a maior tem 12 polegadas e substitui o painel de instrumentos, a central superior tem 10 polegadas e exibe as funções da central multimídia e a menor possui 5 polegadas e agrupa os comandos de climatização. Se você já entrou em um Range Rover Velar vai se sentir em casa no I-Pace. Até porque, além das telas, ele repete o padrão de sofisticação no acabamento. Apesar de toda a tecnologia, a cabine do I-Pace segue o estilo sóbrio dos modelos da marca britânica.
Chegada sem sustos
O percurso de ida foi feito sem sustos. Mesmo sem ativar o modo radical de regeneração consegui ganhar quase 10 km de autonomia na longa descida até o litoral. O segredo foi deixar o veículo aproveitar o próprio embalo e praticamente não pisar no acelerador dentro dos túneis. Curioso é que o I-Pace pode não ser totalmente silencioso como a maioria dos carros elétricos. Isso porque ele tem uma função que simula (timidamente) o ronco de um motor V8 nas acelerações.
Desempenho, aliás, o I-Pace tem de sobra. Os dois motores elétricos - cada um responsável por movimentar um eixo - entregam juntos 400 cv e torque de quase 71 kgfm, disponíveis instantaneamente. Números da Jaguar indicam aceleração de 0 a 100 km/h em 4,8 segundos (menos do que um F-Type V6!) e chega aos 200 km/h.
Entramos no Guarujá com confortáveis 314 km de reserva e aproveitei uma breve pausa para conhecer melhor o I-Pace. As linhas modernas fazem até o carro passar por um hatch anabolizado, mas basta observá-lo de longe para notar como ele é grande. O SUV tem praticamente o mesmo comprimento do Volkswagen Tiguan Allspace (4,70 metros contra 4,68 metros, lembrando que o Tiguan leva até sete pessoas), só que oferece 20 cm a mais de distância entre eixos -- são 2,99 metros ante 2,79 metros do SUV da VW.
As baterias, aliás, ficam no assoalho do veículo e roubam pouquíssimo espaço tanto do habitáculo quanto dos 656 litros do porta-malas. Nem o túnel central é tão elevado assim, permitindo que um quinto passageiro tenha relativo conforto para as pernas - algo que não acontece em alguns veículos a combustão, por exemplo. Além disso, como não há túnel de transmissão o espaço é generoso inclusive para um porta-objetos de 10,5 litros entre os bancos dianteiros.
De volta para casa
Partimos para São Paulo com 76% de carga na bateria e 310 km restantes. Conforme imaginávamos, estes números despencaram rapidamente nos trechos de subida. Porém, nada que chegasse a assustar. Assim que atingimos o trecho urbano da Rodovia dos Imigrantes, o painel apontava 181 km, número que cairia para 164 km após percorrer os 10 km até o bairro de Moema.
Estacionei o I-Pace com 44% de carga restante e ainda deixei o veículo carregando por duas horas antes de voltar para casa. Foi o tempo suficiente para completar 200 km de autonomia. Se você tem vontade de comprar um carro elétrico e ainda não o fez só porque tem receio de ficar a pé com a bateria zerada, a Jaguar agora tem a solução. Pena que ela custe tão caro.
Ficha técnica: Jaguar I-Pace EV400
Motor: dois motores elétricos (um no eixo dianteiro e outro no eixo traseiro)
Potência: 400 cv
Torque: 70,9 kgfm, disponíveis imediatamente
Câmbio: uma marcha à frente
Aceleração de 0 a 100 km/h: 4,8 s
Velocidade máxima: 200 km/h
Autonomia: 470 km (declarada pela fabricante)
Dimensões: 4,68 m de comprimento, 2,99 m de entre-eixos
Porta-malas: 656 litros
Preço: R$ 449.190
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