Gurgel, VW Brasília e SP2: clássicos nacionais roubam a cena na Alemanha
Resumo da notícia
- Maior evento de carros antigos do país teve espaço para modelos brasileiros
- Mostra também prestou homenagem à Bentley e ao Porsche 917
- UOL Carros conferiu as atrações com exclusividade
Uma vez por ano, a paixão pelos carros toma a pequena Jüngen, cidade próxima a Dusseldorf, na região oeste da Alemanha. O entorno do belo Castelo de Dyck fica repleto de raridades, das mais diversas marcas e décadas, dentre modelos de luxo e lendas das competições. O Schloss Dyck Classic Days é o maior encontro de carros clássicos do país. UOL Carros acompanhou com exclusividade a edição de 2019, realizada no último fim de semana.
Mesmo em um espaço com veículos do calibre do Porsche 917, recordista em vitórias, ou modelos de Rolls-Royce, Bugatti e Jaguar com mais de 70 anos, uma exposição de carros brasileiros roubou a cena. Desconhecidos de muitos visitantes europeus, por terem sido fabricados apenas no Brasil, modelos como Gurgel Xavante X-12 TR, Volkswagen SP2, Brasília e Kombi Last Edition atraíram, sem cessar, olhares e perguntas do público.
"É uma exposição de carros antigos que, na realidade, são novos para o público. Torna-se uma atração diferente", explica Wolfgang Kaese, especialista de clássicos da Volkswagen. Os modelos são do acervo da Autostadt, uma espécie de Disneylândia do carro mantida pela marca em sua sede mundial. Kaese organizou a exibição.
VW SP2, mais bonito que Porsche 911
A reação mais frequente dos visitantes alemães foi um contundente "o que é isso?", diante do Gurgel. Todos queriam fotografar o utilitário de formas raras e cabine desconfortável nascido no Brasil. Já o Volkswagen SP2, referência em design, colecionou elogios.
"Tenho alguns BMW, mas teria um desses", disse Volker Pehl, apontando para o SP2. "É realmente muito bonito e algo que não se vê por aqui", completou o eletricista de 47 anos. Na Brasília, os bancos com as bolinhas de madeira à taxista intrigaram Pehl, mas ele arriscou um palpite: "Acho que conheço, é base de Fusca, não?". É.
Roland Clement, CEO da Autostad, conta que o espaço "Feito no Brasil", assim mesmo, em português, tem como objetivo mostrar que a Volkswagen tem uma tradição de desenvolver modelos específicos para a América do Sul. "Tínhamos essa criação no passado e quisemos mostrar isso agora, que estamos criando mais lá novamente", diz.
Alemão, Clement revela uma preferência polêmica. "O SP2 é mais bonito que o 911", brinca. O 911 acabou de ser atualizado pela Porsche, que é parte do grupo VW. "Falta só um pouco de potência", ressalva o executivo.
Fabricada entre 1972 e 1976, a série SP tem linhas celebradas até hoje, mas já recebia essa crítica em sua época. A sigla para Sport Prototype ou São Paulo, na piada, virava "Sem Potência". Tanto que o SP1, com motor 1.6 boxer de 65 cv, teve vida curta. A Volks logo lançou o SP2, mas que também não melhorou muito: 1.7 de 75 cv, com máxima de 160 km/h.
Fruto de um tempo em que o mercado brasileiro era fechado para as importações, o SP usava plataforma da Variant e teve pouco mais de 10 mil unidades fabricadas.
Aceleramos a Kombi Last Edition na pista
A Kombi também viveu uma tarde de celebridade na exposição. Como o T2, seu equivalente alemão, saiu de linha em 1979. Causou surpresa nos visitantes uma unidade com emplacamento tão recente, de 2013.
A unidade exposta na feira é justamente a número 1 da série especial Last Edition, limitada a 1,2 mil unidades, que celebrou a aposentadoria do modelo no Brasil. UOL Carros tirou a Kombi histórica da exposição para um passeio pela feira. Também encarou um circuito de velocidade.
Como no tradicional Festival de Goodwood, na Inglaterra, o de Schloss Dyck conta com uma pista para mostrar que os clássicos também são capazes de acelerar. Para que os visitantes não apreciem os carros apenas parados, diferentes modelos correm em baterias ao longo dos dias do evento.
Com um carisma natural, a Kombi arrancou sorrisos por onde passou e foi mirada por dezenas de câmeras e celulares, como se fosse um esportivo de luxo. Mesmo o mais sério dos alemães não resistiu diante do design peculiar e da tradicional pintura "saia e blusa", em azul e branco.
No circuito, o modelo foi valente. As retas permitiram fazer cerca de 90 km/h e o jeito de caminhão só aumentou a emoção nas curvas. Dirigir Kombi é apreciar o barulho particular do motor, os engates arranhando, a não-dinâmica de um tijolo retangular em movimento e o volante grande, com uma folga na direção que é quase um final de semana.
Se o SP2 pode ser mais bonito que o 911, uma Kombi em circuito pode ser uma experiência mais divertida que a acelerar o Porsche. Que chiem os entusiastas.
Passeio em família
O Schloss Dyck Classic Days não é tão famoso internacionalmente como Goodwood ou Pebble Beach, na Califórnia (EUA). No entanto, o maior festival do país que inventou o carro não fica atrás.
O clima de confraternização é o ponto alto e a diversificação das atrações tem ampliado o público. Os veículos são posicionados lado a lado em vielas arborizadas. Dentre os modelos, mesas com acepipes e cadeiras. Os proprietários exibem seus carros enquanto confraternizam com familiares e amigos.
Alguns visitantes se fantasiam com roupas das décadas de 50, 40 e 30, geralmente combinando com o seu veículo de propriedade ou preferência. Homens de ternos com coletes. Mulheres de vestidos longos e chapéus complexos. Alguns casais investem até em cortes de cabelo e maquiagem de época.
Além do circuito, também há espaços de clubes e de fabricantes, áreas temáticas, exposições e os tradicionais desfiles diante do júri, com distribuição de prêmios.
Os interessados em visitar as próximas edições do Schloss Dyck Classic Days encontram datas, programação e indicações de como chegar no site oficial.
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