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Audi A8 chega em 2020, mas condução autônoma "ainda é sonho do futuro"

Alessandro Reis

Em Mogi Guaçu (SP)*

28/08/2019 07h00

Resumo da notícia

  • Informação é de Johannes Roscheck, presidente da marca no Brasil
  • Nível 3 de automação ainda não foi homologado em nenhum país
  • Sedã de luxo virá sem parte dos sensores previstos no projeto original
  • Tecnologia segue em testes para evitar acidentes "causados pelo carro"

A nova geração do Audi A8, exibida em novembro do ano passado no Salão do Automóvel de São Paulo, surgiu como o primeiro carro produzido em série no mundo com nível 3 de condução autônoma - capaz de assumir o controle da direção a velocidades até 60 km/h, em rodovias com faixas separadas por uma barreira física, sem a necessidade de colocar as mãos no volante.

O sedã topo de linha da marca alemã tem lançamento confirmado no Brasil para o primeiro trimestre de 2020, porém virá sem esse recurso - que, aliás, hoje não é oferecido em nenhum país do mundo, nem mesmo na Alemanha. A informação é de Johannes Roscheck, presidente e CEO da Audi do Brasil.

"O novo A8 chega sem condução autônoma de nível 3, que hoje não está habilitada em nenhum país. Esse é um tema que temos de ver com muita calma. Tínhamos esperança que saísse mais rapidamente [a homologação para usar a tecnologia], porém ainda é um sonho do futuro, que não virou realidade por enquanto", disse o executivo em entrevista a UOL Carros, na ocasião do lançamento do SUV Q8.

De acordo com Roscheck, a questão é que em nenhum lugar do planeta autoridades de trânsito e segurança viária já regulamentaram sistemas veiculares capazes de rodar sem qualquer intervenção do motorista, mesmo que apenas em determinadas circunstâncias, como é o caso do nível 3.

A título de referência, carros totalmente autônomos serão classificados no nível 4 quando chegarem ao mercado. Ao mesmo tempo, as tecnologias de assistência à condução mais avançadas hoje disponíveis em veículos são do nível 2, semiautônomo, que atuam no volante e nos pedais, mas exigem que o condutor esteja atento em todas as condições - e ponha as mãos no volante após alguns segundos.

Esse será o nível do A8 vendido aqui e nos demais mercados, já disponível no Q8 e no A5 - para citar modelos da própria Audi. O nível 2 está presente em marcas de luxo como Volvo, Mercedes-Benz e BMW - e também em veículos mais caros de montadoras generalistas.

"O A8 virá com o mais alto nível 2 possível dentro da lei. Não será vendido com toda a gama de sensores prevista no projeto original", complementa o chefe da filial brasileira da Audi, deixando claro que a condução de nível 3 não poderá ser habilitada no futuro com uma mera atualização de software, ao menos nesse lote inicial.

"Não queremos acidentes causados pelo carro"

Roscheck explica que a condução autônoma de nível 3 é autorizada apenas para fins de testes em trechos restritos de vias de alguns países. A Audi tem conduzido esses testes para "chegar à perfeição necessária" antes de a tecnologia ser liberada para venda ao cliente final. "Vemos que precisamos de certa cautela, pois não queremos um histórico de acidentes causados pelo carro".

Especialmente em relação ao Brasil, há um complicador extra. As vias mal sinalizadas do país representam um obstáculo para implantação de sistemas autônomos de nível 3 para cima, pois os mesmos utilizam câmeras e sensores capazes de "ler" a marcação das faixas no asfalto, placas de trânsito e outros sinais físicos para rodar por conta própria.

Como é o novo A8

Apresentada globalmente em 2017, a quarta geração do sedã de luxo representa o que há mais avançado de tecnologia na marca das quatro argolas. Segundo a fabricante, é capaz de analisar o asfalto para adaptar a suspensão e prevenir pancadas causadas por buracos e tem até um recurso que evita encostar a roda na guia durante manobra de estacionamento.

A suspensão ativa também é capaz até de erguer um dos lados da carroceria se detectar iminência de uma colisão para proteger os ocupantes.

Além disso, o novo A8 é capaz de estacionar sozinho por aplicativo de celular, traz comandos concentrados em telas sensíveis ao toque e massageador não só nos quatro bancos individuais, mas também nos pés de quem viaja atrás.

Dotado de rodas traseiras esterçantes, para aumentar a estabilidade em curvas e facilitar manobras em baixa velocidade, o sedã deverá vir na versão com entre-eixos alongado e motor 4.0 V8 de 466 cv e 67,3 kgfm de torque.

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*Viagem a convite da Audi