Ssangyong vende só 39 unidades em 2019 e não traz carros há mais de um ano
Resumo da notícia
- Representante oficial da marca no Brasil nega que encerrará operações
- Executivo culpa dólar alto e concorrência com vendas PCD por interrupção
- Marca sul-coreana está em sua terceira passagem pelo País
- Empresa diz que pós-venda está normal e vai focar veículos "premium" a diesel
Em sua terceira passagem pelo Brasil, a Ssangyong teve apenas 39 carros emplacados no País em 2019, de acordo com a Fenabrave. O total está muito distante da meta de 3.000 unidades anuais anunciadas há pouco mais de dois anos, quando a marca sul-coreana confirmou a retomada das operações locais.
UOL Carros entrou em contato com a Venko Motors, representante da Ssangyong, e confirmou que a empresa não importa novos veículos há mais de um ano. De acordo com a importadora, veio apenas um lote ao Brasil, com 135 carros, cujos últimos exemplares desembarcaram em junho de 2018. A grande maioria já foi licenciada.
Em consulta às oito concessionárias listadas até o começo da tarde de ontem no site oficial da Ssangyong Brasil, ouvimos dos vendedores que as lojas autorizadas não recebem carros zero-quilômetro desse lote nem aceitam encomendas há cerca de seis meses - apesar de haver procura.
Inclusive, as duas revendas localizadas na capital paulista retiraram o logotipo da fabricante de suas fachadas e hoje trabalham em esquema multimarcas. Ambas também comercializam modelos da chinesa Lifan.
Após ser questionada pela reportagem, a Venko retirou do site o endereço dessas duas lojas na tarde de ontem e informou que elas deixaram de ser concessionárias plenas para se tornarem assistências técnicas autorizadas - que podem retomar a "plenitude" no futuro. Com isso, hoje a Ssangyong tem apenas seis lojas oficiais em solo brasileiro, mais 19 assistências técnicas "em pleno funcionamento".
"Correção de rumo"
Apesar da interrupção, a Venko afirma que não vai encerrar as atividades e fala em "correção de rumo" enquanto prepara a retomada das importações, inclusive com a chegada de novos produtos, prevista para 2020. A companhia também diz que mantém os serviços de pós-venda e disponibilidade de peças aos clientes enquanto promove uma "reestruturação".
Representada anteriormente por outras empresas, a Ssangyong operou no Brasil entre 1995 e 1998 e de 2001 a 2015, para voltar ao País no fim de 2017, pelas mãos da Venko, cuja sede fica em Salto, no interior de São Paulo.
"Em nenhum momento cogitamos sair do Brasil. Tivemos de parar após trazer o primeiro lote para promover uma reestruturação e rever nosso line-up de produtos", diz Marcelo Fevereiro, diretor de operações da Ssangyong Brasil.
De acordo com o executivo, as operações foram afetadas por fatores como alta do dólar, demora na homologação de novos veículos e falta de competitividade com automóveis feitos no Brasil em relação às vendas para PCD (pessoas com deficiência). Modelos importados não podem ser comercializados a esse público com isenções fiscais.
"Fizemos o planejamento com o câmbio a cerca de R$ 3,15 e agora passou de R$ 4. Esse é um problema que as outras importadoras também enfrentam, mas fica difícil concorrer com as vendas PCD, que reduzem o preço ao consumidor em mais de 20% e hoje ganharam nos últimos tempos um peso importante no faturamento das montadoras. Não sou contra, mas deveria haver uma isonomia para produtos nacionais e importados, deixando a escolha para o cliente", avalia Fevereiro.
Segundo ele, a demora para homologação de veículos também atrasou a retomada pretendida. "Quando começamos, levava de dois a três meses e hoje demora o dobro desse tempo. Está uma bagunça homologar produto no País".
Foco em veículos diesel "premium"
Diante das mencionadas adversidades, Marcelo Fevereiro diz que a Venko promoveu uma "correção de rumo importante para não prejudicar mais a marca no Brasil" e decidiu focar veículos diesel para manter a operação sustentável e "atuar em um segmento menos prostituído" que o PCD, cujas vendas são concentradas em automóveis de passeio, flex ou a gasolina.
O executivo confirma a informação repassada por vendedores consultados: a Ssangyong Brasil está na fase final de homologação da nova geração do Rexton, SUV médio-grande com até sete assentos, e da picape Musso, derivada da mesma plataforma. "Devemos obter a licença para comercialização dentro de 15 dias, com chegada às concessionárias até janeiro de 2020. Cada modelo terá duas versões". A nova geração do SUV compacto Korando, afirma, ainda aguarda homologação para estrear no País em meados de 2020.
Os três trazem motor turbodiesel Euro 6 sob o capô. Mesmo com o novo foco em veículos a diesel, Fevereiro diz que a marca vai retomar as importações dos seus dois auomóveis a gasolina: os SUVs compactos Tivoli e XLV - que inclusive, já passaram por reestilização lá fora. Quanto à picape médio-compacta Actyon Sports, também turbodiesel, o executivo afirma que permanecerá em catálogo, mas a tendência é gradualmente perder espaço para a Musso, maior.
"Pretendemos voltar à meta de vender 3.000 veículos por ano", promete. O futuro dirá.
Leia a íntegra da nota enviada pela Ssangyong Brasil:
"A informação da interrupção das operações no Brasil pegou a todos de surpresa, visto que ainda este ano a SsangYong está prestes a lançar dois novos modelos no mercado nacional: a Pick-Up Musso e o SUV Premium Rexton, além da previsão da chegada do Novo Korando, que foi lançado mundialmente pela marca no Salão de Genebra este ano e desembarca por aqui em 2020.
A reestruturação da marca no Brasil sofreu importantes alterações do que foi planejado anteriormente (mudança de line up de produto, focando a linha premium com motorização diesel), por conta de entraves igualmente importantes, como a instabilidade cambial no país, os atrasos governamentais nos processos de homologação (que atingiram níveis nunca antes vistos) e a legislação para a comercialização de automóveis na classe PCD, que discriminou veículos importados, criando um importante diferencial de preço entre os carros nacionais PCD e seus análogos importados, mas em nenhum momento foi interrompida.
Hoje, a SsangYong possui seis Concessionárias no Brasil, além de 19 Assistência Técnicas Autorizadas em pleno funcionamento. A marca está passando por um processo de reestruturação, tanto na Rede de Concessionárias, como na linha de produtos. Desde que a operação foi iniciada, em setembro de 2017, muitas coisas mudaram no cenário macro econômico, por isso a necessidade da reestruturação.
A SsangYong é a marca de carros mais antiga da Coréia do Sul, que além da tradição consolidada no oriente, vem conquistando cada vez mais espaço no concorrido mercado automobilístico europeu. Além disso, a Venko Motors é uma empresa homologada no Rota 2030, programa que define regras para a fabricação dos automóveis produzidos e comercializados no Brasil nos próximos 15 anos.
Vale ressaltar que o SUV Rexton e a Pick-Up Musso, já foram aprovado nos testes de emissões e de ruídos, sendo que já obtiveram as Licenças para Uso da Configuração de Veículo ou Motor - LCVM, que são concedidas pelo Ibama aos veículos que transitam pelo Brasil.
O processo final de homologação, que consiste na emissão da Certificação de Adequação à Legislação de Trânsito - CAT, já está protocolado há mais de cinco meses junto ao Departamento Nacional de Trânsito - Denatran e assim que finalizado, os dois modelos iniciam o desembarque na Rede de Concessionárias. Com relação ao Novo Korando, lançamento mundial da marca, a previsão é da vinda de modelos de testes ao Brasil para iniciar o processo de homologação ainda este ano, para que seja lançado oficialmente ao mercado nacional em meados de 2020.
De abril de 2018 a setembro deste ano, 130 SsangYong foram emplacados no Brasil. O primeiro lote de 135 veículos que vieram ao Brasil, serviu como um teste do mercado automobilístico nacional, para observar, entre outras coisas, a performance e a aceitação do Tivoli, assim como de seu correlato da mesma família, o XLV. Também foi feito upgrade da Actyon Sports, trazendo sua versão com maior performance, na motorização 2.2, assim como aconteceu com o Korando, pois existia a necessidade da vinda de veículos mais robustos e completos, com relação aos modelos que desembarcaram por aqui na operação anterior.
O contexto econômico brasileiro, no momento em que o negócio foi desenhado e do lançamento dos produtos, alterou-se radicalmente, por conta de tudo que ocorreu com o país em 2018 e ainda vem ocorrendo neste ano. Entre outras coisas, a evolução da política PCD e a venda direta, impactou demais na linha SsangYong, e é pra isso que se presta um lote piloto, para que sejam checadas as deficiências de competitividade e realizado um reposicionamento da marca.
Porém a empresa tem plena confiança, especialmente com as reformas estruturantes que estão sendo aplicadas pelo atual governo, que assim como o Brasil, a SsangYong está fazendo as correções de rumo. Em nenhum momento esteve na pauta da Venko Motors, a saída da SsangYong do Brasil, essa operação é definitiva.
Com relação à Concessionária Ayra, em São Paulo, ela deixou de ser uma Concessionária Plena, para ser uma Assistência Técnica Autorizada da marca.
Sem mais, agradecemos o contato e reforçamos a disponibilidade para maiores esclarecimentos."
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