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Por que táxis do Japão são antigos e têm retrovisores nos para-lamas

Toyota Crown é modelo mais tradicional de táxi nas ruas japonesas - Vitor Matsubara/UOL
Toyota Crown é modelo mais tradicional de táxi nas ruas japonesas
Imagem: Vitor Matsubara/UOL

Vitor Matsubara

Do UOL, em Tóquio (Japão)

22/10/2019 04h00

A frota de táxis é marca registrada das maiores metrópoles do mundo. Dos veículos amarelos em Nova York aos clássicos "black cabs" de Londres, eles já viraram marca registrada da paisagem dos grandes centros urbanos.

A situação não é diferente em Tóquio, e ainda há alguns detalhes que tornam os táxis locais ainda mais peculiares. A maioria da frota circulante é formada por modelos mais antigos, especialmente o Toyota Crown, também conhecido como Comfort. Sua representatividade é quase tão grande quanto a do Ford Crown Victoria para os norte-americanos.

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Veterano sedã deixou de ser fabricado em 2014
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Curiosamente, não há uma justificativa para os táxis de Tóquio (e de outras grandes cidades japonesas) serem tão velhos assim. Aparentemente trata-se de uma questão de praticidade: por que trocá-los por modelos mais novos se eles cumprem tão bem seu propósito há décadas?

O projeto do Crown/Comfort atual data de meados dos anos 80 e pouco mudou ao longo dos anos, o que não deixa de ser estranho para um país tão moderno como o Japão. Espaço interno de fato é um dos grandes trunfos do carro, assim como sua resistência para o trabalho pesado.

E esses retrovisores?

De qualquer maneira, um detalhe interessante e peculiar dos táxis japoneses é a presença dos espelhos retrovisores acima dos para-lamas em vez de instalados nas portas. Até nome próprio eles ganharam: a pronúncia é algo como "fenda mirra", uma variação japonesa para o inglês "fender mirror", ou "espelhos de para-lamas", em bom Português.

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Retrovisores nos para-lamas caíram em desuso nos anos 80
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Este detalhe estava presente em todos os veículos feitos no Japão a partir dos anos 50 e permaneceu até 1983, quando as leis locais permitiram a instalação dos retrovisores nas posições convencionais. Era o que bastava para tudo mudar.

Segundo o site "Japan Times", logo os japoneses decidiram acabar com os "fender mirrors". Ryugi Osuga, porta-voz da Associação dos Fabricantes de Veículos do Japão (equivalente à Anfavea do mercado japonês), afirmou que a maioria dos clientes decidiram pelos espelhos retrovisores convencionais por "desejarem carros vendidos em outros países".

"Todos os mercados para onde o Japão exportava veículos exigia espelhos retrovisores nas portas, e era uma decisão que fazia mais sentido, tanto pensando nos custos de produção como no inventário de peças de reposição, até porque poucos japoneses ainda queriam carros com espelhos nos para-lamas", conta Osuga.

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Falta de espaço nas ruas e privacidade estão entre motivos para usar "fender mirrors"
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Isso fez com que várias fabricantes abandonassem o item, que ainda foi oferecido como opcional por mais alguns anos até ser descontinuado. A única exceção aconteceu nos táxis, e por motivos simples.

"Os taxistas preferem os espelhos retrovisores nos para-lamas porque eles fornecem melhor visibilidade e reduzem a incidência de pontos cegos. Outra razão é porque eles reduzem a largura do veículo, o que pode não fazer tanta diferença para a maioria dos motoristas, mas é essencial para quem passa os dias fazendo manobras em ruas tão apertadas como as do Japão", diz.

Existe ainda uma terceira razão ligada à cultura dos japoneses. "Olhar para os retrovisores convencionais exige que o motorista vire muito a cabeça para os lados, e isso pode invadir a privacidade do passageiro. Com os espelhos nos para-lamas o condutor pode olhar os arredores sem mover a cabeça", conclui Osuga.

Londres ou Tóquio?

O Crown/Comfort foi descontinuado em 2014 e a tendência é que desapareça gradativamente das ruas japonesas nos próximos anos. Além dos Prius (que já servem como "carros de praça" em vários locais, inclusive no Brasil), os taxistas de Tóquio dirigem novos modelos chamados Toyota JPN Taxi.

Toyota JPN Taxi 1 - Divulgação - Divulgação
Toda semelhança com os táxis de Londres não é mera coincidência...
Imagem: Divulgação

A novidade foi lançada no Salão de Tóquio de 2017 e traz a tecnologia de propulsão híbrida com gás liquefeito de petróleo (muito parecida com o gás natural que move alguns veículos brasileiros), prometendo médias de consumo superiores a 19 km/l.

Toyota JPN Taxi 2 - Vitor Matsubara/UOL - Vitor Matsubara/UOL
Amplo espaço interno e portas corrediças facilitam a vida dos passageiros
Imagem: Vitor Matsubara/UOL

O design lembra muito os clássicos táxis pretos de Londres, priorizando o espaço para passageiros no banco de trás e também o amplo compartimento para malas. A porta traseira é corrediça para facilitar o embarque e desembarque e permite até que cadeirantes entrem no veículo com maior facilidade.