Tesla Model 3: veja como é andar a 120 km/h em um carro que dirige sozinho
Resumo da notícia
- Carro tem dois motores elétricos que entregam 451 cv
- Modo Autopilot acelera, freia e faz curvas sem intervenção do motorista
- Acabamento interno podia ser mais esmerado; desempenho é muito bom
Talvez você nem curta carros elétricos, mas certamente já ouviu falar na Tesla. A empresa liderada por Elon Musk nasceu em 2003 e foi uma das primeiras fabricantes a apostar em veículos movidos a eletricidade. Apenas alguns anos atrás é que grandes empresas como Volkswagen, Chevrolet e até a Porsche decidiram entrar de cabeça neste segmento, o que pode ameaçar o reinado de Musk.
Enquanto isso não acontece, UOL Carros aproveitou a estadia em Los Angeles para testar um Model 3. Além de ser o modelo mais barato da Tesla, o sedã é também o maior sucesso de vendas da marca. Mais de 33 mil unidades foram vendidas apenas na Califórnia nos seis primeiros meses do ano; no mundo inteiro, 128 mil carros foram entregues somente no primeiro semestre de 2019.
É um carro premium?
Diz o ditado que a primeira impressão é que fica. No caso do Model 3, ela foi bastante positiva: o design do sedã é realmente bonito e merece elogios pela fluidez das linhas. O desenho é bem limpo, sem vincos desnecessários e traços agressivos. O teto tem uma curvatura bastante suave em direção à traseira, que tem um visual inspirado no Model S.
O interior é bem diferente do que estamos acostumados na maioria dos carros. A fabricante explora ao limite o conceito de minimalismo: não há saídas de ar-condicionado nem botões físicos no console central.
Praticamente todos os comandos ficam agrupados na gigantesca tela vertical de 15,5 polegadas. A interface lembra muito a dos produtos da Apple, mas, ao contrário de um iPhone, é preciso certo tempo para navegar pelos menus com facilidade, algo que nos surpreendeu negativamente.
Algumas funções não deveriam estar na central multimídia, como a regulagem de altura da coluna de direção e da posição dos espelhos retrovisores. Ambas são ajustadas pelo botão do tipo "scroll" que fica no aro esquerdo do volante. A regulagem de profundidade do volante é pouco intuitiva, já que é feita por movimentos para a esquerda e direita. Seria muito mais fácil colocar um controle parecido com um joystick, como fazem várias fabricantes.
Os bancos são confortáveis, mas falta um pouco de esmero no acabamento interno para um carro que pode custar quase US$ 60 mil dependendo da versão. Os plásticos não têm textura e são praticamente opacos, lembrando muito o padrão de acabamento de veículos que ainda estão em fase de testes. As peças são bem encaixadas, embora algumas tampas de porta-objetos precisem de uma forcinha extra para fechar. E as portas podiam ter guarnições mais grossas para reduzir o barulho ao batê-las.
Carga bem rápida
A partida é dada por um cartão com aparência bem modesta, que lembra muito uma chave de quarto de hotel. Basta aproximá-la do console central para ligar o veículo - e é só encostá-la na coluna "B" para travar ou destravar as portas. Foi justamente este cartão que nos deixou na mão logo nos primeiros minutos de convivência com o Model 3. Precisamos ligar para o proprietário realizar a partida remota via aplicativo em seu smartphone e dirigir de volta para sua casa. Conseguimos seguir viagem após uma rápida reprogramação.
Dirigibilidade é a principal virtude do Model 3. A direção é leve e bem direta e a versão avaliada traz dois motores elétricos que entregam 351 cv e torque máximo de 53,7 kgfm. As acelerações são muito rápidas e brutais até para quem está acostumado com carros elétricos.
Outro fator positivo está na autonomia de 518 quilômetros - ou 322 milhas, segundo a fabricante. Além do sistema de regeneração presente em praticamente todos os veículos movidos a eletricidade, o Model 3 pode ser carregado em qualquer estação de recarga.
Escolhemos um dos pontos de recarga rápida mantidos pela Tesla no centro de Los Angeles quando o carro indicava pouco menos de metade da carga total disponível. Bastou menos de uma hora (justamente o tempo para o almoço) para ter a bateria praticamente cheia e seguir viagem. Segundo a marca, as baterias tem 80% de recarga em apenas 40 minutos.
Porém, tudo tem um preço, e neste caso não é tão barato assim: além do custo do estacionamento (US$ 11 por hora), o proprietário paga de acordo com o tempo de recarga. Atualmente, o preço é de US$ 0,28 por kWh de recarga, mas há localidades onde o custo varia de acordo com o tempo de uso. Neste caso, a conta fica em US$ 0,26 por minuto caso a potência seja acima de 60 kW ou US$ 0,13 quando for abaixo de 60 kW.
Anda (quase) sozinho
De baterias praticamente cheias caímos na estrada para testar a principal função do Model 3. O sistema Autopilot (que custa US$ 7 mil extras) é ativado por dois toques na alavanca da direita atrás do volante (um toque apenas liga o piloto automático), e um pequeno ícone na tela da central multimídia indica quando ele pode ser acionado.
A sensação de insegurança é inevitável. O sistema não apenas mantém a velocidade programada e sim acelera para respeitar a distância pré-estabelecida pelo usuário, como acontece na maioria dos pilotos automáticos adaptativos.
Porém, o Autopilot acelera de forma tão bruta como se o motorista estivesse no comando, e isso é bastante assustador. Não foi fácil me concentrar em outras tarefas, como navegar pela internet ou enviar mensagens de Whatsapp, enquanto o Model 3 dirigia sozinho. Com o tempo você se acostuma e consegue até aproveitar o tempo para cantar, já que o sistema de entretenimento do carro traz função de karaokê com, pasme, músicas em português. Nada como cantar uma boa música sertaneja para lembrar de casa.
Rapidamente estávamos a 120 km/h sem usar mãos e pés, e todo cuidado é pouco, uma vez que os motoristas americanos não costumam andar devagar nas estradas. Assim como o Pilot Assist da Volvo, o sistema solicita que o motorista aplique uma pequena força no volante de vez em quando, apenas para certificar-se que ele está atento.
Além de acelerar e frear o carro, o recurso também faz curvas e até muda de faixa, desde que você sinalize com a seta. Qualquer toque no acelerador ou no freio desativa o Autopilot, e você só precisa fazê-lo caso queira realizar uma ultrapassagem ou sair da estrada.
No geral, o sistema funciona de forma bastante segura, mas é claro que o motorista precisa estar sempre atento para assumir o controle em qualquer situação.
E o futuro?
Elon Musk havia prometido que seus carros teriam capacidade de condução 100% autônoma até o final deste ano, algo que até agora não aconteceu.
A Tesla também luta para atingir as ambiciosas metas estabelecidas pelo bilionário, que são de 360 mil a 400 mil unidades neste ano - algo possível caso a empresa venda aproximamente 105 mil veículos até o fim do ano. Assim, a empresa de Palo Alto pode, enfim, comemorar mais resultados positivos, como o surpreendente lucro de US$ 143 milhões registrado em outubro, algo que não ocorria há muito tempo.
Com os lançamentos previstos para o ano que vem, como o Model Y e a Cybertruck, a fabricante espera expandir seus domínios e quem sabe até cumprir a promessa feita por Elon de vender carros oficialmente no Brasil.
Enquanto isso não acontece, quem quiser um Model 3 precisará recorrer às importadoras independentes, que não vendem o sedã por menos de R$ 300 mil.
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