Caoa acertou até salários para assumir fábrica da Ford, diz sindicato
Resumo da notícia
- Sindicato dos Metalúrgicos diz que Caoa pretendia pagar até 80% do salário
- Porém, empresa não retomou conversas após oficializar intenção de compra
- Chairman da Caoa declarou esta semana que chances de adquirir fábrica são "remotas"
- Além da Caoa, haveria outras empresas interessadas em ficar com instalações
- Uma delas seria a chinesa BYD, especializada em baterias e veículos elétricos
Na última terça-feira, Carlos Alberto de Oliveira Andrade, fundador e chairman do Grupo Caoa, afirmou a jornalistas que as chances de a empresa comprar a fábrica da Ford em São Bernardo do Campo (SP) são "remotas". O comentário aconteceu pouco mais de três meses após a Caoa anunciar, em coletiva de imprensa no Palácio dos Bandeirantes, sede do governo paulista, a intenção de adquirir as instalações.
O executivo não detalhou as causas para arrefecer as expectativas em torno de um negócio que já parecia encaminhado. UOL Carros apurou, inclusive, que a Caoa chegou a se reunir com representantes de funcionários da fábrica antes de oficializar o interesse na compra e foram acertados até os salários caso o negócio fosse concluído. A fábrica do ABC encerrou as atividades no dia 31 de outubro.
As informações são de Wagner Santana, o Wagnão, presidente do Sindicato dos Metalúrgicos do ABC, que conversou com a reportagem.
"Chegamos a acertar as bases salariais. A Caoa pagaria 80% da tabela praticada pela Ford aos funcionários da produção de veículos e 70% para trabalhadores mais qualificados, como engenheiros. Tratamos inclusive de PLR e cláusulas sociais, pois há diferenças nesse aspecto entre o que a Ford oferecia e o que a Caoa disponibiliza aos trabalhadores nas fábricas de Anápolis [GO] e Jacareí [SP]", diz Wagnão.
Ainda de acordo com o presidente do sindicato, após a coletiva realizada no início de setembro, com as presenças de Andrade, do governador João Doria e de Lyle Watters, presidente da Ford para a América do Sul, a Caoa não voltou a entrar em contato com os trabalhadores da Ford.
Wagnão, inclusive, deixa claro que não restaram pendências sindicais com o eventual futuro novo empregador. No evento da terça passada, Carlos Alberto de Oliveira Andrade chegou a mencionar questões sindicais para justificar as dificuldades de aquisição da fábrica.
"Estranho a afirmação de que existem questões sindicais, pois essa situação já tinha sido apalavrada com a Caoa antes do anúncio no Palácio dos Bandeirantes, em setembro", salienta.
Wagnão acrescenta que até o momento o sindicato foi procurado tão e somente pela Caoa, apesar de relatar ter ouvido de executivos da Ford que, realmente, as negociações com a Caoa estão "difíceis" e existem outras empresas interessadas. Uma delas, conforme UOL Carros noticiou esta semana, seria a chinesa BYD.
'BNDES não financia compra de fábrica'
João Doria, na ocasião do anúncio da intenção de compra da Caoa, disse que haveria uma definição dentro de 45 dias, prazo depois ampliado para 90 dias e já vencido. Em outubro, Henrique Meirelles, secretário paulista da Fazenda e Planejamento, afirmou que a Caoa estava em busca de dinheiro para fechar negócio e haveria dificuldade para a empresa obter recursos do BNDES.
Wagner Santana confirma que o Sindicato dos Metalúrgicos esteve reunido com representantes do banco e foi informado que o BNDES não tem linha de financiamento para aquisição de unidades fabris, mas estaria disposto a liberar dinheiro à Caoa para tocar o empreendimento, como crédito para capital de giro.
Nem todas as demissões já foram homologadas
Segundo o sindicalista, nem todos os funcionários envolvidos diretamente com a produção na fábrica de São Bernardo foram oficialmente desligados da Ford.
"Há trabalhadores com pendências que ainda não homologaram a rescisão. Temos mantido reuniões semanais com a direção da Ford para tratar das dispensas".
O sindicato informa que já foram realizadas 1.680 homologações. De fevereiro, quando a montadora anunciou o fechamento da unidade, até setembro, informa, aproximadamente 1,2 mil trabalhadores já deixaram os seus postos. No fim de outubro, outros 650 funcionários, que ainda trabalhavam na produção de caminhões, também saíram, com o fim das atividades da linha de produção.
Com isso, até o momento aproximadamente 1,8 mil pessoas perderam os empregos na Ford.
Ainda restaram nas instalações do ABC paulista, informa o sindicato, cerca de 800 funcionários do setor administrativo, mais trabalhadores terceirizados da mesma área, totalizando aproximadamente mil pessoas. Em março, a Ford vai mudar sua sede administrativa para um prédio na capital paulista.
A reportagem procurou a Ford e a Caoa para comentarem as afirmações. A Ford respondeu dizendo que "neste momento, não vai se manifestar" sobre o tema, enquanto a Caoa ainda não se pronunciou.
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