Fusão com PSA conclui 10 anos de busca da FCA por parceiro
O "casamento" entre Fiat Chrysler Automobiles (FCA) e PSA chega depois de 10 anos de busca por um parceiro por parte do grupo ítalo-americano.
Com a fusão, o presidente da FCA, John Elkann, realiza o sonho do ex-CEO Sergio Marchionne (1952-2018), que passou seu período no comando do grupo à procura de um "grande acordo" e, principalmente nos últimos anos, sem complexos de inferioridade e em condições de igualdade com eventuais parceiros.
A vontade da família Agnelli, principal acionista da FCA e personificada em Elkann, era diluir sua participação, mas sem se desvincular totalmente e mantendo uma posição de força na empresa.
"A indústria automotiva é muito fragmentada, e o capital necessário para fazê-la seguir adiante é excessivo", explicara Marchionne em 2014, ano da conclusão da fusão entre Fiat e Chrysler, uma operação que salvou a empresa americana da falência e marcou a reviravolta na trajetória da companhia italiana, que vinha de um período de dificuldade.
O primeiro objetivo do então CEO era uma fusão com a General Motors, mas a hipótese sempre foi rechaçada pela empresa americana. Marchionne chegou a considerar uma oferta pública de aquisição, mas o valor necessário, pelo menos US$ 60 bilhões, se mostrou excessivo para a FCA.
A Fiat Chrysler também conviveu com o assédio da Volkswagen à Alfa Romeo, cujo relançamento é um dos pilares do atual plano industrial da companhia ítalo-americana, especialmente nos Estados Unidos, mas Marchionne e Elkann preferiram outras possibilidades de consolidação.
Em meados de 2017, a atenção se voltou para a Ásia: a FCA negociou com a chinesa Geely e, sobretudo, com a coreana Hyundai Motors. Mas as conversas com a família Peugeot, parceira histórica da Fiat na joint venture Sevel, que produz veículos comerciais, sempre foram uma constante na era Marchionne.
O casamento era considerado estratégico por unir marcas complementares, sem sobreposições em modelos nem mercados. Após a compra da Opel, no entanto, a Peugeot ficou muito dependente da Europa, e Marchionne abandonou o projeto.
Naquele ponto, o objetivo do CEO era concluir 2018 com dívida zerada. "A consolidação será um problema do meu sucessor", disse ele na ocasião. Enquanto isso, buscou parcerias em novas frentes, como o acordo com o Google para testar sistemas de direção autônoma no modelo Chrysler Pacifica.
O tema da fusão voltou à tona no primeiro semestre de 2019, ano seguinte à morte de Marchionne, com a proposta da FCA à Renault, mas as negociações não avançaram. O objetivo de consolidação viraria realidade nesta quarta-feira, 18 de dezembro, com o anúncio do acordo com a PSA. (ANSA)
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