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Fuga de Carlos Ghosn foi "extremamente lamentável", afirma Nissan

Carlos Ghosn, ex-CEO da aliança Renault-Nissan - Eric Piermont/AFP
Carlos Ghosn, ex-CEO da aliança Renault-Nissan
Imagem: Eric Piermont/AFP

07/01/2020 08h04

A Nissan classificou como "extremamente lamentável" a fuga do ex-presidente Carlos Ghosn do Japão, violando as condições da liberdade sob fiança "em um ato que desafia o sistema judiciário" japonês.

A posição da empresa foi definida em declaração divulgada nesta segunda-feira, uma semana após a notícia de que Ghosn, de 65 anos, estava em Beirute depois de ter fugido do Japão.

O brasileiro deveria comparecer a um tribunal em Tóquio nos próximos meses para responder a acusações de irregularidades financeiras durante o período em que comandou a Nissan.

"A fuga do ex-presidente Carlos Ghosn para o Líbano sem a permissão do tribunal, em violação das suas condições de fiança, é um ato que desafia o sistema judiciário do Japão. A Nissan considera extremamente lamentável", diz a nota.

Ghosn é acusado no Japão de supostamente esconder das autoridades a remunerações pactuadas com a Nissan e de utilizar fundos da empresa para cobrir despesas pessoais e perdas financeiras.

O empresário foi preso pela primeira vez em 19 de novembro de 2018. Em 25 de abril, após uma segunda prisão, foi libertado sob fiança, com comunicações e movimentos restringidos e a proibição de sair do país.

No comunicado, a Nissan afirma que a empresa "descobriu numerosos atos de má conduta de Ghosn graças a uma investigação exaustiva e sólida".

"A investigação interna encontrou provas incontestáveis de vários atos de má conduta por parte de Ghosn, incluindo a deturpação da sua indenização e a apropriação indevida dos bens da empresa em benefício próprio", frisou a nota.

A empresa lembra que as consequências deste caso para a Nissan têm sido "significativas" e que a Comissão de Valores Mobiliários dos EUA (SEC, na sigla em inglês) concluiu que a conduta de Ghosn foi "fraudulenta".

"A Nissan continuará a fazer todo o correto para cooperar com as autoridades judiciais e reguladoras quando necessário", acrescentou o comunicado, que afirma que a fuga de Ghosn não afetará a decisão da Nissan de "responsabilizá-lo pela grave má conduta descoberta".

As autoridades japonesas pediram à Interpol a prisão preventiva de Ghosn até que o empresário retorne ao Japão para responder aos tribunais do país.

O chefe de gabinete e ministro porta-voz do governo japonês, Yoshihide Suga, anunciou que o Japão fará todos os esforços diplomáticos para conseguir que o Líbano entregue Ghosn às autoridades japonesas.

(Com informações da EFE)