Furto de carro por hackers vira epidemia em Londres e deve chegar ao Brasil
Resumo da notícia
- Técnica 'rouba' o sinal de veículos equipados com tecnologia 'keyless'
- Bandidos conseguem para abrir portas e dar partida no motor
- Sinal da chave pode ser captado dentro da residência
- Modalidade criminosa ganhou força na capital britânica
- Prática utiliza equipamentos baratos encontrados na internet
- Brasileiro que mora em Londres foi vítima e explica como se prevenir
Cada vez mais conectados e tecnológicos, os automóveis hoje podem ser considerados computadores com rodas. A parte negativa é que, à semelhança de computadores e celulares, os veículos se tornaram alvo da ação de hackers criminosos, capazes de encontrar brechas de segurança ou vulnerabilidades para acessar dados pessoais, controlar remotamente funções do veículo e até furtá-lo.
No Reino Unido, hoje são muitos os relatos de furtos de carros equipados com chave presencial, daquelas que permitem abrir e fechar portas e dar a partida do motor sem tirá-la do bolso. Em agosto do ano passado, o jornal britânico "Daily Mail" noticiou o caso de um Tesla Model S furtado em Londres por uma dupla de hackers em menos de 30 segundos. Toda a ação foi gravada por câmeras de segurança. Confira o vídeo do furto:
Rafael Narezzi, brasileiro que mora na capital britânica há 16 anos e é especialista em segurança digital, foi outra vítima da nova técnica, que virou uma epidemia na cidade e tem tudo para chegar ao Brasil em breve. Os bandidos usam equipamentos facilmente adquiridos na internet, por um preço relativamente baixo.
Curiosamente, o próprio Narezzi, professor de mestrado na Universidade West London, pode ser considerado um "hacker do bem" e mesmo assim teve o carro levado por ladrões digitais. No entanto, ele conseguiu recuperar seu Land Rover Discovery 2018 em cerca de 30 minutos, estacionado a pouco mais de 1 km de sua casa.
UOL Carros conversou com Narezzi, que explica como funciona o furto e como se prevenir.
"Isso virou uma epidemia em Londres. Aconteceu no começo deste ano, após eu voltar das férias no Brasil. Antes de retornar, percebi que a internet da minha casa havia sido cortada duas vezes, o que nunca tinha acontecido. Notei isso porque não conseguia acessar as câmeras de monitoramento no imóvel. Todo o sistema de segurança da residência tem conexão com a internet", conta.
Ainda em viagem, o professor solicitou o restabelecimento da internet à operadora, o que foi providenciado. No entanto, ao voltar para casa, no dia 31 de dezembro, notou que o serviço estava outra vez inativo. "Novamente pedi que um técnico verificasse o problema. A conexão voltou. Porém, no dia 2 de janeiro, meu carro foi furtado quando estava estacionado na frente da minha residência", relata.
Na véspera do furto, uma câmera de segurança da casa ao lado chegou a registrar, em plena luz do dia, dois homens vestindo jaqueta e capacete, ao lado de uma moto esportiva, movimentando-se defronte à residência de Narezzi.
Como funciona
As chaves presenciais utilizam um sinal de rádio emitido por meio de pulsos, comunicando-se o tempo inteiro com sensores instalados no veículo.
Os criminosos costumam agir em dupla. Um deles, como no episódio do Tesla, utiliza uma antena para captar o sinal da chave no interior da residência. Caso consiga, o sinal é repassado a outro aparelho, que reproduz a frequência da chave, conseguindo destravar as portas e até ligar o motor. Esse aparelho fica com o segundo hacker, posicionado ao lado do carro.
O brasileiro concluiu que seu Land Rover só não foi levado antes porque a chave do carro, do tipo presencial, estava com ele durante a viagem.
"Quando aconteceu o furto, a chave do carro estava na sala e eles conseguiram rastrear o sinal e abrir o carro. Se você parar o veículo na frente de um bar, por exemplo, hackers podem capturar o sinal da chave que está no seu bolso para furtar o seu carro enquanto você está no estabelecimento", explica.
"São equipamentos que você compra em sites como Amazon e Alibaba por preço de até 30 libras [cerca de R$ 160 na conversão direta]", acrescenta.
'Embaralhador' de GPS
Já de posse do veículo, os bandidos usam outro dispositivo, chamado de jammer, para impedir que carros equipados com rastreador, como o Discovery de Narezzi, sejam localizados. O equipamento "embaralha" o sinal de rastreio, explica o professor.
"Isso mostra como os criminosos estão evoluindo no mundo digital. Até mesmo os carros com serviços de rastreamento eles conseguem levar", conta.
No caso de Rafael Narezzi, o jammer foi utilizado, porém durante breve período, e ele conseguiu recuperar seu veículo pouco depois do furto.
"Primeiro eles embaralham o sinal de rastreio, para que não se tenha registro da rota que foi feita. Isso é feito por um período, não dura muito tempo. Em seguida, abandonam em um local público, mas sem muito movimento. E esperam para ver se ninguém vai buscar o carro. Caso ninguém consiga localizá-lo, removem o equipamento de rastreio e providenciam toda a logística para que o automóvel seja levado para venda", relata.
O especialista em cibersegurança diz que, de acordo com relato da polícia local, em Londres um automóvel é furtado a cada seis minutos utilizando esse método. "Existem quadrilhas especializadas com receptadores em outros países, inclusive. Existem relatos de carros furtados na capital britânica e depois localizados na África, por exemplo".
Como evitar
Narezzi diz ter encontrado uma solução relativamente simples e barata para se prevenir de outros ataques do tipo.
"É possível comprar na internet, também por aproximadamente 30 libras, uma espécie de estojo no qual você coloca a chave do veículo dentro. Esse estojo bloqueia o sinal de rádio emitido pela chave, impedindo que hackers 'roubem' o sinal", orienta.
"Não é porque sou especialista que estou imune. Todo mundo que tem carro com essa tecnologia está vulnerável. As montadoras têm de se movimentar para encontrar alternativas que impeçam a prática", conclui.
Quer ler mais sobre o mundo automotivo e conversar com a gente a respeito? Participe do nosso grupo no Facebook! Um lugar para discussão, informação e troca de experiências entre os amantes de carros. Você também pode acompanhar a nossa cobertura no Instagram de UOL Carros.
ID: {{comments.info.id}}
URL: {{comments.info.url}}
Ocorreu um erro ao carregar os comentários.
Por favor, tente novamente mais tarde.
{{comments.total}} Comentário
{{comments.total}} Comentários
Seja o primeiro a comentar
Essa discussão está encerrada
Não é possivel enviar novos comentários.
Essa área é exclusiva para você, assinante, ler e comentar.
Só assinantes do UOL podem comentar
Ainda não é assinante? Assine já.
Se você já é assinante do UOL, faça seu login.
O autor da mensagem, e não o UOL, é o responsável pelo comentário. Reserve um tempo para ler as Regras de Uso para comentários.