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Kia Rio é bonito e conjunto agrada, porém Onix entrega mais por menos

Alessandro Reis

Do UOL, em Guarulhos (SP)

29/01/2020 04h00

O Kia Rio acaba de estrear no País com a dura missão de disputar clientes da categoria de hatches compactos premium. Dirigimos a novidade durante breve test-drive realizado nos arredores do Aeroporto de Cumbica, em Guarulhos (SP), após a apresentação do modelo para a imprensa especializada.

O Rio agrada inicialmente por conta do desenho equilibrado, com pitadas de esportividade, que traz a inevitável comparação com o visual polêmico do "primo" Hyundai HB20 - com o qual compartilha o motor 1.6 flex aspirado de 130 cv e o câmbio automático de seis marchas com trocas sequenciais, além da base estrutural, com modificações.

No primeiro contato ao volante, o hatch da Kia traz desempenho satisfatório, que no entanto está longe de empolgar. O câmbio proporciona trocas suaves, que priorizam a economia de combustível em uma tocada mais suave - embora não tenha sido possível verificar o consumo, já que ele não é informado no computador de bordo.

A Kia diz que o lançamento passou pelos testes do programa de etiquetagem veicular do Inmetro, que aferiu médias combinadas de 11,7 km/l com gasolina e de 8 km/l com etanol, apenas razoáveis.

Agradável ao volante

Kia Rio cabine geral - Alessandro Reis/UOL - Alessandro Reis/UOL
Interior do Rio é espaçoso para um hatch compacto e lembra bastante a cabine do novo Kia Cerato 2.0
Imagem: Alessandro Reis/UOL

Nos poucos quilômetros do test-drive, foi agradável guiar o Rio. A direção elétrica progressiva tem o peso certo, enquanto as suspensões contam com um ajuste que privilegia o conforto, sem deixar a carroceria oscilar demais nas curvas.

O volante e o banco do motorista ajustáveis em altura, o apoio correto do assento e do encosto dianteiros e a direção com boa pegada facilitam a missão de encontrar a posição ideal para dirigir.

Por falar em curvas, um dos destaques do lançamento é o sistema de vetorização de torque, que ajuda o carro a se manter estável, acionando os freios nas rodas dianteiras de forma individual para mantê-lo na trajetória. Como o trajeto foi muito curto, a velocidades baixas, não foi possível avaliar essa tecnologia.

Os equipamentos de segurança incluem controles de tração e estabilidade, que serão obrigatórios em todos os carros vendidos no Brasil a partir de 2022, mais assistente de partida em rampa, cintos dianteiros com pré-tensionador e limitador de carga e, para completar, sensor de pressão dos pneus.

Tem vetorização de torque, mas só 2 airbags

Ao mesmo tempo, as duas versões do Rio trazem apenas dois airbags frontais, itens obrigatórios, enquanto o Renault Kwid, um dos carros mais baratos do Brasil, oferece quatro bolsas infláveis em todas as versões. O rival direto Chevrolet Onix conta com seis airbags, independentemente da configuração.

Rodamos com a versão de entrada LX, com preço sugerido de R$ 69.990. Mesmo dispensando bancos, volante e alavanca do câmbio com revestimento de material sintético imitando couro, a cabine agrada por conta do bom acabamento, que inclui partes metálicas no volante e nas maçanetas internas das portas.

Os comandos do som e do computador de bordo integrados à direção e a central multimídia com tela tátil de sete polegadas, compatível com Android Auto e Apple CarPlay, também são pontos positivos. Há uma porta USB na dianteira.

Atrás, a distância entre-eixos de 2,58 m, 5 cm maior na comparação com o HB20 e 3 cm mais longa ante o Onix, libera bom espaço para as pernas, considerando um veículo da sua categoria - dois adultos de estatura média viajam confortavelmente no banco traseiro. A configuração mais simples não dispõe de porta USB para quem vai atrás - o item está disponível no apoio de braço incluso na configuração topo de linha EX (R$ 78.990).

Já o porta-malas de 325 litros está acima da média para a categoria.

Concorrência acirrada

Com preço inicial na faixa de R$ 70 mil, o Rio é bonito, anda bem e traz bom espaço interno para um hatch compacto.

No entanto, o problema é que o modelo da Kia, importado do México, chegou pouco depois da renovação de concorrentes de peso, como os citados Chevrolet Onix e Hyundai HB20, sem contar o Volkswagen Polo.

Na comparação direta com o Onix, líder de vendas há cinco anos seguidos, o Rio custa quase a mesma coisa e entrega menos, considerando o conjunto da obra.

O Onix Premier, topo de linha, parte de R$ 71.790, sem incluir opcionais.

Traz de série motor turbo, que entrega mais torque em baixas rotações, além de proporcionar consumo mais baixo.

O Chevrolet também entrega os já citados seis airbags, mais carregador de celular sem fio, internet 4G embarcada (mediante plano de dados pago à parte), roteador Wi-Fi, controle de velocidade de cruzeiro (disponível apenas no Rio mais caro), partida do motor por botão, ar-condicionado digital (outra exclusividade do Rio EX) e luzes de condução diurna de LEDs - oferecidas também apenas na versão de topo do Kia.

Por R$ 74.790, o Onix acrescenta assistente de estacionamento semiautônomo, alerta de ponto cego e sensores de estacionamento dianteiros, laterais e traseiros. Ainda assim, fica mais barato do que o Rio "completaço". Justiça seja feita: o Chevrolet não tem o sistema de vetorização de torque do Kia, mas no geral ganha por ampla margem.

Cadê o turbo?

José Luiz Gandini, presidente da Kia Motors do Brasil, explica que motor turbo (como o disponível para as versões mais caras do HB20) e mais itens de série não estão descartados para o futuro. No entanto, o executivo atualmente está limitado ao que a matriz da Kia disponibiliza ao nosso País no hatch fabricado no México.

Atualmente, a filial brasileira da montadora sul-coreana apenas importa, sem a capacidade de negociação com fornecedores locais nem o volume de produção do qual a General Motors e outras marcas, como a própria Hyundai, dona da Kia, dispõem atualmente. Também pesa a flutuação do dólar, que impacta mais os veículos importados.

Caso fosse fabricado aqui e oferecido em maior quantidade, o Rio certamente seria mais competitivo. Porém, já traz atributos e potencial para cativar clientes brasileiros, especialmente aqueles que acharam o novo HB20 muito feio e/ou muito pequeno. Tudo isso com o diferencial dos cinco anos de garantia ou 100 mil km rodados - o que vencer primeiro.

Ficha técnica

Preço: R$ 69.990 (LX) e R$ R$ 78.990 (EX)

Motor: 1.6 16V, 4 cilindros em linha, flex

Câmbio: automático de seis marchas, tração dianteira

Potência: 130 cv a 6.000 rpm (etanol)

Torque: 16,5 kgfm a 4.500 rpm

Aceleração de 0 a 100 km/h: não informada

Velocidade máxima: não informada

Consumo (urbano / rodoviário): não informado

Dimensões: comprimento, 4,06 m; altura, 1,45 m; largura, 1,72 m; distância entre eixos, 2,58 m

Porta-malas: 325 litros

Tanque: 60 litros

Peso em ordem de marcha: 1.141 kg

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