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T-Cross PCD micou em estreia? Por que SUV vendeu tão menos que rivais

Por fora, visual da versão Sense é idêntico ao da opção 200 TSI - Divulgação
Por fora, visual da versão Sense é idêntico ao da opção 200 TSI Imagem: Divulgação

Thiago Lasco

Do UOL, em São Paulo

15/02/2020 04h00

Lançado em abril de 2019, o Volkswagen T-Cross foi a principal novidade do ano entre os utilitários esportivos. O modelo não demorou muito para conquistar um lugar ao sol: em novembro, foi o SUV mais vendido do País, proeza que repetiu no mês seguinte.

Era de se esperar, portanto, que a versão destinada ao público PCD nadasse de braçada no sucesso. Afinal, as vendas especiais são possivelmente o filão mais aquecido do setor automotivo hoje - e os SUVs continuam sendo os queridinhos da vez. Quem não se lembra do furor causado pelas versões PCD de modelos como Nissan Kicks e Hyundai Creta, cuja produção as respectivas montadoras tiveram de interromper mais de uma vez, para poder atender a demanda?

Pois bem, a versão do T-Cross destinada ao público PCD, batizada de Sense, foi revelada pela VW em novembro. Com a isenção de IPI e ICMS, chega ao consumidor final por R$ 57.629. Traz um conteúdo atraente, ainda que alguns itens tenham sido suprimidos para fazer a conta fechar (leia mais abaixo). E, no entanto, o modelo fechou o mês de janeiro com apenas 380 unidades emplacadas.

A título de comparação, o Nissan Kicks S Direct teve 1.271 carros emplacados, o Hyundai Creta Attitude cravou 1.655 e o Jeep Renegade 1.8 Auto fechou o mês com 2.089 - para ficar nas versões PCD dos principais concorrentes.

Mesmo dentro da própria família T-Cross, os números são baixos comparados com os emplacamentos das demais versões: Highline (1.136 unidades), Comfortline (1.060) e 200 TSI com câmbio automático (708; a variante com câmbio manual marcou apenas 55).

O UOL Carros conversou com a própria montadora e alguns concessionários para entender os motivos que levaram a um resultado tão tímido. De acordo com a Volkswagen, a produção da versão para PCD começou em dezembro e se estendeu por poucos dias até o recesso de fim de ano. Depois, só foi retomada em 13 de janeiro.

Com isso, os pedidos que vêm sendo enviados pela rede autorizada desde novembro acabaram ficando represados. Esse gargalo é a principal razão para as vendas baixas. Vale lembrar que as unidades PCD são faturadas diretamente da fábrica - os carros expostos nos show rooms das concessionárias não são vendidos em pronta entrega.

Além disso, justamente porque precisam cumprir o processo burocrático característico de toda venda a PCD, as vendas do T-Cross Sense acabam sendo limitadas pela própria demora nos trâmites para obtenção das isenções fiscais.

Na concessionária Marte Veículos, na zona norte da capital paulista, a previsão de entrega do T-Cross Sense é de um a três meses após o pedido. Já na Amazon Sumaré, na zona oeste, o prazo começa em 60 dias e pode chegar a 90. "Temos que jogar aberto com os clientes. Não adianta a gente prometer que vai entregar o carro em 30 dias, porque não vai conseguir", diz o vendedor Fernando.

Como fevereiro é sempre um mês atípico em vendas por causa do Carnaval, que esfria o movimento nas concessionárias, só os números de vendas de março, um mês "cheio" para o mercado, poderão embasar um veredito confiável sobre o T-Cross Sense.

T-Cross Sense  - Divulgação - Divulgação
Manobras em marcha a ré não contam com a ajuda de sensores de obstáculos traseiros, limados da versão Sense
Imagem: Divulgação

Versão PCD é bem equipada, mas perdeu alguns mimos

A Volkswagen fez um esforço para que a tabela cheia (antes das isenções) do T-Cross Sense se ajustasse ao teto de R$ 70 mil, que permite o abatimento do IPI e do ICMS para PCD (acima desse valor, apenas o IPI pode ser descontado). E chegou a R$ 69.990, um valor R$ 24,5 mil menor que o da versão 200 TSI automática, na qual a Sense se baseia. Esses R$ 69.990 se transformam em R$ 57.629 após a aplicação das isenções.

O conteúdo do T-Cross Sense inclui seis airbags, controles de estabilidade e de tração, bloqueio eletrônico do diferencial (EDS) e assistente de partida em rampas.

Há ainda computador de bordo, retrovisores elétricos com função tilt-down (que direciona a lente do espelho do passageiro para baixo quando a ré é engatada), banco do motorista com regulagem de altura, rodas de liga leve de 16 polegadas, faróis de neblina, luzes diurnas de LED, banco do passageiro rebatível, direção elétrica, ar-condicionado, vidros elétricos nas quatro portas, faróis de parábola dupla, chave do tipo canivete, travas elétricas e central multimídia Composition Touch, com tela sensível ao toque de 6,5 polegadas.

Por outro lado, a redução de custos obrigou a VW a cortar alguns itens. Foram retirados o controle de velocidade de cruzeiro, também conhecido como "piloto automático"; suporte para celular com porta USB; sensores de estacionamento traseiros; apoio de braços central com porta-objetos mais saídas do ar-condicionado e duas tomadas USB para o banco traseiro; e cobertura interna do porta-malas.

Todos esses equipamentos vêm de série na configuração 200 TSI automática. A variante para PCD traz o mesmo motor 1.0 turbo flexível de 128 cv e 20,4 kgfm, gerenciado pela transmissão automática de seis velocidades.

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